05/11/2009

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Boa noite,

Tenho 40 anos e sou um cidadão com mobilidade reduzida, que necessita de deslocar-se numa cadeira de rodas eléctrica. Resido há 12 anos em Xabregas e desloco-me diariamente para o meu local de trabalho na Praça do Comércio, utilizando os transportes públicos, designadamente os autocarros da Carris, sendo que as viaturas equipadas com rampa de acesso para PMR (pessoas com mobilidade reduzida) apenas circulam na Avenida Infante D. Henrique. Trata-se de carreiras expresso cuja paragem alternativa mais próxima é na Estação de Santa Apolónia. No passeio onde se situa a paragem da Carris foi colocado, há já largos anos, um sinal de trânsito assente em duas vigas metálicas desmesuradamente grandes para o já de si estreito acesso, situado perto da esquina entre a R. da Manutenção e da referida avenida.

Há já cerca de um mês, ocorreu um acidente de viação, que vergou uma das vigas do sinal obrigando, por exemplo, qualquer mãe transportando um carrinho de bebé a descer o passeio para a movimentada avenida e, no meu caso concreto, impossibilitando-me o acesso à paragem, seja por entre as vigas, como habitualmente fazia, seja contornando o sinal, uma vez que a distância até ao extremo do passeio é de, literalmente, apenas alguns centímetros. Assim, para aceder à paragem tenho de realizar diariamente um percurso alternativo, que se traduz em entrar em contra-mão, a partir de um ponto de acesso de um posto de abastecimento de gasolina até a um ponto em que o passeio é suficientemente baixo para a cadeira poder subir, arriscando-me a colidir com um dos autocarros que percorrem o corredor BUS ou um dos carros que se desvie para a faixa BUS para se abastecer de combustível.

Contactada a Junta de Freguesia do Beato, fui informado de que o assunto ultrapassava as suas competências, remetendo a resolução do problema para a Câmara Municipal. É com alguma tristeza que constato que o nível de representação local mais próximo - e cujo Presidente é por inerência de funções deputado da assembleia municipal e, certamente, melhor conhecedor da estrutura orgânica da C.M. de Lisboa - não possa diligenciar no sentido de resolver um tão simples problema.

Anteontem, fui simpaticamente abordado por um dos vossos bloggers, no sentido de melhorar um outro ponto de acesso ao meu local de residência, com quem acabei por desabafar sobre a situação que relatei e que me instou a expor a situação no vosso blog.

E é nesse sentido que vos contacto agradecendo, desde já, a vossa colaboração e a influência que um movimento altruísta de cidadãos, como o vosso, no ciberespaço possa conduzir a uma maior rapidez na solução de problemas deste quase risível grau de simplicidade e que o Poder Público parece persistir em relegar para segundo plano.

Envio em anexo duas fotos representativas da situação que descrevo.

Cordiais saudações,

João Miguel Simões

11 comentários:

R Dias disse...

É preciso ter muita coragem e paciência para ser andar na rua com mobilidade reduzida.

No entanto, não desista dos seus direitos

p.s.- Envie também para o blog Passeio Livre.

Anónimo disse...

pelos vistos o mais importante, que é contactar a CML, não foi feito. caro João Simões, telefona para a Lisboa Alerta (808203232) e vais ver que a situação depressa se resolve.

contactar a JF é perder tempo; usar este blog como meio de mensagem também não é o apropriado.

J A disse...

Ou seja....uma situação a corrigir ainda ESTA SEMANA !!!!

Anónimo disse...

E porque não usa o veículo porta-a-porta da Carris para passageiros deficientes?

Luís Alexandre disse...

De facto, João Miguel Simões, começe por tentar a linha LX Alerta. No entanto, tomava a liberdade de sugerir que faça uma exposição do assunto, por escrito, ao Sr. Predidente e Vice da CML e mais, ao Provedor de Justiça e aos grupos parlamentares dos partidos com assento na AR.
É com muita tristeza que nós, pessoas sem mobilidade condicionada, tomamos conhecimento das dificuldades sentidas por concidadãos num dos direitos mais básicos em democracia; o direito de ir e vir.
É com muita vergonha que ontem constactei (e de resto já tinha havido um post sobre isso neste blog)que cerca de metade das estações do metro em Lisboa não tem acesso a pessoas com mobilidade reduzida.
É com muita vergonha que todos os dias verifico que o acto de atravessar uma rua em segurança muitas vezes só é acessível a pessoas sem mobilidade reduzida, pois é necessário vencer uma parede de carros.
É com muita vergonha que vejo alguns edifícios públicos com o elevador especial para fazer subir as cadeiras de rodas, mas muitas vezes o passeio que deveria dar acesso ao tal edifício é um obstáculo intransponível.
É com muita vergonha que não vejo nenhuma entidade ou força política olhar para todos os cidadãos como iguais, apenas o fazem quando transporta consigo algum mediatismo.
Um bem haja e boa sorte

J A disse...

E não esquecer a cambada de egoistas que ocupa os passeios com os seus carrinhos....

Lourenço disse...

este é um dos grandes problemas de mobilidade em Lisboa.E daqueles que ninguém parece querer resolver.

Raul Nobre disse...

Comentário ao comentário do Anónimo das 8:00 horas:

"E porque não usa o veículo porta-a-porta da Carris para passageiros deficientes?"

Não gosto de ser demasiado agressivo nos meus comentários. Mas o seu, conseguiu irritar-me um bocadinho... Parto do princípio que, dada a hora a que o senhor escreveu, ainda estaria ensonado.
Quando, para o mês que vem, o senhor for atropelado naquela rua em que passa tantas vezes (Julgava que só acontecia aos outros?), e ficar paraplégico, não deixe de me telefonar para eu lhe poder dizer que utilize o tal veículo porta-a-porta.

João Simões disse...

Gostaria de explicar a todos que a única razão pela qual não utilizo os autocarros especiais da Carris reside no facto de serem poucos para os utilizadores com mobilidade reduzida a cidade toda. Como tenho a "sorte" de ter autocarros normais da CARRIS equipados de rampas de acesso (e gostaria de deixar aqui o meu expresso louvor à empresa pela prossecução da política de melhoria de acessibilidades a Pessoas de Mobilidade Reduzida) directos entre o meu local de residência e de trabalho, achei que não devia estar a "ocupar" os autocarros especiais para outras pessoas que mais necessitem (leia-se, que ainda não têm autocarros normais equipados com rampas perto de casa e/ou trabalho e/ou unidades de saúde)...

O meu problema é o de acessos: este sinal de trânsito vergado e desproporcionado para o passeio onde está, passeios da cidade onde não um desnível que permita a minha cadeira subir...

Saudações cordiais a todos!

João Simões

Dario Silva disse...

Uma pergunta: o vereador da área já tem conhecimento da situação?

Se sim, já agiu? - aparentemente... não...

Uma democracia decente não corta cabeças, pois não?

João SImões disse...

Sim, caro Dário, inclusivamente já recebi um e-mail da Câmara, por gentil intercessão do Paulo Ferrero (organizador do blog), a confirmar a brevidade da resolução do problema, mas continua por resolver e passo pela mesma situação todos os dias que vão passando...

Saudações cordiais,

João Simões