02/02/2010

Arquivo Histórico abre ao público em Julho após quase oito anos sem instalações

In Público (2/1/2010)
Por Inês Boaventura

«A documentação, que remonta ao século XII e inclui o espólio de diversos arquitectos, vai ficar acessível ao público nas caves de um edifício situado no Bairro da Liberdade

Críticas à falta de condições dos arquivos municipais


A documentação do Arquivo Histórico da Câmara de Lisboa, cujas instalações foram encerradas há mais de sete anos por razões de saúde pública, deverá voltar a estar acessível ao público em Julho de 2010. Só nessa altura, segundo a vereadora da Cultura, estarão concluídas as obras em curso no edifício do Bairro da Liberdade, onde funciona o Arquivo Intermédio, e que vão permitir albergar aquele espólio.

Esta informação foi prestada pela vereadora Catarina Vaz Pinto ao Fórum Cidadania Lisboa, que, em Novembro de 2009, questionou a autarquia sobre a situação "alarmante e vergonhosa" do arquivo municipal, actualmente dividido entre um conjunto de edifícios com os quais o movimento considera que "não estão asseguradas as melhores condições de conservação dos espólios, nem de atendimento aos cidadãos".

O arquivo histórico - que integra documentos da história da cidade que remontam ao século XII, bem como os espólios dos arquitectos Cassiano Branco, Keil do Amaral e Ruy Athouguia - foi transferido para as caves de um edifício de habitação social em Sapadores, na sequência do incêndio verificado nos paços do concelho, em 1996. Essas instalações acabaram por encerrar no fim de 2002, depois de o Instituto Ricardo Jorge as ter considerado impróprias em termos ambientais e de saúde pública.

Desde essa altura, admite a vereadora da Cultura, "grande parte da documentação do arquivo intermédio e toda a documentação do arquivo histórico encontram-se inacessíveis", podendo apenas ser consultados, nas instalações do Bairro da Liberdade, os documentos que já se encontram microfilmados e digitalizados.

O antigo presidente da câmara Santana Lopes chegou a anunciar a construção de um centro cívico no Vale de Santo António, que albergaria a totalidade dos arquivos camarários e a biblioteca central. Depois de terem sido gastos perto de três milhões de euros com o projecto e a escavação e contenção de terras, António Costa desistiu da empreitada.

Catarina Vaz Pinto explica que "as obras iniciadas em 2002, no Bairro da Liberdade, pararam em 2004, só tendo sido retomadas no ano passado", acrescentando que a sua conclusão está prevista para Março de 2010. Depois disso, diz a vereadora enquanto garante que a obra é uma das suas "mais prementes preocupações", serão necessários três meses para "a limpeza de instalações, o transporte da documentação e a sua arrumação".

Com esta solução, continuarão "fracturados pela cidade", como criticou o Fórum Cidadania Lisboa, os arquivos da Câmara de Lisboa. Os arquivos histórico e intermédio (constituído essencialmente por processos de obras) ficam no Bairro da Liberdade e o arquivo administrativo (com documentação produzida pelos serviços municipais desde 1630) no Arco do Cego. Já o arquivo fotográfico funciona na Rua da Palma.»

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