04/05/2007

Os presidentes da CML

Muitos dos problemas de Lisboa - transportes, património, segurança não dependem da acção da CML, quer seja por questões jurídicas, quer seja por questões relacionadas com o peso político e negocial do executivo.

Apesar destes aspectos, a gestão de Lisboa é tarefa de maior complexidade do que muitos dos ministérios e empresas do país, sendo um cargo da maior importância política e simbólica. No entanto, e independentemente do juízo que cada um faça dos vários executivos, constata-se o seguinte para (a maioria) dos últimos presidentes que têm passado pela Praça do Município:

- Anteriormente ao exercício de tão importante cargo não se lhes conhece relevante intervenção política (ou técnica) sobre os problemas da cidade.
- A presidência da CML não representou um desafio à altura das suas ambições políticas, embora bem todos tenham tido a competência correspondente ao cargo ....
- Lisboa raramente foi a 1ª opção - Sampaio, Soares, Santana e Carmona sairam ou entraram vindos de, ou directamente para, outras funções, a meio dos mandatos.

Vejamos:
- Jorge Sampaio candidatou-se à presidência da CML (era líder do partido) por falta de melhor opção no PS. No 1º mandato candidatou-se a Primeiro-Ministro (contra Cavaco), e no 2º a Presidente da República, tendo-lhe sucedido João Soares.
- João Soares que chegou vindo de Bruxelas, e que não esperava perder as eleições para Santana Lopes também almejava voos mais altos. Enquanto presidente da CML estava "tapado" por Guterres, mas assim que houve oportunidade foi candidato a Secretário-Geral do PS, perdendo para Sócrates. Posteriormente tentou ser presidente de Sintra, onde perdeu, e já manifestou há dias disponibilidade para voltar a Lisboa.
- Santana , ex presidente da Figueira da Foz, mal chegou à CML fez marcação cerrada a Cavaco, e falava em ser...candidato a Presidente da República. O seu n.º 2 (Carmona) pouco tempo depois de tomar posse foi para o Governo de Durão Barroso. Quando este vai para Bruxelas, Santana e Carmona trocam...Santana vai para o Governo, Carmona volta para a CML. Chegámos a ter um Primeiro-Ministro e um presidente da CML que não tinham sido escolhidos em eleições.
- Santana ainda voltou para acabar o mandato, coabitando de forma mais fria com o seu nº 2, que ia passar a nº 1 da lista do PSD.
- Carmona, que quis passar a imagem de um outsider da politiquice partidária, acabou por ser tão ou mais “politiqueiro” do que os antecessores.

Lisboa não merece mais do que ser um mero percurso de passagem dos políticos, enquanto a conjuntura partidária não muda?
Lisboa não é suficentemente importante para ser mais do que um "prémio de consolação" na carreira de um político?
Esperemos pelos próximos candidatos...

1 comentário:

Anónimo disse...

Mas porquê esperar por politicos ? Não estará na altura dos cidadãos preocupados e que amam a sua cidade tomarem nas mãos o rumo dela ? Ou vamos continuar a "encaixar" politicos desonestos e mediocres que mais não fazem que diminuir o nosso nível de qualidade de vida ?