In Público (10/11/2009)
Por Inês Boaventura
«Auditoria recomenda a adopção de um plano para a mobilidade e de um novo sistema de bilhética, bem como o saneamento financeiro da empresa
O Tribunal de Contas (TC) concluiu que o Governo tem vindo a impor à Carris a prestação de serviço público, "que ela cumpre com padrões de crescente qualidade", e a prática de determinados tarifários sem fornecer "o financiamento necessário, não contratualizando as obrigações de serviço público e, consequentemente, não assumindo uma obrigação sustentada ao seu financiamento", nomeadamente repondo o capital social perdido. Esta é uma das conclusões da auditoria realizada à Carris entre 2003 e 2007, período no qual a empresa "perdeu 40,4 milhões de passageiros", apesar de ter recebido do Orçamento do Estado 201,4 milhões de euros e de ter aumentado a sua dívida bancária em 242,3 milhões.
O TC considera que assim se prova que "os investimentos que têm vindo a ser realizados nas empresas públicas de transporte urbano não estão a ser capazes de fidelizar e captar utilizadores", acrescentando que a solução passa por "complementar esses investimentos com outras medidas que visem a criação e a dinamização de um sistema de mobilidade eficaz".
Falta intermodalidade
Em Lisboa, critica o TC, "não é possível afirmar que exista um sistema de intermodalidade", verificando-se que "as empresas vão-se adaptando, reactivamente, às alterações das ofertas umas das outras, não havendo prévia concertação entre as respectivas ofertas". Na auditoria considera-se ainda "excessiva" a diversidade de tarifários, que "não estimula a intermodalidade, não potencia a utilização dos transportes públicos nos percursos não habituais".
No relatório datado do fim de Setembro, os auditores lembram que a repartição da receita resultante da venda dos passes intermodais "é feita com base em dados recolhidos em inquéritos realizados em 1989", o que faz com que "as operadoras mais utilizadas pelos detentores dos passes estejam a ser financeiramente penalizadas por estarem a financiar as menos utilizadas".
Em relação à Carris, o TC destaca que a empresa presta "um serviço de crescente qualidade", tendo a taxa de cumprimento dos serviços ultrapassado os 99 por cento, sendo certo que o transporte individual, "que lhe retém potenciais clientes e lhe prejudica a regularidade e a celeridade do serviço", é o seu "forte concorrente". Na auditoria, a transportadora é criticada por ter limitado o acesso aos seus autocarros a clientes com bagagens de uma determinada dimensão, mas também por ter uma provedoria do cliente sem "independência e autonomia" e que não está "fisicamente acessível".
No capítulo das recomendações, o TC apela ao Governo para que "impulsione a formalização célere de um plano estratégico para a mobilidade da área metropolitana de Lisboa" e "fomente a implementação de um sistema de bilhética e de zonamento tarifário comum às operadoras de transporte público urbano". Os auditores recomendam ainda que, "quando oportuno", se proceda ao saneamento financeiro da empresa e à reposição do seu capital próprio. À empresa pede-se que pondere a eliminação de "benefícios, subsídios e prémios que não incrementam nem a produtividade nem a qualidade do desempenho".»
...
A Carris, na parte que me interessa, continua a ter 3 defeitos graves:
1. Transporta os passageiros como se de gado se tratasse.
2. Não cumpre horários.
3. Polui sistematicamente o ar que respiramos.
São contas de outro rosário, sei.
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10 comentários:
enquanto utilizador diário da carris permita-me discordar veementemente da sua opinião!
Sinto-me muito bem tratado nos autocarros, muitíssimo raramente se atrasam e tem feito melhorias muito consideráveis na sua frota, permitindo um ambiente mais saudável!
Os únicos casos de atrasos crónicos que conheço são os autocarros que atravessam a segunda circular e todos aqueles casos onde as faixas bus estão bloqueadas por carros em 2a fila!
Concordo! É de uma enorme injustiça este comentário de Paulo Ferrero. A CARRIS fez uma evolução notável, designadamente ao nível da sua frota e dos seu pessoal. Os autocarros são impecáveis, eficientes, limpos e os motoristas estão bem apresentados, muito correctos e excelentes condutores. A informação ao público melhorou, designadamente com os paineis informativos e na INternet, mas são os horários o calcanhar de Aquiles: sem faixas BUS eficazes, isto não se resolverá.
Realmente os comentários à Carris são despropositados. As deficiências do serviço da Carris são causadas por factores que não dependem deles. O excesso de automóveis na cidade,o estacionamento em segunda fila, o desrespeito pela faixa bus, isso sim são coisas que tornam a velocidade e utilidade dos autocarros pouco satisfatória.
Outro problema que detectei é a excessiva frequência de paragens (quase de 300 em 300 metros) mas que se compreende devido á idade média elevada dos utentes...
que comentarios infelizes.
Se a carris se atrasa nao é por culpa da carris mas sim por culpa dos carros que ocupam a estrada toda, ou por falta de faixas bus (que nao sao responsabilidade da carris)
A carris faz o que pode, mas nao pode fazer milagres.
"1. Transporta os passageiros como se de gado se tratasse.
2. Não cumpre horários.
3. Polui sistematicamente o ar que respiramos."
1. E o metro, Fertagus, etc? Creio serem bem piores neste ponto;
2. Porque será? Merece um comentário mais elaborado.
3. Indique estudos que o comprove... há pelo menos outros transpores a poluir o ar da cidade, um deles são as centenas de milhares de automóveis que entram diariamente em Lisboa, outro são os aviões.
Como utilizador diário só posso discordar veementemente de todos os 3 pontos apontados pelo Paulo Ferrero:
1- Conhecendo serviços de autocarros urbanos em muitas cidades da Europa e Estados Unidos, poucos conheço com os elevados padrões de limpeza, qualidade e respeito pelo utilizador pelos quais a Carris se pauta.
2- Os horários são cumpridos escrupulosamente. Isto é ainda mais meritório considerando que a organização do trânsito e estacionamento dos transportes individuais em Lisboa muito dificulta este cumprimento.
3- A carris "polui sistematicamente"? Pura e simples especulação. A frota da Carris é das mais modernas que conheço. Para dar um exemplo, o 782 e o 28 transportam de manhã, contas por alto, 12 pessoas por minuto do terreiro do paço ao parque das nações. Durante 3 horas da hora de ponto isto dá, grosso modo, 2160 pessoas transportadas. Só de imaginar o que poluiriam estas 2160 pessoas se usassem o transporte individual motorizado até me arrepia.
Este comentário de Paulo Ferrero sobre a CARRIS é conversa de quem precisa de arranjar uma desculpa para não pôr os pés nos transportes públicos, pelo menos com frequência. Se perguntarem a qualquer automobilista o que pensa dos transportes públicos, a resposta será sempre semelhante: sujos, atrasam-se, caros, pouco pontuais. Assim se limpam as consciências poluidoras...
Fico contente por tanto visitante deste blogue andar de autocarro. E que estão satisfeitos com o serviço prestado pela Carris. Ainda bem!
Pela parte que me toca, não estou.
O que sugere para melhorar?
A Carris só presta o bom serviço que presta, por não ser uma empresa sustentavel.
Com a sustentabilidade que lhe querem impor esqueçam a renovação de frota com veiculos novos, passa a fazer como as privadas que abatem autocarros com 30 anos em troca de uns mais modernos com 20 anos comprados em sucatas pela Europa fora. Horários com intervalos de 20 minutos esqueçam, passa um autocarro apenas quando o fluxo de passageiros o encher mesmo que sejam só dois ao dia como acontece na Vimeca ou TST.
Os motoristas passam a ter horário de trabalho de 15 ou 16 horas por dia e com baixos salários que é para não se recusarem a fazer horas extraordinarias embora estas não sejam pagas como tal. Se os acidentes aumentarem não culpem o motorista de ter adormecido porque com jornadas de trabalho de 16 horas e com apenas 6 horas de descanso entre dois dias de trabalho é normal que o motorista não tenha dormido tudo, nem descansado das 50 e tal horas que passou ao volante nos ultimos 4 dias. Ou uma falha de travões no autocarro porque em veiculos com um desgaste superior a 3 milhões de quilometros não se pode esperar milagres.Esqueçam as revisões gerais a autocarros, eles só passam a arranjar o que se estragou de vez e precisa mesmo de ser substituido. Controlo de pragas passa a ser considerado um luxo, por isso não se queixem se apanharem pulgas ou se sentirem asma porque são alergicos a baratas. Passes e titulos a preços sociais é para acabar, a empresa tem que ser sustentavel logo cobra valores de mercado. O gasóleo está caro e para um autocarro velho é normal ter um consumo superior a cem litros aos cem quilometros, mas por questões ambientais são desactivados os ares condicionados para se diminuir um pouco esse consumo.
Boa sustentabilidade é o que vos desejo.
Para umas coisas é socialista e gosta muito da igualdade, mas depois ter que andar no mesmo veiculo que o resto do povo já não. Sou fino demais para isso! Os socialistas são de partir a moca.
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