03/01/2009

A quinta linha do Metro

A linha verde a grosso representa as linhas da CP

Descubro frequentemente que há muitos lisboetas que não têm noção que existem outras linhas ferroviárias urbanas. Até podem saber que existem as linhas do CP, mas nunca pensam nelas como linhas urbanas quando se deslocam. Seja por falta de hábito, por desconhecimento, por não saberem que é possível fazer percursos dentro da cidade nos comboios, etc.
E não me refiro apenas aos lisboetas cuja deslocação se resume ao "da garagem para a garagem", refiro-me a quem usa o transporte público no dia-a-dia. Para mim, que moro perto da estação Roma-Areeiro, é o melhor transporte para o Parque das Nações e Alcântara/Belém... mas raramente se vê alguém a fazer esses percursos.

A culpa é atribuível à eterna e absurda divisão entre o Metro de Lisboa e CP-Lisboa. A ausência das linhas da CP nos mapas da rede do Metro que estão afixados nos comboios e estações do Metro, e vice-versa (a CP ao menos tem o diagrama acima na sua página, o Metro nem isso!), não pode ser atribuida a outra coisa que não a uma birra de crianças. Se a figura deste post estivesse por cima das nossas cabeças quando estamos no Metro, o problema seria claramente menor... E não custaria muito alterar isso. A isto soma-se o problema da bilhética, os preços diferentes, os horários incompatíveis, a não integração da rede CP no passe L, etc.

Faça um favor à cidade, relembre isto hoje a alguém.

As linhas da CP, apesar de terem uma frequência menor de comboios, têm a vantagem de ter horários fixos, disponíveis aqui.

8 comentários:

lfgalvao disse...

Já há muito que esse facto também me chamou a atenção. No entanto, segundo o que sei, o meu passe Lisboa Viva (apenas metro) não me serve para poder usar a CP, mesmo que só dentro de Lisboa, correcto? O percurso que me daria mais jeito seria Stª Apolónia-Oriente. Aliás, nesse percurso, julgo que seria perfeitamente viável fazer com que todos os comboios parassem no Oriente. O resto do troço poderia ser usado por um sistema de metro de superfície, com frequências mais elevadas. Mas enfim, isso se calhar já seria pedir de mais. Se nem conseguem uniformizar os bilhetes e afixar os diagramas da rede em conjunto...

Nuno Santos Silva disse...

Também defendo que - pelo menos - a linha de cintura deveria ser olhada como uma linha de metropolitano, uma vez que faz aquilo que não é feito por qualquer linha do ML: a ligação entre linhas amarela (entrecampos), azul (sete rios), verde (areeiro) e vermelha (oriente).
Por outro lado, não concordo que a frequência ferroviária seja assim tão menor que a do ML: a verdade é que (dentro da cidade) aliando Fertagus e linhas suburbanas de Sintra e Cascais, o intervalo entre comboios é inferior a 10 minutos.
Por outro lado, como já defendo há muito tempo, a activação do apeadeiro da Quinta do Jacinto (que é logo a seguir à saída da ponte 25 de Abril do comboio da margem sul) permitirá uma fácil e rápida ligação entre Alcântara e o centro da cidade (este assunto já foi tratado neste blogue: http://cidadanialx.blogspot.com/2008/05/lisboa-05-mai-lusa-refer-vai-fazer-uma.html).

Anónimo disse...

A culpa é... de ser necessário comprar dois bilhetes. Um para o Metro e outro para a CP! E com os preços actuais isso dói muito a quem não é filho nem enteado de nenhum Marquês.

Anónimo disse...

A culpa disto tudo é da mentalidade de Idade Média de todos os gestores da infinidade de empresas de transportes públicos que só se olham como concorrentes em vez de colaborarem umas com as outras...

Quando teremos em Lisboa um único bilhete que sirva para metro, comboio urbano, autocarro, eléctrico, barco?
Finalmente sim ouve-se falar em Viva Viagem Zapping mas por enquanto apenas no Metro, Carris e Transtejo.

Quando teremos em Lisboa a mesma sinalética para todos os transportes com mapas a identificar TODOS os transportes independentemente da empresa? Faz algum sentido mapas de autocarros da Carris não mostrarem os autocarros da Lisboa Transportes e vice versa?

Quando teremos realmente uma rede intermodal com horários que se ajustam?

Quando acabará o absurdo de termos 3 autocarros 107 na Grande Lisboa (um na Carris, um na Lisboa Transportes e outro na TST)?

O paradigma que deveria ser seguido pelas autoridades de transportes públicos da Grande Lisboa devia de ser: fazer com que um utente querendo ir de um ponto A a um ponto B o consiga fazer o mais rapidamente possível precisando para isso de uma rede coerente e de informação de fácil acesso. E para tal não precisa de saber se vai com a empresa X ou a empresa Y.
E fazer com que os passes, tão restritivos, permitem mais que as deslocações pendulares casa-trabalho e que acabem com situações aberrantes como a descrita acima pelo fil.

Gostava de saber se quem manda nestes assuntos costuma andar de transporte público ou se apenas anda de popozinho.

Anónimo disse...

A CP Lisboa não é a 5ª linha. Não, nem pensar, quanto muito a questão pode ser vista ao contrário.

"A culpa disto tudo é da mentalidade de Idade Média de todos os gestores da infinidade de empresas de transportes públicos que só se olham como concorrentes em vez de colaborarem umas com as outras..."

Um GRANDE bem-haja a quem escreveu isto e a quem escreveu o post anterior! Se bem que no post transcrito em vez de "emrpesas de transporte" colocássemos Vimeca e Metropolitano de Lisboa, o sentido da frase é totalmente o mesmo, já que a Carris reduz o seu serviço em vassalagem ao metropolitano e a CP faz IMENSA publicidade ao metropolitano.

De Sete Rios ao Oriente nas horas de ponta há um comboio por cada 10 minutos e de Algés ao Cais do Sodré por cada 5, de Alcântara para Sete Rios, Entrecampos, Oriente e mais além só os há de 30 a 30 minutos (para Sete Rios compensa ficar os 30 minutos à espera do que fazer a viagem 751+71+70 ou 12+701). Era necessário que Alcãntara tivesse comboios de 15 a 15 minutos para as estações e apeadeiros até Oriente (incluindo Marvila e Chelas...de Marvila a Areeiro o 793 leva pouco mais de 30 minutos e o comboio apenas 5!)

Eu tenho batalhado por deslocações de comboio dentro da cidade, que juntamente com o rebatimento do autocarro, consegue alcançar níveis extraordinários de deslocação em termos de tempo. E faço-as, pois para além do passe de rede da Carris tenho um passe que me permite viajar em qualquer percurso da CP Lisboa dentro de Lisboa. O L1, por cerca de 39 Euros, permite realizar qualquer DESLOCAÇÃO em qualquer TRANSPORTE dentro da cidade de Lisboa ainda com o bónus de poder chegar aos pontos das periferias próximos da cidade (Cruz Quebrada, Amadora, Bobadela e Cacilhas). Um Carris urbano chega perto dos 23, um Carris rede chega perto dos 28, um Carris Metropolitano urbano chega aos 29 e um Carris Metropolitano rede chega aos 32. Por mais 7 euros pode-se ter mobilidade plena dentro de Lisboa.

Lisboa Rossio - Alfragide em pouco mais de 20 minutos (10 minutos de autocarro mais 6 de comboio e os trocos para o transbordo). Alternativa sem comboio: 36/44/745 de Rossio a M. Pombal + 746 de M Pombal a Estrada de Benfica + 54 ou 799 (consoante a paragem) para Alfragide. Campo Grande - Alcântara em menos de 30 (5 de autocarro mais 10 de comboio o resto para o transbordo e espera). Alternativa sem comboio: 36/701 até Entrecampos + 56/738 no restante trajecto.

Enfim, o principal inimigo da não-utilização da CP Lisboa dentro da cidade resume-se a: SISTEMA TARIFÁRIO. Em conversa com uma utente de transportes públicos que estava em Santo Amaro e queria ir para Sete Rios indiquei-lhe que poderia tomar um autocarro da Carris (727, 751, 742 ou 56) ali de Santo Amaro para a estação de Alcântara Terra e aí tomar o comboio para Sete Rios. A senhora disse-me que não o poderia fazer porque o seu passe era Carris+Metropolitano. Assim sendo, já que não estava disposta a dar 1,20 EUR para se transportar de comboio, disse-lhe para efectuar a viagem no 742 para Rua Maria Pia (Terramotos) e aí transbordar para o 701 até Sete Rios, mas que esperasse uma viagem atribulada porque o 701 anda muito cheio e a demorar mais de 30 minutos (8 no 742, 20 no 701 e ainda contar com tempo de espera). Curioso é que, independentemente da extensão do percurso e do tempo de viagem, de Alcãntara para Entrecampos existem quatro carreiras: 56 (a mais rápida mas que exige um pequeno percurso a pé), 727 (a mais chata de elas todas), 732 (a mais comprida e mais tempo leva) e 738 (pára mais perto que o 56 é rápida, mas não tanto como o 56).

Já agora, além da linha de Cintura, existem carreiras transversais na cidade:
12 Alcantara Mar - S Apolónia
706 P. Comércio - S Apolónia
720 Alcantara - Picheleira
742 Ajuda - Bairro Madre Deus
56 Alcantara - Olaias
750 Alges - Est Oriente

Não sendo as ideiais para fazer um trajecto de ponta-a-ponta (tirando o 56), são as ideiais para complementar outros transportes nas delocações em Lisboa, acabando com aquele velho mito dos anos 80 e 90 que para as delocações maiores dentro de Lisboa, se teria de passar pela Praça do Comércio.

Anónimo disse...

Isto é apenas uma curiosidade vã. No papel até pode parecer que as linhas de comboio se poderiam complementar com a rede de metro, mas tal não é verdade.

A rede de comboios não é nada versátil dentro da cidade. Os intervalos entre comboios são mais longos, o acesso às plataformas é mais complicado.

Além disso não existe inter-moladlidade nos bilhetes simples.

Depois, muitas das conexões não são verdadeiras. A estação de comboios Roma-Areeiro não é nem perto das estação de metro de Roma, nem perto da do Areeiro.


As estações da linha de Cascais, dentro de Lisboa, ficam no meio do nada.

O METRO é o transporte urbano por excelência, porque é algo com que se pode contar.

O comboio é para entrar e sair da cidade.

























видеорегистратор с монитором

Miguel Carvalho disse...

Por momentos, estive para dizer que o último anónimo nem leu o texto antes de o comentar.. mas depois percebi que era SPAM

Maxwell disse...

Pelo menos por agora a desculpa não pode ser desconhecimento ou títulos de transporte. Desde a criação da anedota mal imitada do Porto, o Navegante o problema (exclusivamente para os habitantes de Lisboa) deixa de se pôr.
Também o Metropolitano de Lisboa colocou nos seus diagramas de rede o esquema que inclui as linhas de caminho de ferro de superfície há alguns meses. Contudo, continua a ter dissonâncias completamente descabidas como é o caso da ligação Sete Rios (Jardim Zoológico).