16/02/2012

Corrupção mina confiança dos portugueses



63% dos portugueses consideram que os políticos são corruptos 

Os portugueses são o segundo dos 27 povos da União Europeia (UE) mais preocupados com a corrupção: 97% consideram que este é o maior problema do país, entendendo que este tipo de criminalidade afecta mais de 90% das instituições. Apenas os gregos nos ultrapassam neste índice, com 98% de percepção do problema. De acordo com um inquérito ontem divulgado pela Comissão Europeia, três em cada quatro europeus estão alarmados com o alastrar de um fenómeno que classificam como grave.


Por José Bento Amaro in Público

UE diz que luta contra o crime não está a resultar. Em Portugal os níveis de descrença atingem os 97%, valor só suplantado pela Grécia entre 27 países


Os dados obtidos no eurobarómetro foram comentados pela comissária europeia para os Assuntos Internos, Cecília Malmstrom, a qual exortou cada governo dos 27 a agir. "Constato com pesar que os resultados práticos da luta contra a corrupção na União Europeia continuam a ser insatisfatórios. Os europeus esperam medidas firmes dos governos nacionais. É tempo de passar à acção", preconizou.
O impacto negativo da corrupção nas contas públicas dos países da UE rondará, de acordo com a mesma responsável, os 120 mil milhões de euros. Para obterem algum retorno, os 27, através da Comissão, preparam novas medidas legislativas, esperando ver aprovadas leis que permitam um maior confisco dos proventos do crime, a reforma das normas relativas aos contratos públicos, o reforço da política antifraude e a melhoria do tratamento estatístico sobre este tipo de criminalidade.
Os números agora divulgados parecem igualmente minar a confiança dos europeus. É que 70 % dos inquiridos em todos os países referem que a corrupção é inevitável e que sempre existiu. Mais: duas em cada três pessoas acham mesmo que este crime faz parte integrante da cultura do seu próprio país.
A confiança na Justiça e nas instituições para combater a corrupção também não atinge valores positivos. Apenas 42% dos europeus admitem recorrer (com hipóteses de êxito) à polícia e somente seis em cada 100 pessoas manifestam esperança na resolução de um problema dando dele conta a um político.
Quase metade dos europeus (47%) entende que a corrupção tem vindo a alastrar nos respectivos países ao longo dos últimos três anos. Os índices de popularidade das instituições locais, regionais e nacionais são francamente maus. Em relação ao poder local há 76% dos inquiridos que acreditam estar corrompido. O valor desce um ponto percentual em relação ao poder regional e aumenta mais quatro pontos (até aos 79%, ou seja, quatro em cada cinco pessoas) relativamente às instituições nacionais.
Estes valores pioram quando se analisa em concreto o caso nacional. Os portugueses dizem que o poder local está corrompido em 86% dos casos, que o regional apresenta índices criminais na ordem dos 90% e que, por fim, a nível nacional, este é um fenómeno com uma dimensão de 91%.
Os políticos portugueses não são bem vistos por 63% dos cidadãos, que os consideram corruptos. Os portugueses são, em conjunto com os austríacos e os suecos, dos povos mais cépticos em relação a um eventual decréscimo na descida dos níveis gerais de corrupção na Europa.


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