20/02/2012

Loures avisa que entregar a Expo a Lisboa é "abrir a caixa de Pandora"




Por Inês Boaventura in Público

"Isto nunca teve procura enquanto era uma lixeira. Agora que é um filet mignon...", afirma Carlos Teixeira, que critica os deputados no Parlamento


Deve a futura freguesia do Parque das Nações, em Lisboa, alargar-se para lá dos limites do município e absorver a parcela pertencente ao concelho vizinho? Os deputados do PSD, PS e CDS-PP na Assembleia da República entendem que sim, mas o presidente da Câmara de Loures diz que manter tudo como está "é uma questão de bom senso" e alerta para o risco de se estar "a abrir a caixa de Pandora".
"É um princípio muito mau que abre precedentes complicadíssimos", afirma o socialista Carlos Teixeira, defendendo que, se a entrega a Lisboa de parte do seu território for avante, haverá outras autarquias a fazer reivindicações semelhantes. O presidente da Câmara de Loures admite que a Assembleia da República "tem legitimidade" para tomar esta decisão, mas critica os seus deputados por se estarem "a sobrepor aos interesses locais".
Isto porque Carlos Teixeira insiste que a luta que há vários anos vem sendo travada pela Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações (AMCPN), no sentido de esta área com 340 hectares ser integrada numa só freguesia de Lisboa, "não é representativa". "A maioria das pessoas não sente essa necessidade, está-se marimbando se a sua casa fica em Lisboa ou em Loures. O que lhes interessa é haver uma boa gestão", afirma o autarca do PS.
Já o presidente da Câmara de Lisboa, que a julgar pelas posições já assumidas na Assembleia da República vai herdar a única parte da antiga Expo-98 que não lhe pertence, é poupado nas críticas de Carlos Teixeira. "António Costa foi leal e cumpriu até à última o que tinha dito. Só contou com o território que lhe pertencia", constata o autarca de Loures.
Além disso, Carlos Teixeira diz que percebe bem o interesse de Lisboa em ficar com a parcela "mais apetecível" do Parque das Nações, por ser aquela onde a construção "é menos compacta, há mais desafogo" e também pela existência de alguns equipamentos. "Isto nunca teve procura enquanto era uma lixeira. Agora que é um filet mignon...", diz o autarca socialista, questionando por que nunca quis o município lisboeta absorver Camarate, também na fronteira.
"Quando isto era o caixote do lixo de Lisboa, ninguém o queria", corrobora o presidente da Junta de Freguesia de Moscavide, Daniel Lima, sublinhando o impacto negativo que teria perder-se a ligação de Loures ao Tejo.
As reivindicações da AMCPN têm sido replicadas por Pedro Santana Lopes, vereador da oposição na capital, e António Prôa, líder do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa. Este último acusou Loures de ter como motivação "questões financeiras", por "não querer abdicar das importantes receitas do IMI [imposto municipal sobre imóveis]".
Uma acusação que Carlos Teixeira refuta, apesar de reconhecer a importância dos três milhões de euros anuais, que prevê arrecadar com o IMI dos "três a cinco mil" moradores do Parque das Nações, para equilibrar as contas de "uma casa muito grande, com poucos recursos".

6 comentários:

Anónimo disse...

lol mas quem é que quer saber de loures? ´passar o PDN todo para a capital é uma questão de bom senso

Xico205 disse...

E quem é que quer saber de Lisboa? Permanecer em Loures é uma questão de bom senso.

A câmara de Loures sempre chula menos os municipes com o IMI e é mais competente a resolver problemas dos municipes.

Basta olhar para a linha de fronteira para ver que era ridiculo ficar o Parque das Nações todo em Lisboa, a menos que Lisboa receba a totalidade das freguesias de Moscavide, Sacavem, Prior Velho e Camarate.

Anónimo disse...

Esta demagogia, Carlos Teixeira chama a Expo de filet mignon o Saramago disse que a Casa dos Bicos não era filet mignon ambos têm razão e por isso sugeria que a Fundação saramago fosse para a expo e Carlos Teixeira também.
Muitos ficariam agradecidos de não conviverem com a fundação e com Carlos Teixeira.
O Homem do Talho mas sem avental

Xico205 disse...

Não é demagogia nenhuma, o Carlos Teixeira tem toda a razão no que afirma.

Toda a gente critica a má negociação dos limites do municipio da Amadora em 1979, basicamente onde havia barracas era Amadora, onde não havia era Lisboa ou Loures, ou Sintra ou Oeiras, e o mais escandaloso desse processo era o edificio das Portas de Benfica pertencer a Lisboa e as barracas em volta serem da Amadora! Agora querem fazer o mesmo com Loures?!!! Além disso se querem fazer fronteiras naturais entre Lisboa e Loures, o limite tem que ser o Rio Trancão e todo o talude militar o que obriga a passar para Lisboa a totalidade das freguesias de Moscavide, Sacavem, Portela, Prior Velho, Camarate, Apelação, Unhos, parte de Frielas e parte do Olival de Basto (Odivelas). Mas para isso antes têm que fazer um referendo à população local destas áreas. A população da maioria destas freguesias já chumbou uma vez a criação do municipio de Sacavem, vamos lá ver se estão interessadas em pertencer ao municipio de Lisboa.

Em minha opinião o melhor é deixar tudo como está, já que o processo ia envolver muitas indemnizações por investimentos recentes e as câmras estão com dificuldades financeiras. Basta ver que ainda hoje Odivelas deve dinheiro a Loures (desde 1998).

Nâo me parece que Lisboa ganhasse muito com a herança. Só a quantidade de realojamentos que tinha que fazer nas milhares de barracas ainda existentes no Prior Velho, Portela, Unhos, Apelação, Camarate e Frielas, e tendo em conta que a CCDR mandou demolir as AUGI da freguesia do Olival de Basto por estarem instaveis e correrem risco de derrocada...

Teriam tambem que passar a totalidade da freguesia da Pontinha (Odivelas) para Lisboa para cumprir as fronteiras naturais, o que ia obrigar a milhares de realojamentos ou indemnizações dos bairros Encosta da Luz, Serra da Luz e Vale do Forno devido a risco iminente de desmoronamento das milhares de construções ilegais daquela encosta com aspecto de favela do Rio de Janeiro. Foi a própria CCDRLVT que editou este parecer.

Andre Martins disse...

E quem e que quer saber de Lisboa? Que piada esta. Lisboa e a capital de portugal, e a nivel mundial parece me que as pessoas tao bem mais preocupadas com lisboa do que com loures (que lixo e esse?). Se os portugueses gostam de portugal sao a favor com o PDN em Lisboa pois contribui para o desenvolvimento da cidade que representa o pais.

Anónimo disse...

André, ao dizer "quem é que quer saber de Loures" tb está a ser arrogante...