02/01/2009

EMEL

Ao contrário de Manuel Falcão acho que 3,5 horas para desbloquear um automóvel mal estacionado é pouco, demasiado pouco. Está mais do que provado que dissuasivos puramente financeiros não funcionam - quando muito libertam mais espaço para quem tem dinheiro ou prefere gastá-lo em multas, e melhoram as finanças municipais (o que nem é de todo mau, no caso de Lisboa). Devia haver um período mínimo de imobilização de um dia, por exemplo - período esse que poderia ir aumentando com a gravidade da falta - para os automóveis mal estacionados.

A este respeito não resisto a contar uma história sobre as multas por mau estacionamento em Genève. Há muitos anos que o montante da multa não mudava (começava em 20 francos, nessa altura cerca de metade de um jantar num restaurante "normal"). A decisão da municipalidade de triplicar a multa provocou grande celeuma. "As receitas da Câmara vão diminuir, porque ninguém vai estacionar mal o carro, com esse preço", argumentavam os opositores do projecto. Triplicaram, e as receitas aumentaram.

Para diminuir o tráfego na cidade foram precisas medidas muito mais drásticas do que triplicar o montante da multa.

12 comentários:

André disse...

um feliz 2009!

JKL disse...

Ora...
A EMEL é a maior aberração parida em Lx desde que os Fenícios aqui estiveram. Os alveolos de estacionamento concessionado NÃO respeitam o código da estrada no que concerne a distâncias mínimas a passadeiras e estacionamentos; Não houve qualquer melhoria no controlo da entrada de viaturas na Cidade; o estcaionamento desordenado e em segunda fila continua... e por aí além.
Se houvesse a coragem política de acabar com a EMEL e converter as faixas de concessão de estacionamento em faixas de rodagem de transportes públicos ou velocípedes (ou alargamento dos passeios) IMPEDINDO assim o estacionamento de viaturas automóveis... Mas é difícil, não é?

Anónimo disse...

já agora porque é que a EMEL deixa que os arrumadores operem na sua concessão? só falta que possam multar também. A EMEL não se dá ao respeito nem respeita ninguém. Estou de acordo com redução de tráfego na cidade, é mesmo imprescindível que tal aconteça, mas a cidade tem que ser preparada de forma honesta para tal. Não é com pura caça á multa, com “manhozisses” de quem manda que lá vamos

J A disse...

Humm....o sistema de multas funciona perfeitamente em outros países (!?).
Afinal o que é que funciona em Portugal...as marés e o nascer do sol?

Anónimo disse...

Gostaria de deixar aqui o exemplo de uma cidade com problemas bem maiores que os de Lisboa, mas que no que toca a trânsito tem medidas bem mais interessantes - Bogotá.

A cidade descobriu precisamente que com multas não ia lá (além de haver muita corrupção na polícia), e que o colombiano necessitava de outro tipo de coacção.

de http://www.nwlink.com/~Donclark/hrd/learning/affective3.html


Cars used to zoom
through red lights whenever they felt like it and used the sidewalks
for parking. This forced the pedestrians to walk in the streets and dodge traffic, injuries and deaths were quite frequent. His solution -- he hired a lot of "Marcel Marceau" mimes to walk the streets and sidewalks and model an effective way for pedestrians to stand up for their rights. The white-faced and white-gloved mimes would approach a vehicle breaking a law and point at the car, and mimic the correct procedures for the hapless driver. Once the driver performs correctly, the mime expresses exaggerated thanks. Also, the mime always ensures there is an audience and encourages the crowd to applaud loudly. This has helped the drivers to correct mistakes without feeling embarrassed and without invoking a machismo test of wills. Drivers and pedestrians have learned how to communicate in a civil way.

Pedestrians are also targets for "mime behavioral therapy." Pickpockets, jaywalkers, and other lawbreakers are liable to be followed down the street by the mime artists, who imitate their every move. The idea is that they will be embarrassed into changing their ways, much to the hilarity of the large crowds that gather to watch the antics.

Mockus has also introduced soccer-style red cards to motorists in a city where traffic lights are considered largely decorative and road rage is an all too common. He hopes they will replace fists and other weapons as a form of reprimanding fellow drivers.

The streets of Bogata are much safer than before.

João Matos disse...

Quanto a mim deveria ter um tratamento diferenciado quem estaciona em local legal mas não paga o parquímetro ou ultrapassa o tempo para o qual pagou, e quem estaciona em cima do passeio, em 2ª ou 3ª fila (com ou sem piscas...), nas passadeiras, nos cruzamentos, etc.

Há que diferenciar a caça à multa para encher os cofres da EMEL e dos seus afins, da falta de respeito pelos peões e pelos outros automobilistas. Há que diferenciar o não querer ser chulado por uma empresa municipal de utilidade e propósitos no mínimo duvidosos, ou um eventual atraso, da deliberada e ostensiva falta de civismo.

No primeiro caso acho que a única contra-ordenação deveria ser a multa.

No segundo caso acho que nem a EMEL nem a polícia se deveriam dar ao trabalho de desbloquear o carro. Aquele que demonstra falta de civismo não merece essa atenção. Verdadeiramente educativo, seria o carro ser bloqueado, a pessoa ter que se dirigir a um local para pedir a chave pagando a multa e deixando um depósito para o bloqueador, voltar ao carro para desbloqueá-lo e vir devolver o bloqueador levantando o depósito.

Penso que assim as pessoas rapidamente aprendiam. O aumento das multas por reincidência também seria uma boa medida.

Infelizmente, aquilo que acontece na maioria das vezes é que só são multados e bloqueados os carros que estão bem estacionados mas não pagaram à EMEL aquilo que lhes é exigido. Por isso é que muitas vezes existem lugares livres com carros em 2ª fila...

Anónimo disse...

Mais um Post de extrema-direita!

E que tal chicotear os infractores em praça pública? ou colar-lhes uma estrela ao peito? Multas para quê? Castigos corporais é que é!

Este Sr. Serpa está cada vez melhor...!

Luís Serpa disse...

Caro Anónimo,

Não sou de extrema-direita; mas nada de particular me move contra ela. É o equivalente da extrema-esquerda: não partilho as opiniões deles, mas também acho que não se devem exterminar. Desde que não ponham bombas nas estções de caminho de ferro e não estraguem as flores dos jardins, tudo bem.

Se o senhor (ou senhora) acha que isto é ser de extrema-direita, aconselho-o (ou -a) a dar uma volta pelos paises ex-comunistas. Vai ver que vai alargar o seu vocabulário político.

Anónimo disse...

Tudo bem ???

Anónimo disse...

Este post não é de extrema-direita: é de extremo-desconhecimento. Confunde coimas com multas, multas com pecado, sanção com vingança e tempo com dinheiro. Além da proporção dos vasos do jardim, já estudou a proporcionalidade a propósito de outras matérias? Não? Fez mal.

Luís Serpa disse...

É como diz, caro Anónimo: uma tragédia. Um descalabro. Como é que uma pessoa que mal sabe ler e escrever, que vive nas franjas extremas do desconhecimento ousa dizer que a sanção para determinado tipo de infracções não deve ser apenas pecuniária? Onde está a vasta súmula de conhecimentos teóricos imprescindível para sustentar tal imprudência? Onde fica a diferença entre "coima" e "multa"? No alçapão sem fim da ignorância, pois claro; e a diferença entre "vingança" e "sanção"? No ilimitado armazém da maldade de extrema-direita, está bem de ver; e a noção de "proporcionalidade", a diferença entre "tempo" e "dinheiro"? Nas planícies sem fim do cruel primitivismo, sem dúvida.

Deixe-me repetir, para que quem nos lê - coitado - possa ajuizar a enormidade: o autor do post, cego pela sede de vingança [já agora, se me pudesse elucidar contra quê, ou quem, ficar-lhe-ia grato], guiado pela ignorância da diferença entre categorias morais, jurídicas e económicas, por uma fé cega nas virtudes da brutalidade e da violação dos mais elementares direitos de quem deixa o carro em qualquer lugar, a qualquer hora, ousou, imagine-se, dizer que a sanção para o mau estacionamento devia incluir um período mínimo, variável em função da gravidade da infracção, de imobilização do veículo.

Isto sem qualquer sustentação teórica, seja ela de índole jurídica, moral, económica ou lexical. Um peão ignorante!

Estes assuntos deviam, está bem de ver, ser reserva de especialistas; de quem sabe; de quem não é de extrema-direita nem estraga jardins.

Isto dito, deixe-me acrescentar só uma pequeníssima precisão: esta nota foi escrita no modo irónico. Parece-me importante, porque com o hábito que a ironia tem de se esconder no mais pequeno recanto de uma frase podia não dar por isso.

Anónimo disse...

o Sr. Serpa e a Dra. MFL são os eruditos da ironia - só nós incultos coitados não os entendemos...