07/09/2009

Bar por cima do Mercado do Loureiro vai ser transformado em "restaurante de muita qualidade"

Chegado por e-mail:

«Bom dia!

Antes de mais, gostaria de vos dar os parabéns pelo excelente espaço de informação e discussão que criaram. E como tal, gostaria de vos indicar uma informação que me apanhou de surpresa.

Pelos vistos, a esplanada que existe por cima do Mercado do Loureiro vai ser transformado num "restaurante de muita qualidade" (seja lá isto o que for). Se de facto for aquilo que penso, Lisboa vai perder um dos espaços sociais mais agradáveis da cidade, onde se pode ir com amigos beber um copo, ou sozinho ler um livro e sentir-se envolvido pela paisagem e atmosfera que só Lisboa consegue oferecer enquanto se bebe e como qualquer coisa, onde as crianças têm espaço para dar umas corridas e onde os turistas (e não só!) apreciam a paisagem, enfim... tudo isto - pelos vistos - vai desaparecer para se tornar num restaurante, que, pela conversa, vai transformar a esplanada num local bastante mais restrito em termos de oferta. Um restaurante de luxo ali, depois de se ter criado aquele espaço (que se foi formando ao longo do tempo), é mais um daqueles crimes que não se compreendem... será que os responsáveis ainda não perceberam o que é que nasceu ali? Um espaço de lazer por excelência? Uma zona social que nada tem a ver com um restaurante de luxo que vai restringir o local?

Deixo aqui o link do Público com a notícia.
http://jornal.publico.clix.pt/noticia/05-09-2009/melhor-esplanada-de-lisboa-com-os-dias-contados-seguese-restaurante-de-qualidade-17729101.htm


Cumprimentos,
Tiago Salgado.»

8 comentários:

Anónimo disse...

a qualidade é sempre bem-vinda e nunca é anti-democrática! os actuais proprietários não têm o direito divino ao espaço. e se já sabiam que a estadia ia ser precária não há nada a contestar. que se candidatem à nova exploração...

Anónimo disse...

como é possível?

um dos melhores lugares da cidade, que criou uma dinâmica fantástica vai acabar pelas mãos da CML?!?!

Não aprenderam com a Fabrica BRaço de Prata?

Ou não me digam que há falta de espaços degradados ou vazios e sem qualquer serventia em lisboa, igualmente com vistas fantáticas, que não possam ser transformados em restaurantes de "muito boa qualidade"?

Têm logo de o fazer onde não é preciso?!

Rodrigo disse...

E pronto, mais uma das POUCAS esplanadas de Lisboa que vai para o galheiro.

Anónimo disse...

Zé, amigo, o pessoal da restauração fina está contigo!

jmc disse...

em Lisboa, todos os espaços bonitos e priviligiados estão a dar lugar a sítios de luxo ou selectos. Lisboa para os cidadãos? É mais Lisboa para os ricos.

Rui disse...

jmc,
Pode dar exemplos de lugares bonitos e priviligiados que de tornaram sitios de luxo e selectos? Não conheço nenhuns.

Enfim, esta esplanada só vale pela vista. O serviço é muito mau e para além dumas bebidas, oferece muito pouco. Não creio que se vá tornar num restaurante tipo Eleven, por isso isto é uma boa notícia. O espaço e Lisboa merecem melhor.

Xico205 disse...

À muitas décadas que Lisboa está vocacionada para SOMENTE os ricos! No tempo da reconquista cristã, os muçulmanos foram mandados para o pior sitio de Lisboa da época, a Mouraria. Uma encosta voltada a Norte, sombria, fria e humida, onde os solos não eram tão produtivos, e não havia conforto.

Na década de 30 do século XX, a construção do Viaduto Duarte Pacheco, obrigou à expulsão de população da zona das Amoreiras/Campolide para barracões "provisórios" no Bº da Boavista, que se hoje é periférico, imagina-se naquela época! Se hoje essa população vê como sitio de proximidade de comercio e serviços, a Buraca no concelho da Amadora, basta só pensarmos que na década de 30, a Buraca era uma aldeia com "meia duzia de casas". Claro que o Bº da Boavista nunca foi provisório. Hoje está cheio de prédios de habitação social, definitivos!

Na década de 60, aquando da construção da Ponte sobre o Tejo, a população do Vale de Alcantara, mais uma vez foi expulsa e dada em troca a quem deixasse a zona numa semana, materiais de construção para construirem barracas na Musgueira! Na altura o Lumiar não tinha o tamanho e o desenvolvimento que hoje tem, daí imagina-se o que era a Musgueira na altura. Um descampado com pessimos acessos, para onde se mandava os que o regime, achava que não tinham perfil para viver em Lisboa!

A partir da década de 80, o preço da habitação disparou em Lisboa, e não houve politicas de habitação para os lisboetas menos abastados. Lisboa perdeu até hoje metade deles a favor dos municipios da periferia!

Agora são os espaços de luxo, e quem não tem acesso ao luxo que se amanhe, numa tasca qualquer, de preferencia num sitio pouco agradavel!

Enfim, Lisboa é assim...

Anónimo disse...

Apesar do contrato de exploração actual ser precário desde o início e do conhecimento de quem o detém, é com desagrado que à partida leio a notícia.

Contudo, gostaria de saber se o futuro restaurante irá ocupar todo o espaço, ou se a solução passa por uma situação mista, ou ainda se o próprio restaurante poderá vir a ter um espaço exclusivo para bar/esplanada.

Ficam as interrogações.

Bem hajam

Margarida