In Público (5/2/2010)
Por Ana Henriques
«Empresa que geria o recinto faliu. Mais de dois anos de obras do metro podem ter ajudado a matar o espaço, diz o autarca de Alvalade
"É só por dois dias, para trabalhos de manutenção"
O centro comercial Roma, na avenida com o mesmo nome, em Lisboa, vai fechar. Ontem, os comerciantes que ali subsistem duvidavam que o recinto ainda abrisse hoje as portas, apesar de grande parte deles ainda não ter retirado a sua mercadoria das lojas no prazo fixado pela administradora da insolvência da sociedade que geria o centro. À hora do fecho desta edição, os lojistas estavam reunidos.
O princípio do fim começou há dois anos, quando a Companhia Grandes Armazéns Alcobia, também ligada a estabelecimentos como o Papagaio da Serafina, em Monsanto, abriu falência. Tinha dívidas ao fisco, à banca e à Segurança Social. As opiniões dividem-se sobre se foi uma eventual má gestão do centro que levou à insolvência ou se a decadência do recinto, com portas abertas há mais de três décadas, e a falta de pagamentos de rendas de alguns lojistas conduziu a empresa à ruína.
Certo é que o metropolitano, que passa à porta, roubou muitos dos clientes que aqui trouxe durante tantos anos. "As recentes obras do metro duraram mais de dois anos e podem ter ajudado a matar este centro comercial", observa o presidente da Junta de Freguesia de Alvalade, Armando Estácio. Desconhecedor das dificuldades que atravessava o centro, o autarca foi apanhado de surpresa pela notícia do seu encerramento. "Lamento profundamente. Vai fazer muito transtorno a alguns comerciantes."
Ao longo dos últimos tempos, o Roma, onde trabalham algumas dezenas de pessoas, viu partir lojas-âncora como a Cenoura, de roupa para criança, a Body Shop, de cremes para o corpo, ou o cabeleireiro Marina Cruz. E gerou-se um pacto de silêncio entre os lojistas para manter a reputação desta casa que já há muito não tem um telefone geral de atendimento ao público. Por isso os seus problemas foram sempre negados com veemência, apesar de restarem apenas 20 das 50 lojas iniciais.
O PÚBLICO tentou, sem sucesso, obter explicações da parte dos donos dos Grandes Armazéns Alcobia, cujas dívidas de rendas aos proprietários do edifício foram a causa última do encerramento. E mesmo a administradora da insolvência, que se tinha comprometido a dar algumas explicações sobre o caso, acabou por não o fazer. Há comerciantes que criticam a sua falta de empenho no relançamento do Roma.
Resta uma luz ao fundo do túnel: a possibilidade de os donos do edifício reabrirem o centro comercial. Mas se o fizerem poderá ser com novas rendas para os lojistas.»
...
Por mim podia fechar para sempre e o prédio ser demolido. Trata-se do prédio mais feio da Avenida de Roma, e a única coisa de jeito que alguma vez houve naquele lugar foi o Tutti Mundi, um belo open space (como se diria agora), com mobiliário de designers (idem), cafés e salões de convívio.
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9 comentários:
foi o metro? também os comerciantes da Baixa dizem o mesmo. Ou será o facto de não sem modernizarem desde o século passado?
Mas que boa notícia! Mas faltam ainda muitos mais Centros Comerciais a falir!
O comercio de rua tem sido a vitima!
É sempre a mesma coisa. A culpa é sempre de outros (do metro, da administração, do governo)! Nunca é culpa dos próprios que mantiveram o mesmo estilo de comércio desde o início, que não se actualizaram, que provavelmente nunca mexeram uma palha para melhorar a situação ou sugerir melhorias.
Este sacudir das responsabilidades para cima dos outros é uma característica portuguesa que nos atrasa a todos :-(
"Não tenho nada a ver com isso"
Cumprimentos
Miguel Cabeça
O Centro Comercial de Alvalade, ali bem perto, é outra relíquia preciosa da arqueologia da 1ª geração de espaços comerciais fechados, que agora estão a falir em série. Um dia começarão a falir os que agora florescem, os mega-centros rodeados de alcatrão nas periferias.
Ainda me lembro da "alegria" do povo ao entrar nestes centros que agora definham...
Espero que reabra, muito do minhas compras foram feitas naquele centro. Talvez com uma melhoria do espaço e reorganização do mesmo consigam dar a volta.
Quando se trata dos problemas do pequeno comércio a culpa é sempre do metro, se o metro passa é porque passa se não passa é porque não passa. Estranhamente estes problemas nunca têm nada que ver com o facto de os comerciantes apresentarem o mesmo modelo de negócio ultrapassado há largas décadas e muitas vezes nem serem capazes de manter as lojas num estado apresentável(vidros imundos, toldos inanerráveis, fachadas enfeitadas com toda a espécie de autocolantes degradados, etc)
o problema deles é um conjunto de problemas.
a praça em obras , o nao se saberem adaptar e a concorrencia das grandes superficies é fatal.
se nao se souberem adaptar nao resistem, mas em vez de culparem os outros deviam pensar o que deviam ter feito para evitar isso.
Também tenho a impressão que o tempo vai dar razão ao anónimo das 11:10....
mas que tamanha imbecilidade. demolir o prédio? que grande vitoria este pequeno centro comercial fechar? pois claro, o prédio devia ser implodido e edificar um corte ingles, ou então um belo jardim, para os mais puritanos!
há uma grande diferença entre um centro comercial roma ou até alvalade, e um colombo ou mesmo um aqua roma.
não acredito que a predição do anonimo das 11.10 venha a suceder. pelo menos a construção de mais um ikea ou a "recente" inauguração do maior centro comercial do pais parece dizer o contrario...
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