18/09/2009

LISBOA: 2,9 MILHÕES GASTOS PARA NADA


2009-09-09 in "JN"
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«A Câmara de Lisboa pagou 2,9 milhões de euros ao arquitecto Frank Gehry, contratado no tempo do ex-presidente da autarquia Santana Lopes, para elaborar um projecto de requalificação do Parque Mayer que nunca saiu do papel.
Segundo disse à Lusa fonte da autarquia, o pagamento foi feito através da EPUL (Empresa Municipal de Urbanização de Lisboa). Frank Ghery foi contratado para tratar da recuperação do Parque Mayer pelo executivo de Santana Lopes (PSD), uma opção que o actual presidente, António Costa (PS), acabou por pôr de parte ao lançar um concurso de ideias, ganho por Aires Mateus, autor do modelo urbano que será votado hoje em reunião da Câmara Municipal.
De acordo com o documento orientador (termos de referência) do Plano de Pormenor (PP) do Parque Mayer, o projecto deverá integrar a proposta vencedora do concurso público para a recuperação do Capitólio, da autoria do ateliê Souza Oliveira.
O Plano de Pormenor do Parque Mayer deverá incluir um hotel com 100 quartos e admite um outro para investigadores e professores convidados na área dos Museus da Politécnica.
Os termos de referência assumem o Parque Mayer como uma área vocacionada para actividades lúdicas e culturais, "bem como para a fixação de outras actividades que complementem e viabilizem economicamente a operação".
Nas áreas dos Museus da Politécnica e Jardim Botânico é admitida a possibilidade de remodelação ou substituição por novos edifícios "para uma unidade hoteleira vocacionada para investigadores e professores estrangeiros convidados, e outros usos (cultura, recreio e comércio), conforme indicação da Universidade de Lisboa".
Na área geográfica do Parque Mayer o Plano deverá prever uma unidade hoteleira com 100 quartos e um teatro com cena à italiana e capacidade até 600 espectadores ou a possibilidade de remodelação do teatro "Variedades".
Está ainda previsto um espaço com cerca de 2.000 metros quadrados para usos culturais e uma área total que ronda os 20.000 metros quadrados para comércio serviços, restauração e lazer.
Na zona dos Museus da Politécnica prevê-se a reabilitação do edifício dos museus para fins científicos e museológicos, com exposições permanentes e temporárias, e a recuperação do Picadeiro para espaço de exposições, eventos culturais ou encontros científicos.
O Plano de Pormenor do Parque Mayer está enquadrado pelo Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade e Zona Envolvente (PUALZE) e abrange as freguesias de S. José e S. Mamede, numa área total de 16 hectares. »
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São 2,9 milhões para Frank Gehry? E para o sr arq Aires Mateus, quanto vai ser mais?
Isto é sempre a somar!!!

3 comentários:

Anónimo disse...

E o projecto do Parque Mayer de Norman Foster, quanto custou?

Anónimo disse...

Sr.arquitecto sugeria que fosse ler o documento "A Governança da Cidade" da candidatura de Lisboa com sentido para ficar melhor esclarecido.
Entretanto verifique as várias adjudicações directas que esta gestão de Antonio tem vindo a fazer. A lista é longa e não dá para mencionar.
Lamento que ainda não esteja esclarecido!

In Sol a ii de Setembro:

Que mal fez Gehry, afinal?

Se há assunto interessante de que vamos ouvindo falar, de quando em vez, é o da contratação de Frank Gehry.

Campanhas e candidaturas à parte, gostava de perguntar o seguinte: quantos arquitectos há a trabalhar em Lisboa, neste momento, escolhidos sem concurso por encomenda de autoridades públicas? Quantos? Desde o Terreiro do Paço ao Museu dos Coches?

E, já agora, em quanto importam os respectivos honorários? Ninguém quer saber? Frank Gehry terá sido o único arquitecto que até hoje trabalhou em Portugal? Ou o único que esteve para trabalhar? Se houve escolha, publicamente assumida – com cerimónias públicas nos Paços do Concelho, com assinaturas de protocolos em cerimónias oficiais, com visitas cobertas mediaticamente desde a partida até à chegada, de noite e de dia –, foi a de Frank Gehry.

Esteve com o então Presidente da República no Palácio de Belém, com o então primeiro-ministro no Palácio de São Bento, com muitos arquitectos, a começar pelo seu amigo Siza Vieira, passando por outros que fizeram questão em conhecê-lo.

A própria arquitecta Helena Roseta (que, reconheço, sempre defendeu o princípio do concurso, embora umas vezes de modo mais veemente) quis encontrar-se com Gehry, julgo que para o convidar para o Congresso da Ordem dos Arquitectos.

Outra pessoa sempre muito presente nas iniciativas de todos os executivos camarários, Guta Moura Guedes, fez questão de o convidar para uma iniciativa da Experimenta Design. Todos lhe quiseram falar, ou convidá-lo, e todos sabiam que, ao abrigo do que a lei permite, não tinha sido escolhido por concurso.

Cada vez que Gehry vinha a Lisboa era quase como a entrada de Cristiano Ronaldo nos estádios de futebol. Nada existiu de mais público e de mais assumido.



Já agora, será bom saber o que se passa com arquitectos, portugueses ou não, que estão a fazer projectos públicos sem concurso em Lisboa. Alguém os vê?

Alguém sabe quando chegam? E quem os quer entrevistar? Quem os convida e para quantas iniciativas? E alguém sabia que não tinha havido concurso quando começaram a trabalhar?

E o que importará mais: pagar dois milhões de euros ao que é talvez o mais destacado arquitecto do mundo (pelo estudo prévio para três teatros, um museu e outras áreas) ou pagar dois milhões a uma produtora para a produção de cantigas, durante um mês, por razões eleitorais, com final marcado para o próprio dia do acto eleitoral?

Estas não são palavras escritas para ganhar ou perder votos: são questões de justiça, de honra, de igualdade entre os cidadãos num país que cada vez menos sabe o que isso é.

Nada disto significa que uns sejam melhores ou piores do que outros. Eu não sou, nem nunca fui, sócio do ateliê de Frank Gehry, e só o conheci quando a opinião pública soube. Não sou daqueles que convidam os que já conhecem há muito tempo, sem que a opinião pública o saiba.

Arq. Luís Marques da silva disse...

Sr anónimo, mais importante que lêr as "governanças" de cada um, é saber lêr e entender aquilo que lemos, que é algo que demonstra não saber fazer.
Postei uma noticia e em parte alguma da minha pergunta, eu defendo ou ataco seja aquilo que fôr, muito menos a contratação de Gehry.
Limito-me a perguntar em quanto vão ficar os projectos para o Parque Mayer, tendo em conta que se deitou fora o projecto de Gehry e concerteza, terá que ser pago o de Aires Mateus.
Não deixe que o seguidismo lhe tolde a clarividência.