In Jornal de Notícias (9/10/2007)
Carla Alves
«Estado de conservação do número 233 é o que oferece mais preocupações à vizinhança
O número 233 da Avenida Almirante Reis, em Lisboa, da autoria do arquitecto Cassiano Branco está encerrado há seis anos. O edifício histórico, que, à primeira vista não parece estar em risco de derrocada iminente, esconde nas suas traseiras um verdadeiro cenário de degradação. Vidros partidos, grandes fendas em escadas que serviam de acesso aos antigos moradores, estores caídos e ferros de suporte do edifício enferrujados são apenas alguns dos traços mais visíveis.
Ana Adelino, moradora do prédio vizinho contou ao JN que, recentemente, os bombeiros tiveram que deslocar-se ao local, devido à queda de vidros na via pública, o que deixou, não só os moradores dos prédios em redor preocupados, mas também os transeuntes ocasionais. O encerramento do prédio, propriedade do construtor Alves Ribeiro, ficou a dever-se, segundo a moradora, à "necessidade de obras", que tardam em concretizar-se. Em Agosto do ano passado, o proprietário manifestou a intenção de não demolir o edifício, mas de o transformar em hotel. Contudo, o prédio histórico que já alojou uma pensão e uma mercearia encontra-se, agora, completamente abandonado sem qualquer actividade comercial. Já os antigos inquilinos, entre eles, um familiar de Ana Adelino foram indemnizados e mudaram-se. Em situação idêntica está o número 67 na mesma avenida, com decoração interior ao estilo neo-manuelino e decorado com azulejos e estuques. Propriedade da predial Lisanjos, foi encerrado há seis anos pelo proprietário da altura, Oterolino Sousa. Dos quatro estabelecimentos comerciais que o prédio albergava - dois cafés, uma perfumaria e uma papelaria -, só esta última se encontra em funcionamento. "Não aceitei as condições que o senhorio me impôs", esclarece José Morais, o dono. Os restantes comerciantes foram também indemnizados, assim como os inquilinos.
De acordo com o movimento de cidadania de Lisboa, Forum Cidadania, o edifício em questão ainda não foi demolido, porque o projecto apresentado para a nova construção foi reprovado, tendo sido, entretanto, entregue na Câmara Municipal de Lisboa um novo pedido de licenciamento de obras de construção, que estará em fase de apreciação. Ambos os imóveis são destacados pelo movimento cívico como de grande interesse patrimonial e histórico, pelo que o objectivo primordial será o de "travar o abate", segundo fonte da associação.
As recentes declarações do arquitecto Manuel Salgado, vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa, que definiu a reabilitação urbana, em entrevista ao Diário de Notícias, como um imperativo, veio dar um novo alento ao movimento de cidadãos por Lisboa que se tem notabilizado por esta causa»
09/10/2007
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3 comentários:
Meus caros senhores
Acabei de ver pela primeira vez o vosso blogue.
1º--Não sendo perito nesta "coisas", parece-me que tecnicamente estão de parabens, pelas excelentes abordagens que fazem às melhorias necessarias para a nossa capital
2º--Contudo ,ao ler os conteúdos me parece que estão muito afastados da verdadeira busca para uma cidadania, tão necessaria para os lisboetas em particular , como para os portugueses em geral.
3º Se procurar que edificios valiosos, historicos ou arquitetonicos, merecem ser contemplados pelo PODER PUBLICO ,sou de opinião que existem aspectos que é necesario esclarecer melhor sobre o conceito de CIDADANIA.
4º--Refiro-me aos aspectos como os poderes que nos atendem como cidadãos de pleno direito. Merecemos
a)..não sermos tratados como gado nos transportes publicos---Pessoal em geral pouco atencioso...merecem ser apreciados os condutores e toda a organização da "Lisboa Transportes",
bem pior que a "Carris"
b) A propria Policia Civil está muito pouco atenciosa para dar uma informação...
c) As acessibilidades e informação dos diversos transportes publicos - tem muito pouco a ver com os conceitos de CIDADANIA
d)Tenho dificuldade de entender por que as organizações dos cidadãos nada podem opinar sobre os grandes investimentes das empressas publicas...nada se discute nada é esclarecido !!!--Por exemplo....quem opinou ou decidiu sobre a estação do metropolitano denominado AMADORA Leste---é certamente das obras mais caras do metro para um numero reduzido de utentes...O porquê da dimensão enorme daquela obra???(há gato por lebre???)
e) E o cócó´ dos cães nas ruas e nos jardins !!!!Os politicos locais tem medo dos votos ??? uma lastima
f) Não pretendo alongar-me , mas faço votos que o vosso blogue ou movimento seja mais orientado para os objectivos da nossa CIDADANIA
Cumprimentos Jose Castro
É trágico que a Av. Almirantes Reis, apesar de completamente abandonada e degradada, sendo um dos últimos redutos de construção do sec XVIII-XIX-XX, seja alvo desta rapinagem...
Faz-me lembrar um caso aind amais grave...As Avenidas Novas
se não queremos que o eixo Almirante REis, com todos os bairros que lhe estão a poente e nascente (Estefânia, Bairo das Colónias, Areeiro, etc) se transformem numa segundo desastre urbanístico como é actualmente a Av. da Républica / Avenidas Novas, então é preciso PARAR já com esta delapidação absurda do património arquitectónico. O eixo da Avenida Almirante Reis ainda é um livro aberto da história da arquitectura lisboerta, desde o séc. XVIII até ao séc. XX. Temos que salvaguardar isto para as próximas gerações.
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