No dia em que tropecei na Invenção do Amor de Daniel Filipe o meu conceito de futuro nunca mais foi o mesmo. Não basta encher de sonhos a mala de viagem. É preciso sorrir, encher a escuridão de árvores sem nome.
Cais da Pedra em Santa Apolónia, Lux, 23H58 do dia 13 de Setembro de 2007 nasce o número zero da Time Out Lisboa. Não para turistas mas para nós lisboetas, a promessa de uma revista irreverente e criativa com edição semanal, à semelhança das revistas de Nova York, Londres ou Chicago. Ambicioso? Saborosamente e decerto que sim.
Depois de quatro anos em Londres como correspondente da Lusa e da TSF, João Cepeda e o ex- editor da secção "Sociedade" do Diário de Notícias, João Miguel Tavares resolvem bater no ombro de Tony Elliot propondo Lisboa a uma das mais fortes marcas de guias a nível mundial nascida em Londres em 1968. A partir de 26 de Setembro, uma equipa com rasgo na casa dos trinta anos propõe todas as quartas-feiras e pelo valor de € 2, cem páginas de divulgação de cultura e lazer. Um projecto onde o fado em vez de triste e saudosista tem lugar como um sentimento convictamente cool. Guia del Ocio em Madrid, Pariscope em Paris e finalmente Time Out Lisboa. Passo-me a sentir mais alinhada às medidas europeias.
A disponibilidade a nós mesmos, as nossas prioridades e interesses, a alegria de viver o presente, acreditar nos sonhos e a grande capacidade de os tentar construir fazem a diferença no nosso contributo à vida de uma cidade. Talvez hoje não estivesse a escrever estas linhas sobre estas páginas se três empreendedores recém-licenciados não tivessem também conseguido implementar um projecto de que muitos duvidaram à partida. Tenho a certeza que todos estes viajantes se cruzaram com as palavras “complicado” e “impossível” mas souberam sempre correr atrás.
Isso prova que o maior património de uma Lisboa mais rica são as pessoas e como dizia o nosso querido Ruy Belo, o que é preciso é dar lugar aos pássaros nas ruas da cidade.
coluna de opinião publicada a 17 Setembro no jornal Meia Hora
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