08/02/2010

Patriarcado não pode evitar construção da Igreja de São Francisco Xavier, no Restelo

In Público (6/2/2010)
Por António Marujo

«Parecer do Secretariado das Novas Igrejas alertava já em 1999 para a imagem que daria uma arquitectura deste género na cidade


O responsável do Secretariado das Novas Igrejas do Patriarcado de Lisboa, arquitecto Diogo Lino Pimentel, diz que só os católicos da paróquia de São Francisco Xavier poderiam decidir construir ou não a nova igreja, cujas obras de construção se iniciaram em Dezembro.

"A dona da obra é a Fábrica da Igreja Paroquial", a entidade jurídica administrativa da paróquia, diz Lino Pimentel. "A paróquia é quem decide, não sei se compete ao patriarca aprovar ou não" a construção.

O projecto, do arquitecto Troufa Real, levantou polémica quando foi anunciado o início das obras. Apesar de contestado por grupos de católicos e por outros arquitectos, as obras iniciaram-se mesmo.

No final de Dezembro, em entrevista à agência Ecclesia, o patriarca de Lisboa afirmava que falta ao projecto do Restelo "a gramática" que aprendera: "A inspiração do mistério em cada pedra que se põe, em cada parede que se faz".

D. José Policarpo confessava não morrer "de amores" pelo projecto, mas defendeu que ele não foi contestado entre a sua aprovação, em 1999, e o início da construção. "Não posso dar o dito por não dito. De repente, talvez por ser uma caravela, entrou em tempestade... Vi nos jornais que [o arquitecto Troufa Real] já tinha aceite rever aquele mastro enorme da caravela, a que já começaram a chamar minarete. Na concepção arquitectónica, o mastro da caravela é a torre da igreja. É talvez alta de mais... Não sei se uma caravela com um mastro daqueles consegue navegar..."

Lino Pimentel confessa que também não gosta do projecto e que a Igreja não deveria já usar "esta linguagem" arquitectónica. E põe em questão o tipo de presença, que ela traduz, da Igreja na cidade: "Este é o retrato que se quer dar da Igreja na cidade? Nunca se fez uma reflexão sobre isso e ela era necessária" (ver texto no P2).

No parecer do organismo que dirige, e ao qual o PÚBLICO teve acesso, alertava-se: "A igreja é não só lugar de reunião comunitária e cultural, como também imagem visível da presença da Igreja [Católica] na cidade". Nesse sentido, um edifício religioso reflecte, "em cada momento, a realidade da relação da Igreja com a sociedade em que se insere".

Para o arquitecto responsável por acompanhar os projectos de novas igrejas no patriarcado, as periferias e os novos espaços urbanos colocam hoje problemas específicos à construção de novas igrejas. "Uma igreja é um problema urbanístico, sociológico e pastoral", diz. Na década de 60 do século XX, lembra, quando se iniciou em Portugal a renovação da arquitectura religiosa, a implantação de uma igreja era estudada tendo em conta a população, o número de católicos que frequentava as missas ao domingo, o número de lugares necessário e a área necessária.

Hoje, esse trabalho não tem sido completo. Também por isso, na entrevista citada, o patriarca falava da necessidade de um novo estudo sobre necessidades de construção de templos católicos.»

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Vá lá, Senhor Cardeal Patriarca, acabe com essa coisa que alguns chamam "nova Igreja de São Francisco Xavier", a bem de todos e a bem da Igreja!

(Em 1999 ninguém falou do freak porque ninguém se apercebeu de nada, só isso)

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