03/01/2011

Av. Brasil: manual da hegemonia automóvel no espaço público II

A Avenida do Brasil em Lisboa é um triste exemplo de como temos deixado o espaço das nossas cidades ser conquistado pelo automóvel. Esta avenida é particularmente interessante por ser uma avenida (1) moderna, (2) larga, (3) numa das áreas onde houve planeamento urbano digno desse nome, (4) central, (5) com metro a 300m, (6) servida por imensos autocarros, (7) foi abençoada pelo plano de ciclovias, resumindo, teria tudo para ser um bom exemplo.

4. Estacionamento ilegal no passeio

Não seria uma avenida lisboeta se não houvesse dezenas de carros no passeio 24h por dia. Seja a meio,

seja em frente às travessias dos peões.

5. Circulação de carros no passeio

Outro clássico de Lisboa

6. Estacionamento LEGAL no passeio

A Avenida do Brasil é um dos casos onde um ignóbil presidente da junta decidiu legalizar a ocupação do espaço do peão.

19 comentários:

Anónimo disse...

É nesta avenida que o sr. vereador do urbanismo tem o seu (ex?)atelier RISCO. Entre o campo grande e a avenida de roma. Como suspendeu a sua actividade liberal, já não vai lá tantas vezes, certo? Mas não poderia promover uma melhoria? Afinal sempre é vereador do urbanismo. E arquitecto.

Xico205 disse...

Mas sempre que eu disse que havia estacionamento legal nos passeios diziam que não!!!

Agora engolem. Toma embrulha.

Anónimo disse...

Há certamente uma falta de civismo em tudo isto. Mas há também uma responsabilidade camarária que através do lunático vereador Sá Fernandes ainda não percebeu que não é proibindo a utilização do automóvel na cidade que resolve o problema. O problema resolve-se com parques de estacionamento, pequenos parques em toda a cidade e uma rede de transportes públicos eficaz. Há centenas de garagens de prédios encerradas que poderiam servir de parques. Em vez disso, são armazénsetc. Com carro da CML e motorista a preceito, o Sr. Vereador naturalmente que não se preocupa com o drama do estacionamento. É mais simples duplicar o valor das multas que muito jeito faz à EMEL.

lmm disse...

Eetou curioso para ver como vai resultar a requalificação da Av. Duque d'Àvila. Se como espero, resultar num aumento do comércio de qualidade e se tornar num espaço aprazível disfrutado em massa pelos peões, tenho esperança que se torne uma referência para futuras requalificações e futuro modelo de urbanismo.

Ou então sou eu que sou muito anjinho e ainda acredito nisso...

Anónimo disse...

Meu caro anónimo, a mera existência de parques não resolve o problema do estacionamento à superfície e legalizado em cima dos passeios. Veja-se o caso da Alameda onde há um parque subterrâneo de vários pisos em que um deles está sempre fechado e os outros estão pouco ocupados. À superfície é ver lugares desenhados em cima da calçada e uma av. de comércio bem bonita como a Guerra Junqueiro a ser descaracterizada pelo excessivo estacionamento em espinha.

Ou seja, tem que se proibir de algum modo, ou Obrigar (significa o mesmo) que os utilizadores de automóveis usem os parques subterrâneos que custaram milhões e que quem não prejudica a cidade não usando lá o automóvel não tenha de pagar...

Ou isso ou valorizar os lugares à superfície ao triplo do preço, por exemplo...

AC

Xico205 disse...

Anónimo disse...
Há certamente uma falta de civismo em tudo isto. Mas há também uma responsabilidade camarária que através do lunático vereador Sá Fernandes ainda não percebeu que não é proibindo a utilização do automóvel na cidade que resolve o problema. O problema resolve-se com parques de estacionamento, pequenos parques em toda a cidade e uma rede de transportes públicos eficaz. Há centenas de garagens de prédios encerradas que poderiam servir de parques. Em vez disso, são armazénsetc. Com carro da CML e motorista a preceito, o Sr. Vereador naturalmente que não se preocupa com o drama do estacionamento. É mais simples duplicar o valor das multas que muito jeito faz à EMEL.

12:29 AM

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Toda a razão.
O problema é que os politicos´há muito que não são pessoas normais e não fazem ideia do que são as pessoas normais. Cada um vê o Mundo de acordo com a sua condição social. A visão das coisas varia de pessoa para pessoa de acordo com a sua experiencia de vida, a experiencia de vida dos politicos é andar de carro de alta cilindrada com motorista enquanto acusam os que têm carros de baixa cilindrada de poluirem!!! Só andam pelas faixas BUS e acusam as pessoas que andam de carro de causarem transito, etc..
Não andam na rua, não vão ás compras porque passam a vida em almoços e jantares pagos etc...

E depois claro está, governam para a elite porque são as pessoas com quem convivem. O cidadão comum há muito que não tem quem o represente na politica.

Carlos Medina Ribeiro disse...

«Dá o que não é teu» foi um dos 3 famosos conselhos que Álvaro Pais deu ao Mestre de Avis em 1383.

Continua a ser seguido por muita gente - neste caso autarcas que oferecem, a particulares, espaço público como se fosse deles:

Os passeios laterais do lado poente da Alameda D. Afonso Henriques também foram entregues à EMEL...

Carlos Medina Ribeiro disse...

Já agora:

Na Rua Guilhermina Suggia (ao Areeiro) e na Av. Gago Coutinho o estacionamento em cima do passeio também está 'legalizado'.

Pode haver quem não saiba, mas o Código da Estrada prevê mesmo um sinal de trânsito para essas situações...

Anónimo disse...

o estacionamento sobre o passeio é uma vergonha, uma marca da coberdia, da miopia e do atraso cultural dos nossos autarcas.

a falta de civismo tem as costas muito largas. se os autarcas quisessem mesmo o estacionamento sobre o passeio já tinha acabado.

agora esta de o permitir com marcas e placa própria é que já é ignóbil, de facto...!

Xico205 disse...

Então agora já não sou maluco e ignorante e mais não sei quê quando digo que há legalidade em estacionar nos passeios?

Pois é, agora vê-se quem são os ignorantes que desconhecem a lei!!! Como se o desconhecimento da lei servisse de atenuante!

Filipe Melo Sousa disse...

O estacionamento no passeio é uma evidência de que há falta de lugares de estacionamento em Lisboa. Apenas isso. Não vai pedir àquelas pessoas para não irem trabalhar ou dormir a casa, pois não?

Pedro Homem de Gouveia disse...

Caro FMS,

É verdade que estacionamento sobre o passeio é um bom indicador de que não há resposta suficiente para a procura existente.

Mas o facto é que é, também, um acto de flagrante ilegalidade, que força muitos peões a circular no passeio, com perigo para a própria vida (e note que muitos não têm a mesma capacidade que o FMS para ver, ouvir, andar e gerir o risco).

Há dois factos adicionais nisto, que não podem ser esquecidos:

1) Pode "não dar jeito" ir estacionar mais longe (por muito longe que isso seja), mas quem estaciona sobre o passeio está, literalmente, a sobrepor o seu conforto aos direitos dos outros. Julgamentos morais à parte, está a ser egoísta. Isto também é um facto.

2) Além disso, o desajuste entre a procura e a oferta não quer necessariamente dizer que a "culpa" seja da falta de oferta... Porque é que o ónus desta situação há-de recair sobre a Câmara, e não sobre quem comprou carro sem ter a certeza de que teria lugar para estacionar? É que a nossa cidade não tem espaço para udo, não é?

Miguel Carvalho disse...

Pedro Homem de Gouveia,

concordo com o que diz, mas não quando diz que "há falta de lugares de estacionamento". O que há falta é de vontade de pagar por ele, como o Carlos Medina Ribeiro tem mostrado no Carmo e a Trindade. Os estacionamentos que existem estão sempre vazios.

Xico205 disse...

Uma pessoa não paga já impostos que cheguem por ter um carro e ainda ia pagar para estacioná-lo?

Quer dizer as instituições publicas, só não roubam mais porque não conseguem!!!

Já que o imposto de circulação municipal serve para tudo menos para arranjarem estradas, ao menos dêm estacionamento à borla. É o minimo que os governantes podem fazer.

Pedro Homem de Gouveia disse...

Caro Miguel Carvalho,

Generalizar é um erro, e nalgumas zonas da cidade o Miguel tem razão.

Isto lembra-me de um sábado de manhã, em Campo de Ourique, quando verifiquei que num cruzamento as 4 (quatro) passadeiras estavam bloqueadas por carros estacionados ilegalmente. Os peões tinham de adivinhar por onde passar. um caos.

E na esquina, de mãos nos bolsos, estavam... dois polícias!

Dirigi-me a eles e o diálogo foi interessante:

-- Srs. agentes, não vão multar estes carros?
-- Não, porquê?
-- ...porque estão sobre as passadeiras?
-- Sim, mas as pessoas não têm mais onde estacionar, temos de ter consciência [ipsis verbis].
-- Mas ali a 100m há um parque de estacionamento com 180 lugares.
-- Ah, mas esse é a pagar [como quem diz: esse não conta]
-- Mas o que a lei diz é que é proibido estacionar sobre a passadeira...
-- Mostre-me a sua identificação, se faz favor...

E pronto, end of conversation. Isto foi há 10 anos. Aposto que se os encontrasse hoje a conversa era a mesma...

Pedro Homem de Gouveia disse...

Caro Xico 205,

Concordo consigo em parte.

Mas com o devido respeito, permita-me primeiro lembrar que o espaço público é de todos, e o carro é só seu.

Os impostos que paga não são renda pelo espaço que ocupa, mas fonte de financiamento para a prestação de serviços pelo Estado.

Que o IUC devia ser integralmente investido na conservação da via pública - concordo consigo, mas não deixava de ser justo que também fosse gasto em medidas de mitigação do impacto do automóvel na vida urbana (poluição sonora e atmosférica). E que o Estado mostrasse as contas disso.

Miguel Carvalho disse...

Incrível essa história. Tenho a certeza que hoje também aconteceria.

Xico205 disse...

Pedro Homem Gouveia, fazemos um acordo. Primeiro a Câmara Municipal de Lisboa cumpre com as suas obrigações. Quando não houver estradas em mau estado a prejudicar a segurança e bom funcionamento do veiculo, atacam o estacionamento não pago.

Uma vez que a câmara é uma instituição do Estado comecem eles por dar o exemplo.

Enquanto a câmara não cumprir com as suas obrigações não tem legitimidade nenhuma para esturquir ainda mais os proprietários de automóveis. É que já chega a extursão que é o IUC sem que ninguem veja resultados práticos.

Eu como proprietário automóvel e municipe de Lisboa não aceito que me esturcam ainda mais sem me darem contrapartidas, até porque para conseguir que os ladrões da câmara paguem um arranjo no carro pelo qual são responsáveis, tenho que andar vários anos em tribunal. E mesmo depois do juiz os condenar a pagar, só pagam depois de eu lhes pôr uma injunção a pedir o arresto da viatura oficial do presidente da câmara como pagamento da dívida.

Xico205 disse...

Miguel Carvalho disse...
Incrível essa história. Tenho a certeza que hoje também aconteceria.

8:10 PM

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Incrível não, normal. Nem todos os policias são obtusos! Estes parecem ser pessoas normais com sentido normal de ver o óbvio. Louvados sejam estes agentes.

Eu tambem estou farto de apanhar agentes desses.