As artérias da capital com grande concentração de comércio e serviços também deveriam integrar as chamadas "Zonas 30", para onde se prevêem medidas de acalmia de tráfego, defende a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados.
"Acho que se poderia ter feito um esforço para ir mais além e não restringir as medidas aos bairros residenciais. Há zonas mistas que têm muitos peões, por terem, não só habitação, mas também muito comércio e serviços", avançou ontem ao JN Manuel João Ramos, da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M).
O responsável dá como exemplo as Avenidas Novas, que "são planas, mistas e têm todo o potencial para alterações profundas ao nível do sistema de mobilidade". Na sua óptica, são zonas de grande afluxo de peões e, por essa razão, de elevado risco em termos de sinistralidade. Acresce o facto "de serem aqui, muitas vezes, excedidos os limites máximos de velocidade permitidos por lei".
Bairro do Alvito, Bairro Azul e da Madre Deus, Boavista e Bairro de São Miguel, foram os aglomerados residenciais escolhidos para colocar em marcha o projecto das "Zonas 30", apresentado formalmente no ano passado, durante a Semana Europeia da Mobilidade e que deverá ser uma realidade ainda no decorrer deste ano.
Sinaléctica vertical ou no próprio piso, à entrada dos bairros, a dar conta das restrições de velocidade, bandas de reverberação, passadeiras sobrelevadas, alargamento de passeios e diferenciação de pavimentos (diferentes cores e materiais) estão entre as medidas de acalmia de tráfego que a Câmara de Lisboa está a estudar para estes locais, avançou ontem ao JN fonte da autarquia.
O objectivo, segundo o município, é criar uma coabitação mais harmoniosa entre peões, bicicletas e automóveis nos arruamentos interiores dos bairros. A medida tem ainda vantagens ambientais, uma vez que, ao dotar estas áreas de uma maior vivência pedonal, reduz-se o volume de tráfego e a poluição do ar.
No Bairro Azul, o projecto não podia ter sido mais bem acolhido. Segundo Ana Alves de Sousa, da comissão de moradores, há cinco anos que os residentes reivindicam uma solução do género, particularmente na Rua Ramalho Ortigão, com a diminuição das faixas de rodagem, alargamento dos passeios e plantação de árvores, passadeiras bem identificadas e velocidade máxima de 30.
O Automóvel Clube de Portugal (ACP), que faz parte da Comissão de Avaliação do Sistema de Controlo de Velocidade e Vigilância de Tráfego de Lisboa, não conhece ainda o projecto das "Zonas 30". Instado pelo JN a comentar a criação destas zonas, o ACP referiu que nunca debateu a questão com a Câmara, desconhecendo quais são as ruas abrangidas e as soluções técnicas a adoptar.
(...)
In JN
2 comentários:
Penso que 30 km/h é excessivo. Em toda a cidade de Lisboa deveria ser proibido andar a mais de 15 km/h.
Além disso os automóveis só poderiam circular no caso de não haver nenhum peão a atravessar a rua ou a jogar à bola no asfalto.
As biciletas deviam ter uso generalizado e ser facultadas gratuitamente aos habitantes do Castelo, Penha de França e Bairro Alto.
Até quando estaremos à mercê de teorias e frustrações que fazem tábua rasa das condições reais de vida dos cidadãos que nunca são consultados ?
anónimo:
Vai dar uma volta ao bilhar grande.
Não percebes nada disto.
As cidades são dos peões. As cidades são dos cidadãos.
Enviar um comentário