In Diário de Notícias (5/4/2011)
por Lusa Ontem
«Empresários, comerciantes e habitantes da Baixa-Chiado, em Lisboa, apontaram hoje os problemas de circulação automóvel e a falta de estacionamento como os principais obstáculos ao desenvolvimento daquele centro histórico da capital, num fórum dedicado à zona.
No Fórum Baixa-Chiado, promovido pela Associação para a Dinamização da Baixa Pombalina (ADBP), empresários, comerciantes e habitantes da zona histórica afirmaram por várias vezes que "sem carros não há comércio". "A circulação na baixa é muito difícil, quando há carros estacionados nos dois lados é uma complicação. Onde não há carros não há negócio, limitar o acesso aos carros não é boa ideia. Está condenado ao fracasso", disse o director do jornal Sol, com sede na baixa, José António Saraiva, sugerindo também a construção de "silos urbanos" para resolver "o problema de estacionamento". Também um empresário da zona, Pedro Saraiva, considerou que "é preciso resolver a falta de estacionamento" e de circulação, afirmando, novamente, que "não há comércio sem carros" e lembrando ainda que "o problema começou com as obras do metro".
Vários comerciantes e empresários presentes na plateia do Fórum repetiram a ideia "no car, no business" (sem carros não há negócio) e apontaram que "a Câmara [de Lisboa] conseguiu o inexplicável: cortou o trânsito na Baixa e matou a Baixa", considerando que "devia ter sido feito exatamente o contrário". O vereador da mobilidade da Câmara de Lisboa, Nunes da Silva, disse que a "Baixa é a área da cidade de Lisboa com maior serviço de transportes públicos e com maior densidade de transportes que servem toda a cidade". "Cerca de 30 por cento das carreiras passam com uma frequência entre cinco a dez minutos", disse.
Quanto ao estacionamento, Nunes da Silva considerou que "não é um problema de quantidade": em cerca de um quilómetro quadrado de área existe uma oferta pública de quase seis mil lugares, enunciou. "E estão previstos mais 200 lugares no estacionamento no Mercado do Chão do Loureiro, e em estudo 450 no Cais do Sodré e 500 em estudo no Campo das Cebolas", disse o vereador. Para Nunes da Silva é "importante trazer pessoas à Baixa", mas, para isso, "é preciso garantir boas condições para andarem a pé, comodamente, e para deambularem entre vistas e lojas". Os comerciantes e empresários apontaram ainda a falta de segurança, de iluminação e de limpeza da Baixa e o excesso de burocracia para fazer obras na zona como outros problemas a resolver, e sugeriram ainda a criação de um "centro comercial ao ar livre". Segundo o diretor geral da Associação de Turismo de Lisboa, Victor Costa, 91,8 por cento dos turistas que visitaram Lisboa em 2010 procuraram a Baixa Pombalina, fazendo desta zona histórica o local mais visitado da capital.»
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O português tem efectivamente um problema de locomoção. Do que a Baixa precisa não é de carros mas de falta qualidade na oferta de serviços e tudo o mais, do comércio aos restaurantes, dos equipamentos culturais (ou da falta deles), das esplanadas pindéricas (parece que agora isso vai mudar, até que enfim! ... pelo menos Baixa) e tudo o mais. Tudo o resto são balelas, rubbish.
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15 comentários:
A baixa não morreu com cortes de transito, a baixa está morta há muito tempo.Por falta de visão, de investimento, e não é só económico,por desleixo, por falta de estratégia. O que a vai salvando é alguma iniciativa privada que ainda vai investindo e que se preocupa. Mas infelizmente não é a maioria.Os centros das cidades europeias têm cada vez menos carros e são dinâmicos e usufruídos, têm Gente.Em Lisboa queremos teimar no contrário.Enfim.
É triste e até revoltante ouvir tanta ignorância.
As ruas mais movimentadas e com mais comércio são precisamente as que não têm trânsito (Rua Augusta, Rua do Carmo...)
E já existem várias saídas de várias estações de metro, e até mesmo parques de estacionamento (Restauradores, Praça da Figueira, Praça do Município, Camões, etc.)
Não, estes comerciantes precisam é de se adaptar ao século XXI e melhorar a qualidade dos seus serviços. O Chiado está sempre cheio de gente e tem comércio atraente.
Retirem os carros, criem uma grande zona pedonal onde se encontram bons espaços comerciais e verão o comércio a crescer.
Será assim tão difícil perceber isto? Será possível que esta gente seja assim tão estúpida? Sim, só mesmo estupidez explica um comentário "sem carros não há comércio."
Por mim tanto faz.
De carro, a pé, nem de limousine gratuita me apanham naquela zona degradada e deprimente.
Que patetice.
Lisboa seria a única cidade na Europa onde o comércio no centro teria a ganhar com mais automóveis.
E como diz o vereador, o que não falta é estacionamento..
Tive oportunidade de apresentar no dito Forum uma comunicação em que, entre outros "tópicos",abordei os cenários plausíveis para o futuro da Baixa-Chiado.
Cenário A -"Reforçano o Capital Herança", Cenário B - "Reforçando o Capital Funcional", Cenário C - "Reforçando o Capital Multifuncional" e Cenário D -"Reforçando o Capital Criativo". Mas, como ficou patente, no Fórum, por mais cenários que se possam traçar será sempre da qualidade da acção dos actores (envolvidos e a envolver) que emergirá o futuro da Baixa Chiado.
João Barreta
Com que estudos se basearam para tal afirmação? Seremos nós assim tão diferentes das outras cidades?
Não sei que tipo de empresários, comerciantes e habitantes defendem tais medidas, mas devem ser com certeza empresários que vivem nos subúrbios, lojistas frustrados que não se actualizam e habitantes… quais habitantes? quantos habitantes estavam lá?
Eu tenho uma solução muito simples para eles, para os lojistas aconselho que fechem os seus negócios e abram num centro comercial, ali há estacionamento com fartura, para o director do Sol e seus colaboradores aconselharia transferirem-se para um dos tantos edifícios construídos nos nós auto-estradais. Existem alternativas! O suburbano é, de facto, um novo tipo de provincial que não compreende que a cidade não é e não quer ser subúrbio. Aqui o modo de deslocação é o transporte COLECTIVO (palavra que infelizmente não conhecem e que vos dá náuseas!)
Eu tenho um comércio na baixa e sou da opinião que a baixa tem estacionamento e transito... a mais.
Se o Rossio, Rua da Prata, Ouro, Fanqueiros, Sé e Alfama fossem áreas exclusivamente peatonais de certeza que a Baixa estaria sempre a fervilhar de vida.
Como está é que não ajuda ninguém.
Nem comerciantes nem automobilistas (clientes?).
Estranho eu normalmente quando vou a baixa só vou a rua Augusta a unica sem carros...
Segundo a opinião dos comerciantes talvez o melhor seja abrir novamente a rua Augusta ao transito...
Os defensores dos automobilistas e das áreas urbanas feitas á medida do automóvel estão cada vez menos a ficar sem argumentos. As evidencias são cada vez mais claras que até da dó ver o esforço que aos ACPs, Domingues e companhia fazem para defenderem o que a nova geração já não quer.
Concordo com Isa quando diz que os centros das cidades europeias têm cada vez menos carros e são dinâmicos e usufruídos, mas não concordo quando diz que existe falta de investimento. O que falta são habitantes em Lisboa, o investimento é uma consequência. Estamos é um pouco fartos que os investimentos das décadas passadas tenham sido feitas para quem vive fora da cidade, com estradas, túneis, etc, deixando para traz o importante como o metro para o aeroporto, por exemplo. Como é sabido, para responder às complicadas exigências dos suburbanos teríamos que acabar com a Cidade e torna-la uma espécie de Freeport. Parece-me que a nova geração não está disposta a ceder a Cidade com ideias do século passado. Um século em que as pessoas desvalorizaram o papel da cidade e abandonaram-na para viver naqueles lugares monótonos e homogéneos que todos nós conhecemos e que agora vêm exigir que a cidade se torne também ela monótona e homogénea. Felizmente a CML tem outras ideias, mais “amigas” do citadino
incrível como ainda há gente a pensar assim...A cidade precisa é de pessoas, não de carros.
Realmente, a maioria dos comentários diz tudo. É preciso viver num mundinho muito próprio para achar que os carros benefeciam o comércio. Nem seuqer temos exemplos do oposto nem nada...
Mas o que é mais frustrante, é perceber que esta pacóvia teoria é suportada por algumas pessoas supsitamente de relevo e com influência.
Estas pessoas nao falam como pessoas mas quase como "carros". Visitem as outras cidades historicas da Europa e depois voltem a tentar dizer estes slogans obsoletos "sem carros nao ha comercio"! E nem todos os comerciantes da BAIXA pensam como esta gente!
BROKEN RECORD!
ouçam os comerciantes, eles pensam com os seus euros, o seu investimento e o seu ganha pão
os ciclotontos fundamentalistas pensam com os pés
É incompreensível como ainda existem associações a defender mais carros na cidade.
Sem estar na posse de qualquer estudo, arrico-me a afirmar que a rua com mais movimento é a Rua Augusta, precisamente a que não tem automóveis!
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