In Público (10/3/2010)
Por Inês Boaventura
«"Nalguns sítios parece que estamos em ruas do Iraque", admite o vereador das Obras Municipais
Queixas dispararam
Câmara fechou laboratório que controlava materiais
A Câmara de Lisboa vai investir este ano 8,8 milhões de euros na repavimentação e reconstrução de 280 ruas da cidade. Avenida do Brasil, Segunda Circular, Calçada de Carriche, Avenida Brasília, Praça das Novas Nações e Avenida Padre Cruz são algumas das artérias em que a autarquia se prepara para intervir a partir do mês de Abril, se as condições atmosféricas o permitirem.
A culpa da profusão de buracos nas estradas de Lisboa, alguns dos quais são, dada a sua dimensão, "crateras", nas palavras do vereador das Obras Municipais, é do "Inverno particularmente rigoroso", mas também do facto de esta ser "uma cidade velha na qual durante demasiados anos não se fez manutenção preventiva e reparação dos pavimentos". Para Nunes da Silva, "nalguns sítios parece que estamos em ruas do Iraque".
O problema, constatou o mesmo responsável, é que até 2009 o que se fez foi basicamente tapar buracos. Mas, segundo Nunes da Silva, a maior autarquia do país rompeu no ano passado com essa prática e investiu 6,3 milhões de euros na repavimentação de 210 arruamentos. A lista de obras feitas nesse ano incluiu a Estrada de Benfica, Rua da Prata, Avenida das Descobertas, Largo D. Estefânia e Avenida Almirante Reis, lembrou.
Na apresentação do plano de intervenções para 2010, o mesmo vereador fez questão de explicar porque não foram ainda eliminadas as "crateras" que têm infernizado a vida de quem conduz em Lisboa: "Os buracos não se tapam porque não se podem tapar", sentenciou, explicando que, "quando se tem chuva permanente, o que se atira para dentro de um buraco desaparece num dia". "É como pôr um penso numa ferida que está a sangrar. Mais nada", fez notar Nunes da Silva, acrescentando que é por isso que nos últimos meses a autarquia se tem dedicado fundamentalmente a resolver situações "de emergência", que apresentam "perigosidade". O resto, garantiu o autarca, será feito "assim que o solinho permitir" e em muitos casos incluirá uma intervenção no subsolo.
"O São Pedro tem limitado o nosso campo de actuação", sublinhou por sua vez o director municipal de projectos e obras, Silva Ferreira, frisando no entanto que já foi feita "alguma coisa" este ano. Exemplos? Rua da Bela Vista à Lapa, Largo da Escola Municipal e Vila Maria, na freguesia de Santo Condestável, citou.
Segundo o vereador Nunes da Silva, agora só duas coisas podem provocar atrasos no plano de intervenção ontem apresentado: a persistência da chuva ou o chumbo do orçamento da Câmara de Lisboa para 2010 na assembleia municipal. Algo que, a acontecer, não deixaria libertar as verbas necessárias. "Se continuar a chover a gente pedirá contas ao São Pedro. Se houver um boicote por parte da assembleia, tenho a confiança de que os lisboetas saberão a quem pedir contas", vincou Nunes da Silva, eleito pelo movimento Cidadãos por Lisboa, na lista do PS.
A manter-se um investimento anual nesta área de cerca de nove milhões de euros "daqui a dez anos teremos as ruas de Lisboa como deve ser", concluiu Nunes da Silva. Em 2009, foram arranjados 95 mil metros quadrados de rua, menos 20 mil do que os projectados para 2010.»
10/03/2010
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8 comentários:
O que dá, em média, 60 mil euros de indemenizações por ano...
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1515222&seccao=Sul
Post repetido!
Há uma coisa em que as "ruas do Iraque" são melhores que as de Lisboa: na passada segunda-feira (UM dia depois das eleições) já estavam a ser retirados todos os cartazes eleitorais.
Os bons exemplos vêm de qualquer lado, até do Iraque.
É impressionante porque um inverno particularmente chuvoso faz o danos que faz em Lisboa, mas numa cidade como Munique ou Oslo ... não se passa nada...
se calhar está mais relacionado com a forma da precepitação do que com a quantidade. Em Lisboa chove muito concentrado num espaço muito curto de tempo. em oslo é muito mais distribuida que em Lisboa e em Lisboa chove muito. E porque voltar a por basalto em algumas ruas de lisboa, uma vez que algumas vão passar a ter limite máximo de 30 km/hora?
Infelizmente, o senhor vereador, julga que as ruas que forem pavimentadas este ano (e nos próximos) estarão como novas daqui a dez anos.
Enfim, a incompetência grassa... e não tem graça.
Como se as vias em basalto tambem não abatessem!
Este artigo prova, uma vez mais, como a gestão do espaço público em Lisboa continua centrada nos pavimentos para a mobilidade rodoviária. Será que vamos ler em breve artigos onde de dê igual importância aos pavimentos para os peões? E as indemenizações para quem parte pernas, braços e costelas por causa de buracos nos passeios? E que compensações para os peões que viram o seu espaço de circulação comido para criar mais faixas de rodagem?
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