Exmos. Senhores
Vimos por este meio alertar-vos para a iminência de uma intervenção que consideramos intrusiva e perigosa no Jardim de Santos, em Lisboa, e que por julgarmos ser do vosso particular interesse e competência acompanhá-la desde já, decidimos contactar-vos.
Trata-se de uma iniciativa no âmbito da Experimenta Design 2009, a quem a CML terá atribuído uma concessão para que uma equipa daquela organização pudesse desenvolver um projecto de requalificação profunda do jardim, que, lembramos, além de ser um dos últimos jardins românticos e intimistas de Lisboa, possui 8 tipuanas classificadas como IIP (http://www.afn.min-agricultura.pt/portal/ArvoresFicha?Processo=KNJ3/030&Concelho=&Freguesia=&Distrito=).
Vimos, portanto, alertar-vos para esse facto e para a necessidade de um acompanhamento, a par e passo, de todo o processo.
Sem outro assunto, e esperando que essa prezada instituição tome boa nota deste nosso alerta, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Luís Marques da Silva e Fernando Jorge
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8 comentários:
que exagero...
Apoio com entusiasmo a iniciativa (de obstaculizar as "geniais" palermices que querem fazer no jardim) dou os parabéns a quem a teve.
Caros signatários: se calhar não sabem, mas a acompanhar o projecto está uma equipa de arquitectos paisagistas seniores...devidamente habilitados, com provas dadas (disso mesmo), inclusive com um trabalho reconhecido internacionalmente, o que a nível nacional é uma coisa muito rara na área da arquitectura paisagista!
Segundo tenho conhecimento o projecto não prevê o corte de nenhuma das tipuanas magníficas,
nem a alteração do carácter intimista do jardim...que de facto, está muito mal tratado e cujo potencial está muito pouco valorizado e a necessitar urgentemente que algo seja feito por um espaço com tal dignidade!
De facto, concordo que é da maior importância o alerta, e é bom ver que as pessoas ainda têm opinião na cidade, que por vezes parece adormecida numa certa frigidez...Já agora, onde é que estão as árvores da Rua da Mãe d'Água, ali no Príncipe Real?!!Fugiram e ninguém as viu?!Aliás, ver até viu e tentou intervir na sua defesa mas perante as palavras sábias de quem de direito (de quem não mata galinhas mas come galinhas) - "as árvores caem em cima dos carros e quem é que assume as responsabilidades?..." Mas também, não sejamos "Velhos do Restelo"!
Parabéns pela iniciativa de defesa de um jardim contra o falso modernismo.
Lembro ainda que não se pode construir num raio de 50 metros das árvores classificadas.
O que, legalmente invalida logo à partida, o "projecto."
Que perfeito disparate este e-mail...
Vocês dão conta do ridículo em que caiem na prossecução destas lutas sem sentido e completamente desproporcionadas?
O que se segue? Um e-mail ao Presidente da República por 3 pedras da calçada soltas, alertando para o perigo público eminente?
Se há arquitectos seniores a acompanhar o projecto é ainda mais preocupante que não se tenha começado por informar a Autoridade Florestal Nacional.
Claro que quando se coloca uma casa de metal em cima de uma árvore e uma cafetaria por baixo é difícl que a natureza intimista de um pequeno Jardim permaneça.
Realmente é uma pena não se conseguir usufruir da sua beleza sem levar com o ruído da Av. 24 de Julho (designada Av. Nuno Alvares desde 1932) ou o lixo daqueles que o abandonam, mas estes problemas são de ordem urbanística e cívica, não se modificam com intervenções invasivas.
É sempre motivo de orgulho termos bons designers, originais, atentos, subtis, que bom seria vermos o Jardim reconhecido como o Jardim onde Ramalho Ortigão foi homenageado em 1957, que nos falassem da beleza das Tipuanas, em vez de o seu nome ficar velado pela afirmação "árvores de nomes estranhos".
Existem ideias muito engraçadas a nível de eco-design, que usa materiais nobres, relacionados com o passado e as espécies existentes.
Para se afirmar um criador não tem de apagar o passado. A vanguarda sempre aproveitou o melhor que a história tinha para oferecer.
Toda esta discussão tem a virtude de nos levar a reflectir sobre o triste estado em que estão os nossos jardins de forma a encontrarem-se futuras soluções.
Penso que o desaparecimento dos jardineiros foi nefasto à saúde dos jardins, eles vigiavam, cuidavam não das plantas mas também da higiéne e impediam estragos.
É impossível não pensar no aumento do trânsito na cidade como outro factor destrutivo.
Não sendo vedados, a maioria dos nossos jardins ficou à mercê da poluição, do lixo, do ruído.
Acresce ainda a alteração de hábitos de vida: todos vivem mais ou menos em guetos: as creches, os empregos, os lares.
Pressionadas a estarem sempre em movimento, as pessoas já não param nos jardins, desaprenderam a contemplar, vivem na adição do consumo.
Estas são algumas das razões para a degradação dos nossos jardins, será preciso interferir a este nível.
Não vejo porque motivo o design não possa conviver com as árvores sem as deixar sossegadas, melhorando a sua visibilidade, em vez de as afogar em cafetarias e marcações inspiradas na prática pirosa de corações atingidos por setas ou nos cultos orientais das árvores dos desejos.
Infelizmente, em Portugal, ainda se está nos primórdios da civilidade, é preciso começar por ensinar que a caldeira de uma árvore não é um cinzeiro, não vos parece que numa zona de passagem de gente embriagada é inconveniente dar ideias de marcação de árvores?
Parece elementar, ter em conta o contexto.
IMM -
Acha que ir contra a legislação em vigor que classificou as tipuanas do jardim de Santos não é um disparate?
Paulo dixit: "Caros signatários: se calhar não sabem, mas a acompanhar o projecto está uma equipa de arquitectos paisagistas seniores...devidamente habilitados, com provas dadas (disso mesmo), inclusive com um trabalho reconhecido internacionalmente, o que a nível nacional é uma coisa muito rara na área da arquitectura paisagista!"
Os arquitectos paisagistas seniores - quem? - não sabem que não se pode construir num raio de 50 metros das árvores classificadas?
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