08/01/2009


"ACP encomendou estudo para provar que alterações ao tráfego em Lisboa são inviáveis -08.01.2009, Ana Henriques -PUBLICO

Intenções camarárias para retirar trânsito da Baixa lisboeta serão submetidas a discussão pública. O ACP ameaça recorrer da medida para os tribunais

O Automóvel Clube de Portugal (ACP) encomendou um estudo de mobilidade destinado a provar que são insustentáveis as alterações ao tráfego que a Câmara de Lisboa quer levar a cabo na Baixa, das quais se destaca a proibição da circulação de automóveis particulares nas laterais do Terreiro do Paço. Caso os seus esforços não surtam efeito, o ACP ameaça recorrer aos tribunais para impugnar a decisão da autarquia.
A câmara aprovou ontem a submissão do novo plano de circulação a discussão pública para recolha de sugestões. A ideia é que os automóveis que usam a Baixa para chegar a outros pontos da cidade - o chamado "tráfego de atravessamento" - deixem de o fazer, para reduzir a poluição atmosférica e sonora na zona. Assim, quem descer a Av. da Liberdade e chegar à Baixa será mandado para trás no último quarteirão da Rua do Ouro, sendo impedido de atingir a frente ribeirinha. Apenas os transportes públicos ficam com direito a chegar por aqui à Praça do Comércio, e mesmo assim com restrições: está previsto que duas das vias que ladeiam a praça, a nascente e a poente, não tenham qualquer espécie de tráfego. Na zona da Baixa a circulação dos automóveis particulares à beira-rio fica confinada às vias paralelas ao Tejo - Santa Apolónia/Cais do Sodré/Alcântara - pela Ribeira das Naus, topo da Praça do Comércio junto ao rio e pela Infante D. Henrique. Contestado por praticamente toda a oposição camarária, que entende que o impacto destas transformações não foi suficientemente estudado, o plano inclui a construção de dois parques de estacionamento subterrâneos para moradores e comerciantes, no Campo das Cebolas e junto às agências europeias do Cais do Sodré. Certo de que as alterações do tráfego afectarão gravemente a mobilidade em Lisboa, o ACP diz que receberá o estudo que encomendou no próximo dia 16.
Ontem também foi aprovada uma proposta da vereadora Helena Roseta que visa criar alguma habitação a custos controlados na Baixa. A autarca quer usar a lei dos solos para levar os promotores a vender ou alugar parte das casas a preços abaixo do habitual, mas o assunto ainda vai ser alvo de estudos jurídicos e económicos. "

12 comentários:

Anónimo disse...

Por motivos particulares que não vêm ao caso, tenho passado várias vezes, aos domingos, da Av. 24 de Julho para a Av. Infante D. Henrique (e volta) e aquilo, além de um caos, uma bagunça e demoras desnecessárias, uma vergonha: o pavimento, nomeadamente na Rua da Alfândega, é uma lástima que evergonharia qualquer cm com vergonha na cara.

Agora imaginem o que tal seria nos dias da semana!

Promover o transporte público, sim, mas com um mínimo de discernimento.

Anónimo disse...

errata: 'é uma vergonha'.

Anónimo disse...

Medidas avulsas e graves. Com consequências inesperadas, em termos comerciais e sociais.
Promover um plano destes é uma total responsabilidade, só beneficia os centros comerciais matando o pequeno comercio.
Surpreendente pois a CML neste mandato tem tantos vereadores arquitectos!

Anónimo disse...

OS VEREADORES ARQUITECTOS ESTÃO LÁ PARA SE SERVIREM A ELES PRÓPRIOS.

ALGUM DELES FEZ ALGUMA COISA PELA CIDADE?????????????????????

Anónimo disse...

"Promover o transporte público, sim, mas com um mínimo de discernimento."

Concordo com esta frase de um leitor do blogue. Só não concordo com a forma como isto irá promover o transporte público: já se ve a vergonha que é demorar 30 minutos de Santa Apolónia ao Cais do Sodré num Domingo, por causa do trãnsito que há pelo fecho da Praça do Comércio.

E ali no esquema, como será possível que esteja previsto que os autocarros deixem de passar em frente ao Sul e Sueste? É que para 2010 está prometido um interface entre o autocarro e o barco, com as carreiras 706 709 e 711 a terminarem mesmo em frente à estação.

Anónimo disse...

Olha se era no tempo «dos outros»... o que diria o Zé se se pensasse construir estacionamentos subterrâneos no Cais do Sodré e no Campo das Cebolas: EMBARGAVA LOGO!!!

Miguel Carvalho disse...

Só agora que vejo o mapa é que acredito nas notícias que por aí existiam.
O plano prevê realmente o atravessamento da Baixa com a excepção do sentido Campo das Cebolas-Norte.

Acho que a CML está de parabéns pelo gesto, pela medida, pela coragem política. Mesmo que o plano não vá avante, mesmo que o plano seja mau (e eu não sou especialista), só posso ficar muito contente por final se assumir que a Baixa não pode ser local de atravessamento do trânsito.

Espero que esta visão se alargue a outros locais da cidade. Tal como escrevi num post recentemente, foi o caso da Guerra Junqueiro já há largos anos, onde bastou inverter o sentido do trânsito para que a avenida deixasse de ser uma via de atravessamento.

Anónimo disse...

reconheço que só assim se obriga os automobilitas que:
a) vêm das avenidas novas e querem ir para alcântara, utilizem a infante santo ou outras:
b) vêm da expo para alcântara, utilizem a EUA ou Mouzinha de albuquerque;
c) vêm de alcântara para a expo, utilizem a av ceuta, D. Carlos I.

Nenhum deles, e são a maioria, não têm de passar pela baixa.

Só um parvo, que quer fazer estes percursos, irá meter-se na rua da alfândega ou na ribeira das Naus.

Talvez agora os lisboetas percebam que afinal existem avenidas que circundam a baixa.

Anónimo disse...

É o que se chama começar a casa pelo telhado. O anónimo que diz "medidas avulsas" tem razão.
Mas também não vou deixar aqui a solução com tantos especialistas, e botar sentença. Temos assistido à resolução destes problemas no país e todos falharam.
Porque será?
Não vale a pena inventar a roda, basta ver, observar e estudar exemplos de sucesso noutros países e introduzir e equacionar a agravante nacional dos Centros Comerciais.

Anónimo disse...

Penso que uma rede de transportes publicos efixaz passaria por reforçar as redes dos electricos.

Filipe Melo Sousa disse...

Em vez de resolver os problemas da cidade, estes autarcas só se preocupam em encontrar mais. Resolver problemas de circulação é uma tarefa que requer recursos e bom planeamento.

Esta alarvidade de plano de "circulação" (ou não será antes plano de congestionamento?) pode sair da mente de qualquer boçal.

Anónimo disse...

Eu gostava muito que se fizesse alguma coisa ao transito excessivo da baixa. Mas a realidade é que não estou a ver o quê... Desviar para onde? É muito complicado.
Só reorganizando totalmente a cidade, e tirando aquela circular À beira rio, é a única forma. Para fazer isso é preciso modificar todo o paradigma da cidade de Lisboa. E isso só um terramoto é que TALVEZ consiga fazer...