Conheço numa certa zona de Lisboa (maioriamente residencial) 4 ou 5 lavandarias/engomadorias muito próximas. Algumas pertencem a portugueses, outras a chineses. Uma delas está fechada várias vezes ao Sábado, sempre fechada quando a maioria vai para o trabalho, e fechada quando são horas de chegar a casa. Uma concorrente, gerida por chineses, já está aberta às 8,30 da manhã, fecha pela hora do jantar, está aberta até ao final da tarde de Sábado. Não fiz comparações de preços, mas em conveniência parece claro que ganha a vantagem. Na hora de escolher este factor pode ser determinante.
Neste caso concreto (e noutros) será a melhor solução “deslocar” os comerciantes chineses para a Chinatown? É que neste caso a receita é simples, e os comerciantes portugueses só têm a aprender a lidar com a concorrência e adaptarem-se às necessidades actuais. Qual a melhor solução para aquela lavandaria que muitos vemos quase sempre fechada? adaptar-se ou livrar-se por decreto do concorrente? E qual a melhor solução para os residentes daquela zona? quem mais contribui para a “vida de bairro”?
O pequeno comércio de Lisboa, seja no bairro mais chique ou na zona mais popular não pode viver demonizando os hipers, as lojas dos chineses, etc. O comércio tem de se adaptar, inovar e servir os consumidores, reclamando dos poderes públicos as obrigações que lhe competem -segurança fiscalização,etc. Reclamar contra os comerciantes chineses representa muitas vezes "desculpas de mau perdedor".
Quanto a MJNP – é interessante que diga o que pensa sobre o assunto, sem receio do politicamente correcto (concorde-se ou não), mas o aparecimento das lojas chinesas, mais do que uma causa é uma consequência do empobrecimento de Lisboa, e da crise do seu comércio. O tom vago que colocou, “não digo que seja concorrência desleal, mas não estou certa de que seja leal” também acaba por ser argumentação…desleal
ps - no caso das lavandarias desconfio que uma delas ainda paga uma renda tradicional, mas não aproveita essa vantagem...
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2 comentários:
Sinceramente não vou à baixa. Adorava, mas não vou. É um pouco como África: tenho medo e calor.
A Baixa -- não confundir com o Chiado, bem mais elegante, embora ainda pouco sofisticado [e foi daí que veio a foto] -- resume-se a lojas decadentes, ruas estreitas e sujas, com carros e sem espaço para pessoas -- e também sem espaço para parar os carros.
Estou-me nas tintas para a ideia de tirar as lojas chinesas da Baixa. Se não fosse pelos acordos da OMC e a Constituição Portuguesa, bem como as boas relações diplomáticas com a China, era e é, sobretudo, porque as restantes não são muito piores.
Tem de agir-se na Baixa.
Mas essa acção não se resume -- nem pode incluir -- a retirada de lojas chinesas da Baixa. Sobretudo para as colocar numa duvidosa 'Chinatown', que seria ainda pior, arriscando-nos a ter um ghetto povoado ou pelo menos dominado por máfias asiáticas sinistras e perigosas, se não para quem lá fosse, para quem lá vivesse ou trabalhasse.
O que é preciso na Baixa -- como de resto no resto de Lisboa e no resto do país -- é limpeza e qualidade.
Limpar ruas e paredes, pintá-las, ter espaço para carros e pessoas, ter transportes públicos decentes, ter segurança nas ruas, e ter lojas limpas, com boa apresentação, produtos de qualidade, atendimento profissional.
Fim às lojas sujas, mal-cheirosas, mal amanhadas, com tudo amontoado, empregados antipáticos e ignorantes e que muitas vezes nem falam português e muito raramente inglês, fim aos preçários feitos à mão em papel de rascunho com canetas de feltro, colocados na rua mesmo para se tropeçar ou ser atropelado ao usar a estrada, fim às montras de mau gosto, à falta de ar condicionado, aos produtos de plástico ranhoso ou que não interessam para nada, às lojas sem multibanco ou que não aceitam cheques, ou que têm sempre tudo esgotado, ou que fecham aos fins de semana ou nas férias, ou à tarde, ou ao almoço, fim às lojas que não fazem embrulhos de presente ou os fazem mal, e aos empregados que nos atendem como se fosse uma deferência ou favor da parte deles...
Parece que só se consegue algo de jeito indo à Carolina Herrera, à Zegna ou à Vuitton na Avenida da Liberdade [e mesmo assim...].
É isto que é preciso mudar, e isto abrange tanto lojas chinesas, como portuguesas, como indianas. Todas. Em Lisboa e fora dela. E nem vamos falar de cafés, bares ou restaurantes... para não perder a sede ou o apetite.
Não pode ser.
Se conseguirmos isto, podemos considerar-nos civilizados. Para já, vou aos saldos de Londres. É que nem sai mais caro...
No caso da lavandaria, parece-me clara a vantagem. No caso das lojas chinesas, já não se fala bem da mesma coisa, de uma necessária adaptação do comércio tradicional - é também uma questão de tipo de produto. Não há interesse, diversidade e cor se uma zona de uma cidade (como a parte antiga de Setúbal) estiver cheia de lojas chinesas. É triste, e seria igualmente triste se só houvessem lojas dos 300 portuguesas.
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