19.03.2010. Por João Pedro Pereira, in Jornal "Público"
Em finais do ano passado, um grupo de cidadãos italianos lançou a ideia de um dia de protesto contra o primeiro-ministro Berlusconi. A iniciativa nasceu na rede social Facebook e foi dinamizada online, por bloggers e através do site oficial do movimento. Resultado: a acção não ficou dentro das fronteiras italianas e, a 5 de Dezembro, em várias cidades, Lisboa incluída, houve quem participasse no dia anti-Berlusconi. No último sábado, o grupo que entretanto emergiu do protesto, chamado Povo Violeta, promoveu uma manifestação de grandes dimensões.
Já em Portugal, o movimento Ferve - Fartos/as d"Estes Recibos Verdes, que luta contra o trabalho precário, tem usado intensivamente a Internet para divulgar ideias, captar atenção mediática, mobilizar apoiantes e lançar petições. Na mesma linha, o MayDay, um movimento internacional antiprecariedade, encontrou eco nas ruas de Lisboa e do Porto (onde houve manifestações) e na Internet portuguesa, em Maydaylisboa.net.
Também há exemplos locais. Em Coimbra, o Movimento Cívico - Plataforma do Choupal "é dinamizado por um grupo de cidadãos que ficou perplexo e indignado" com a ideia de construir uma ponte sobre um dos grandes espaços verdes da cidade. O grupo usa a Internet não apenas para fornecer informação sobre o problema mas também para distribuir material de protesto: um cartaz para ser posto de forma visível no interior dos automóveis.
A lista de exemplos poderia continuar. Hoje, é praticamente impensável organizar um protesto, um movimento de causas ou uma iniciativa de apoio sem recorrer à Internet. Uma das grandes vantagens da tecnologia é ajudar a agregar pessoas que de outra forma permaneceriam alheias. "Os movimentos sociais sempre se caracterizaram por ter pessoas mais activas e pessoas com participações mais periféricas. Neste último caso, [a Internet] fez com que as coisas avançassem muitíssimo", nota a investigadora do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa Inês Pereira, que escreveu uma tese de doutoramento onde aborda o assunto. "Movimentos muito específicos acabam por ser adoptados por muitas pessoas e reunir solidariedade."
É fácil perceber as vantagens da Internet: o e-mail é uma forma eficaz e barata de comunicar com milhares de pessoas; a blogosfera e as redes sociais como o Twitter e o Facebook são particularmente talhadas para a disseminação de mensagens, que se espalham como vírus pela rede de contactos e "amigos" (o Facebook até tem uma mecanismo próprio para se formarem grupos em torno de causas); abundam na Web as ferramentas para se criarem petições; e há serviços simples que permitem a pessoas com poucos conhecimentos técnicos criarem sofisticados fóruns de discussão ou até redes sociais inteiras dedicadas a um determinado tema, como fez o LimparPortugal.
Porém, nem tudo são efeitos positivos e a Internet acaba por facilitar o que Inês Pereira classifica como "um activismo mais desleixado", que permite aos cidadãos aderirem a causas sem grande esforço. "É muito fácil uma pessoa assinar uma petição", observa a investigadora. "Ou fazer apenas um donativo em vez de participar activamente".
Em finais do ano passado, um grupo de cidadãos italianos lançou a ideia de um dia de protesto contra o primeiro-ministro Berlusconi. A iniciativa nasceu na rede social Facebook e foi dinamizada online, por bloggers e através do site oficial do movimento. Resultado: a acção não ficou dentro das fronteiras italianas e, a 5 de Dezembro, em várias cidades, Lisboa incluída, houve quem participasse no dia anti-Berlusconi. No último sábado, o grupo que entretanto emergiu do protesto, chamado Povo Violeta, promoveu uma manifestação de grandes dimensões.
Já em Portugal, o movimento Ferve - Fartos/as d"Estes Recibos Verdes, que luta contra o trabalho precário, tem usado intensivamente a Internet para divulgar ideias, captar atenção mediática, mobilizar apoiantes e lançar petições. Na mesma linha, o MayDay, um movimento internacional antiprecariedade, encontrou eco nas ruas de Lisboa e do Porto (onde houve manifestações) e na Internet portuguesa, em Maydaylisboa.net.
Também há exemplos locais. Em Coimbra, o Movimento Cívico - Plataforma do Choupal "é dinamizado por um grupo de cidadãos que ficou perplexo e indignado" com a ideia de construir uma ponte sobre um dos grandes espaços verdes da cidade. O grupo usa a Internet não apenas para fornecer informação sobre o problema mas também para distribuir material de protesto: um cartaz para ser posto de forma visível no interior dos automóveis.
A lista de exemplos poderia continuar. Hoje, é praticamente impensável organizar um protesto, um movimento de causas ou uma iniciativa de apoio sem recorrer à Internet. Uma das grandes vantagens da tecnologia é ajudar a agregar pessoas que de outra forma permaneceriam alheias. "Os movimentos sociais sempre se caracterizaram por ter pessoas mais activas e pessoas com participações mais periféricas. Neste último caso, [a Internet] fez com que as coisas avançassem muitíssimo", nota a investigadora do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa Inês Pereira, que escreveu uma tese de doutoramento onde aborda o assunto. "Movimentos muito específicos acabam por ser adoptados por muitas pessoas e reunir solidariedade."
É fácil perceber as vantagens da Internet: o e-mail é uma forma eficaz e barata de comunicar com milhares de pessoas; a blogosfera e as redes sociais como o Twitter e o Facebook são particularmente talhadas para a disseminação de mensagens, que se espalham como vírus pela rede de contactos e "amigos" (o Facebook até tem uma mecanismo próprio para se formarem grupos em torno de causas); abundam na Web as ferramentas para se criarem petições; e há serviços simples que permitem a pessoas com poucos conhecimentos técnicos criarem sofisticados fóruns de discussão ou até redes sociais inteiras dedicadas a um determinado tema, como fez o LimparPortugal.
Porém, nem tudo são efeitos positivos e a Internet acaba por facilitar o que Inês Pereira classifica como "um activismo mais desleixado", que permite aos cidadãos aderirem a causas sem grande esforço. "É muito fácil uma pessoa assinar uma petição", observa a investigadora. "Ou fazer apenas um donativo em vez de participar activamente".
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