20/02/2012
Rua Damasceno Monteiro,
Fiquei a saber através da própria EPUL, que o seu terreno posto à venda na Rua Damasceno Monteiro por debaixo do Miradouro da Srª do Monte (Graça), tem uma licença para construir 4 pisos acima do solo.
Como anunciado no seu site, no lote de 1530m2, a Área Bruta de Construção é de 5.230m2. Será fácil de perceber que a edificação será bastante intrusiva, tanto na paisagem, como para os moradores daquela parte da Rua Damasceno Monteiro.
Segundo a EPUL, a sua missão assenta em 3 pontos:
• Desenvolver, propor e executar soluções para a promoção da regeneração, rejuvenescimento e requalificação da cidade de Lisboa;
• Promover a urbanização de áreas desocupadas e não consolidadas da cidade, concebendo, propondo e dinamizando projectos com a participação de todos os parceiros;
• Conceber, propor e executar soluções inovadoras de desenvolvimento sustentável e energeticamente eficiente no urbanismo, na construção e na reabilitação.
Mas este projecto não requalifica, não envolve todos os parceiros, não é uma solução inovadora. É simplesmente a maximização do lucro, para que as desastrosas contas da EPUL fiquem um pouquinho menos desastrosas.
Ao lado deste terreno existe um edifício que foi construído com 5 andares, quando só tinha licença para 3. Exactamente porque era, e é, intrusivo. Depois de muitas multas, lá deixaram os 5 andares. Isto foi antes do 25 de Abril. Agora no sec. XXI querem fazer mais um, que se tiver andares com um pé direito generoso, pode chegar bem perto do seu edifício vizinho.
Quem conhece o miradouro da Srª do Monte conhece também o quanto irracional é a altura deste edifício de que falo. E se este projecto da EPUL for avante, com certeza que ficará ainda mais perplexo com a maneira como se gere o património publico.
Mais: densificar por desenficar daquela maneira estúpida, ganaciosa, mais a mais numa altura em que a recessão é profunda e nem sequer há mercado para certas coisas.
Depois, entendo que o que poderia ser feito ali, seria transição entre as cérceas e não deveria ser uma coisa "compacta" mas uma coisa que permitisse vistas etc... - ali assim poder-se-ia fazer um bom projecto, mas não é isso que está indiciado.
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9 comentários:
E voltam ao ataque com esta...?
Caro Jraulcaires:
Agradeça a inoperabilidade da EPUL, pois foi ela que lhe permitiu beneficiar da vista durante tantos anos.
Claro que eu percebo a sua indignação, se o meu vizinho tivesse uma grande laranjeira no seu jardim, com os a ramos a tombar para o meu lado, eu também apreciava as laranjas, mas daí até achar que posso o posso impedir de cortar a laranjeira do SEU jardim...
cumps.
f.
Ah... e este 3D não devia ser proibido?
... panfletário, falso e manipulador!
É falso e manipulador? então vejam este post no facebook do Arquitecto Carrilho da Graça, e vejam se esta simulação não está bem próxima da realidade https://www.facebook.com/photo.php?fbid=326641294018280&set=a.325488617466881.98905.298429126839497&type=3&theater
Boa anónimo das 10:43:
... e o que lhe parece aquelo piso a vermelho na imagem que refere?
É um piso vazio para manter as vistas da Rua Damasceno Monteiro, eventualmente até com acesso ao publico. Já viu que afinal os arquitectos sempre se preocupam com a cidade?
cumps.
f.
até pode ser piso vazio, mas é abaixo do nivel da rua, pois acima desta o empreendimento terá 4 pisos (fonte epul).
Sinceramente não sei qual a função do sr F., mas já no anterior post acerca desta materia tem tentado descredibilizar a contestação a este projecto. Um coisa é certa, se esta maquete do Carrilho da Graça for verdadeira, o edificio até poderá ser bonito, mas será também UM TRAMBOLHO, inclusivamente a bloquear as vistas do Miradouro.
Caro anónimo das 10:56 PM,
A função do "sr.f." não é para aqui chamada, mas posso garantir-lhe que não tenho qualquer conflito de interesses: não sou funcionário ou accionista da Epul, não funcionário da JLCG Arquitectos e não moro naquela rua (ao contrario dos autores de outros posts).
O piso vazado na imagem corresponde ao nível da rua Damasceno Monteiro, PRECISAMENTE porque haverá 4 pisos sobre ele... e quanto às vistas do miradouro não se preocupe que os cones de visão estão protegidas pelo P.D.M. e apenas serão bloqueados os podres e repletos de antenas da zona do largo das Olarias.
cumps.
f.
Oh Sr F, não diga inverdades. Não há nenhum piso vazado com vista, são 4 pisos acima do solo, e os 4 ultimos pisos que ali aparecem são de habitação.
Agora proponho a todos os leitores a verem a maqueta do Arqº Carrilho da Graça, ver a proporção entre o empreendimento e o edificio ao lado (restaurante via graça), e depois subir ao miradouro da Sra do Monte e imaginar a vista que se perde.
Mais uma vez a maqueta aqui https://www.facebook.com/photo.php?fbid=326641294018280&set=a.325488617466881.98905.298429126839497&type=3&theater
eu moro na Damasceno Monteiro, mesmo em frente ao lote da EPUL.
Não necessito de escrever de forma anónima, sei exactamente o que quero e o que é bom para a cidade em que habito (que, por acaso, até não é a "minha cidade").
Eu quero sim continuar a ter vista sobre a cidade, incluindo os seus telhados podres, as antenas quebradas, os prédios decadentes, a aberração que é o Martim Moniz e o deslumbre o Tejo quando fica côr de prata reflectindo o sol.
Não vejo em que é que o facto de eu ter vista sobre a cidade leva a um "conflito de interesses".
Onde está o conflito de interesses se eu defender que não se urbanize, com volumetrias desajustadas, numa zona da cidade já tão densamente urbanizada?
Porque seria um conflito de interesses eu, que sim tenho vista, pedir que se recupere o património degradado da freguesia em vez de se construírem edifícios novos?
Que conflito de interesse pode haver no facto de eu ter medo que a colina inteira deslize - como aconteceu recentemente na sua outra vertente - no momento em que a começarem a esburacar para fazer as fundações de um edifício gigante. Alguém viu a inclinação do lote em causa?
Onde está o conflito de interesses se eu defender que não se tragam mais moradores para uma zona da cidade de difícil acesso, sem estacionamentos, sem transportes públicos, cuja escola primária funciona em contentores num pátio de cimento cedido pelos bombeiros, sem parques infantis que não sejam utilizados como caixote de lixo para sem-abrigo e toxicodependentes (um deles mesmo em frente à junta de freguesia), sem jardins e, sobretudo, para uma rua enorme, de sentido único, sem uma única árvore, sem transversais para escoamento de transito, sem estacionamentos, sem serviços, quase sem comércio e sem transportes?
O que é que vem para aqui fazer mais gente? Imagino entrem e saiam de casa sempre nos seus carros bem fechados pois, cedo perceberão que quem circula nesta rua é algo predilecto dos assaltantes que não deixam escapar um fio de outro, brincos ou carteira.
Sim, eu quero continuar a ver Lisboa podre aos meus pés e quero que os turistas que visitam o miradouro a vejam também. É a Lisboa que temos e não creio que seja tapando-a que resolvemos as coisas. Nem para mim, nem para a cidade.
Grata pela oportunidade de tornar público este meu desabafo, caro anónimo F e grata ao anónimo das 10:43 pela defesa da cidade e da minha vista.
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