Exmo. Sr. Presidente da CML
Dr. António Costa
CC. AML, Vereador Urbanismo, Vereador Espaço Público, DGPC, Media
Vimos pelo presente protestar veementemente pela estética de manifesto mau gosto e completamente inapropriada ao espaço público nobre da cidade de Lisboa, por que se têm vindo a pautar as mais recentes intervenções da Câmara que V. Exa. tutela, nomeadamente em zonas 'clássicas' como o Miradouro de Santa Catarina e a Rua da Vitória (de que anexamos fotos) e, mais recentemente, em plena Praça do Areeiro; uma entrada importante na cidade para quem chega de avião e numa praça que é, para quem ainda não saiba, um símbolo do nosso Modernismo, por mais atentados que tenha sofrido ao longo das últimas décadas e sofreu muitos.
Lembramos a V. Exa. que estes três locais poderão não parecê-lo neste momento, mas são espaços históricos da nossa cidade, que a nosso ver merecem um tratamento melhor por parte de quem planeia e executa as operações de requalificação do espaço público e, sobretudo, por quem decide!
Pautarem-se estas intervenções na Lisboa histórica por critérios estéticos, funcionais e de materiais típicos de uma qualquer intervenção na periferia da cidade à luz do programa POLIS, parece-nos grave. Induz a distorções graves na harmonia dos elementos históricos presentes e a descaracterizações com consequências negativas aliás para o turismo, as actividades económicas (ex. comércio, utilização de cenários para cinema) e o próprio investimento imobiliário, que se pretende de bom gosto.
Por outro lado, seria bom que doravante os Planos de Pormenor e de Salvaguarda fossem claros quanto à escolha de materiais e às opções estéticas a implementar nas operações de espaço público associadas às operações urbanísticas. O exemplo da Rua da Vitória é sintomático e temos sérias dúvidas se o Plano de Salvaguarda da Baixa Pombalina teria sido aprovado se esta intervenção com este material tivesse ficado explícita no seu texto.
Mais, é confrangedor assistir-se à bizarria de ser a própria CML a pugnar pelo desaparecimento da calçada portuguesa da zona histórica da cidade, ela que é um dos ex-libris da própria cidade. Como é possível? Tememos que a breve trecho a calçada portuguesa seja somente possível de apreciar extra-muros o que, a nosso ver, será vergonhoso para todos nós.
Apelamos ao bom senso do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa para remediar, quanto antes, esta situação, pois não queremos uma Lisboa histórica transformada em Parque Expo II.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Júlio Amorim, Nuno Caiado, Miguel Lopes, Jorge Lopes, Luís Marques da Silva, João Oliveira Leonardo, João Filipe Guerreiro e Virgílio Marques
12 comentários:
Assino por baixo.
Muito Bem! Apoiado !
Não se preocupem, calçada portuguesa há muita, continuará a haver e no Rio de Janeiro toda a gente a odeia.
Não sei quem é essa "toda a gente" no Rio? Eu gosto e muitos também. Está por todo o lado na publicidade sobre o Rio.
Essa no adamastor é particularmente horrível.
Que gente é esta que está a ser chamado para trabalhar em projetos destes? Muito suspeito.
"Cristóvão Duarte, professor de arquitectura da Universidade Federal do Rio de Janeiro, diz que as pedras portuguesas são económicas e ambientalmente sustentáveis.
“A pedra portuguesa é uma arte urbana. Isso é muito importante, além de ser uma técnica inteligente, porque é sustentável. A técnica é económica, as pedras são sempre reaproveitadas, não causam cicatrizes quando é necessário fazer uma intervenção na calçada ou na praça, porque se desencaixam e encaixam de novo.
É uma técnica muito ajustada aos desafios do século 21”, concretizou.
“Ao longo dos anos, o Rio perdeu um pouco a capacidade de assentar correctamente as pedras portuguesas e precisamos recuperar essa capacidade. Por isso, este convénio com a prefeitura de Lisboa, trazendo os melhores calceteiros de Portugal para fazer um curso de reciclagem dos calceteiros cariocas e também formar oito novos mestres calceteiros do Rio de Janeiro, para que possamos replicar esse conhecimento e formar uma nova geração”, afirmou Carlos Osório."
"Calçada portuguesa considerada uma das oito mais belas atracções mundiais de cidades"
"Perdemos a capacidade de criar cidades atraentes?”. Esta é a pergunta que o conceituado Financial Times tenta responder, em forma de artigo jornalístico, numa das suas últimas edições. O jornal britânico publicou um longo texto sobre as cidades e aquilo que as torna mais belas: detalhes que trazem turistas, apaixonam recém-chegados e mantêm orgulhosos os locais."
~https://www.google.com/search?q=calçada+portuguesa+elogiada&rlz=1C1TEUA_enPT476PT476&oq=calçada+portuguesa+elogiada&aqs=chrome.0.69i57.6692j0&sourceid=chrome&ie=UTF-8
Calçada portuguesa do Rio entra na era digital:
"Na cidade maravilhosa a tradicional calçada portuguesa na praia de Ipanema acompanha os tempos e tem agora padrões que podem ser lidos por dispositivos móveis. São códigos bidimensionais que direcionam aparelhos como telemóveis para informações úteis."
http://pt.euronews.com/2013/01/26/calcada-portuguesa-do-rio-entra-na-era-digital/
O problema na nossa bela calçada portuguesa é que já existe poucas pessoas que a saibam assentar e pouquíssimas que queiram aprender.
Há e claro os interesses económicos de quem tem muita pedra daquela pra despachar.
Já era altura de abolir a medonha calçada portuguesa, porca, artesanal, inestética e impraticável, sempre desfeita, com pedras soltas. O pior dos dois mundos.
Na Lisboa Fenicia não havia calçada á Portuguesa...
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