"Sim, tenho a certeza de estamos no caminho certo! Vai gente à nossa frente."
Atrair investimento para Lisboa?
Como será agora? Tomamos um novo caminho ou continuaremos às voltas?
A cidade tem de saber escolher os investimentos que interessam, e tem de saber como atraí-los. No centro de qualquer estratégia, terá de estar a qualidade de vida urbana.
Quem o diz? O presidente do Urban Land Institute, organização internacional dos promotores imobiliários. Neste texto. Algumas passagens:
“Para atrair capital e ser sustentáveis, as cidades devem esforçar-se por proporcionar qualidade de vida em diversas vertentes [incluindo] um ambiente seguro (em termos de crime e qualidade do ar e da água) (…) um parque habitacional ao alcance de várias classes sociais (…) excelentes espaços públicos que criem um sentimento de comunidade.”
“As dez cidades que mais atraem investimento (…) têm algumas características distintivas [entre as quais a de] investirem em sistemas de transporte público.”
“É claro que os factores que fazem uma cidade um excelente lugar para viver são exactamente os mesmos factores que a tornam um excelente lugar para investir.”
“A qualidade de vida, em conjunto com o dinamismo económico e a localização, vai dominar as decisões de investimento ao longo do século XXI.”
Em relação ao investimento, uma nota importante.
O investimento imobiliário deve ser visto como um meio, nunca um fim em si mesmo. Esse tem sido um dos dramas de Lisboa.
O que é que a cidade tem ganho com a construção de milhares de metros quadrados de habitação e escritórios, postos em venda a preços astronómicos, que apenas servem para fixar capitais?
Não criam empregos qualificados. Não povoam a cidade. Não geram mais investimento, nem dinamizam o tecido económico da cidade. E “cobram” na qualidade de vida dos munícipes.
Lisboa precisa de uma visão que guie de forma sustentável o seu desenvolvimento económico. No centro dessa visão tem de estar a qualidade de vida e a salvaguarda daquilo que Lisboa tem de melhor.
Em vez de nos deixarmos “seduzir” ou “horrorizar” com as simulações em 3D dos grandes projectos urbanísticos, precisamos de perguntar, de forma crua, a cada um deles:
…O que é que acrescentará de positivo à imagem da cidade e à vivência dos seus espaços públicos?
…O que é a cidade perderá com a sua construção, e em que medida é que essas perdas afectarão a qualidade de vida e, assim, a atracção de investimento?
E temos de discutir as respostas, de forma igualmente crua. E nessa discussão, não pode haver cidadãos "todos iguais, mas uns mais iguais que outros"...
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