O famoso cavalo Gentil
No antigo Terreiro do Paço, a que agora (desde a reconstrução posterior ao terramoto) chamamos Praça do Comércio, designação popular que já tivera antes, exactamente por ser isso mesmo: um hipermercado da altura..., lá está, bem no centro, o cavalo Gentil.
Ninguém dá por ele.
Mas está lá.
É o tetra-tetra-avô destes que aí lhe ficam e que são os da Coudelaria de Alter actual.
Coudelaria de Alter, que já vinha de 1748 e de onde veio «o famoso cavalo Gentil» de D. José I, que foi colocado na «Estátua Equestre» do Terreiro do Paço.
A «Antiga Coudelaria Real» é «uma das instituições mais importantes para a divulgação do nome de Alter do Chão. Fundada no reinado de D. João V em 1748, para produção de cavalos, para a Picaria Real».
E agora a novidade (para mim): «Oriundo da Coudelaria de Alter era o famoso cavalo "Gentil", modelo de cavalo da estátua de D. José no Terreiro do Paço em Lisboa».
In «Alter do Chão, Cultura e Lazer», aqui.
Compasso de espera
Por que razão insiro hoje esta nótula de cariz histórico? É que vi duas coisas de que não gostei: o verdete e a legenda que depois soube que era em latim e tudo...
Foi assim: nestes dias doidos da CML, dou agora comigo, de vez em quando, a observar bocados da Cidade como se de fotos se tratasse: coisas diferentes em Lisboa. Ontem de manhã, de repente, olhei do carro e vi aquilo: por um lado, verdete a esborratar o calcário por baixo da estátua principal, por outro, a legenda. Parei junto do Ministério das Finanças, quatro piscas não fosse o diabo tecê-las... Fui ver. A legenda é em latim, está meio danificada, não a percebo, fiz busca na net, não encontrei. Mas sei que termina com um habitual «fundit et sculpisit» para Machado de Castro e um «fundit in oero» para Bartolomeu da Costa.
Duas notas sobre o monumento
«Em 1775, por gratidão a el-rei D. José I, erigiu-se a grande estátua equestre, que se ostenta na Praça do Comercio, antigo Terreiro do Paço, nome porque é ainda mais vulgarmente conhecido. O ministro destinava aquele monumento para o remate da sua grandiosa obra da reconstrução de Lisboa. Na estátua figura o medalhão do marquês de Pombal; foi construída pelo escultor português Joaquim Machado de Castro e fundida em bronze pelo tenente-coronel de artilharia Bartolomeu da Costa. A inauguração realizou-se com grande pompa no dia 6 de Junho do referido ano de 1775, dia em que D. José completava 61 anos de idade».
In «Portugal-Dicionário Histórico», aqui.
«Nos princípios de Abril de 1775 foi perfeitamente concluído o colossal monumento, que ainda hoje se admira na Praça do Comércio, vulgo Terreiro do Paço.
Em 15 de Outubro de 1774 fundiu-se a grandiosa estátua, num só jacto e com uma perfeição tanto mais admirável, quanto era este o primeiro trabalho no género que se executava no país. Bartolomeu da Costa, distinto engenheiro, o fundidor da estátua, tornou-se tão célebre como o escultor, pela grande obra patriótica que se erigiu. Os processos por ele empregados foram os mais perfeitos e conhecidos no seu tempo; e quando a estátua saiu dos seus moldes foi tal o entusiasmo do público, que por muitos anos o escultor Machado de Castro foi injustamente esquecido pelo fundidor. A inauguração do colossal monumento realizou-se a 6 de Junho do mesmo ano de 1775, aniversário natalício de el-rei D. José».
In «Portugal - Dicionário Histórico», aqui.
No antigo Terreiro do Paço, a que agora (desde a reconstrução posterior ao terramoto) chamamos Praça do Comércio, designação popular que já tivera antes, exactamente por ser isso mesmo: um hipermercado da altura..., lá está, bem no centro, o cavalo Gentil.
Ninguém dá por ele.
Mas está lá.
É o tetra-tetra-avô destes que aí lhe ficam e que são os da Coudelaria de Alter actual.
Coudelaria de Alter, que já vinha de 1748 e de onde veio «o famoso cavalo Gentil» de D. José I, que foi colocado na «Estátua Equestre» do Terreiro do Paço.
A «Antiga Coudelaria Real» é «uma das instituições mais importantes para a divulgação do nome de Alter do Chão. Fundada no reinado de D. João V em 1748, para produção de cavalos, para a Picaria Real».
E agora a novidade (para mim): «Oriundo da Coudelaria de Alter era o famoso cavalo "Gentil", modelo de cavalo da estátua de D. José no Terreiro do Paço em Lisboa».
In «Alter do Chão, Cultura e Lazer», aqui.
Compasso de espera
Por que razão insiro hoje esta nótula de cariz histórico? É que vi duas coisas de que não gostei: o verdete e a legenda que depois soube que era em latim e tudo...
Foi assim: nestes dias doidos da CML, dou agora comigo, de vez em quando, a observar bocados da Cidade como se de fotos se tratasse: coisas diferentes em Lisboa. Ontem de manhã, de repente, olhei do carro e vi aquilo: por um lado, verdete a esborratar o calcário por baixo da estátua principal, por outro, a legenda. Parei junto do Ministério das Finanças, quatro piscas não fosse o diabo tecê-las... Fui ver. A legenda é em latim, está meio danificada, não a percebo, fiz busca na net, não encontrei. Mas sei que termina com um habitual «fundit et sculpisit» para Machado de Castro e um «fundit in oero» para Bartolomeu da Costa.
Duas notas sobre o monumento
«Em 1775, por gratidão a el-rei D. José I, erigiu-se a grande estátua equestre, que se ostenta na Praça do Comercio, antigo Terreiro do Paço, nome porque é ainda mais vulgarmente conhecido. O ministro destinava aquele monumento para o remate da sua grandiosa obra da reconstrução de Lisboa. Na estátua figura o medalhão do marquês de Pombal; foi construída pelo escultor português Joaquim Machado de Castro e fundida em bronze pelo tenente-coronel de artilharia Bartolomeu da Costa. A inauguração realizou-se com grande pompa no dia 6 de Junho do referido ano de 1775, dia em que D. José completava 61 anos de idade».
In «Portugal-Dicionário Histórico», aqui.
«Nos princípios de Abril de 1775 foi perfeitamente concluído o colossal monumento, que ainda hoje se admira na Praça do Comércio, vulgo Terreiro do Paço.
Em 15 de Outubro de 1774 fundiu-se a grandiosa estátua, num só jacto e com uma perfeição tanto mais admirável, quanto era este o primeiro trabalho no género que se executava no país. Bartolomeu da Costa, distinto engenheiro, o fundidor da estátua, tornou-se tão célebre como o escultor, pela grande obra patriótica que se erigiu. Os processos por ele empregados foram os mais perfeitos e conhecidos no seu tempo; e quando a estátua saiu dos seus moldes foi tal o entusiasmo do público, que por muitos anos o escultor Machado de Castro foi injustamente esquecido pelo fundidor. A inauguração do colossal monumento realizou-se a 6 de Junho do mesmo ano de 1775, aniversário natalício de el-rei D. José».
In «Portugal - Dicionário Histórico», aqui.
3 comentários:
Duas notas:
1-Segundo se diz, Machado de Castro foi impedido (pela segurança?) de assistir à inauguração da sua estátua.
2-Onde actualmente figura o medalhão do Marquês de Pombal, já esteve uma caravela - podem ver-se ambas as versões nas maquetes existentes no Museu da Cidade.
Conta-se que, nessa altura, Sebastião José terá comentado, desagradado:
«Ai Portugal, Portugal, que vais à vela...!»
Eu acrescentaria ainda que a estátua tem verdete a mais, e o cavalo negro já foi. Por sua vez, o anjo sopra num tubo sem bocal, que já se foi, também, mas por obra dos amigos do alheio. No pedestal, quando não há graffitis, há lixo e gente a dormir. Enfim, a melhor estátua de Lisboa é o paradigma da cidade.
Olá a ambos.
Medina:
- Diga-me onde procurar informação sobre esse afastamento (e tentativa de fazer esquecer) Machado de Castro... Interessa-me imenso para os meus estudos de época... Obrigado.
PF:
- Apoiado. E, pior ainda, a Praça está demasiadas vezes mal ocupada com feiras e miudezas desse tipo... Não haverá outro sítio que não seja a sala de visitas de Lisboa para fazer aqueles estendais periódicos???
Abr.
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