24/10/2007

Prédio na Casal Ribeiro começou a ser demolido

In Diário de Notícias (24/10/2007)
FILIPE MORAIS

«Fernando Pessoa viveu num prédio na Rua Casal Ribeiro que é caracterizado por uma arquitectura trabalhada e pelos azulejos de Arte Nova que decoravam o exterior. A maioria dos azulejos foram roubados e já terão começado os trabalhos de demolição, constatou o DN no local.

Além do valor cultural e arquitectónico, o edifício tinha ainda a mais valia de ter sido decorado com azulejos de Arte Nova. No entanto, estes já foram roubados quase na totalidade, restando apenas as zonas que serão de difícil acesso. Fernando Jorge, do Movimento Fórum Cidadania Lisboa, denunciou o roubo destes azulejos, em Fevereiro, quando viu um indivíduo "em plena luz do dia" a roubar os azulejos.

O edifício é mais um dos muitos que em Lisboa está vedado com tijolos nas portas e janelas dos pisos inferiores. No entanto, na porta do número um, os tijolos estão partidos até metade, de forma a poder-se entrar no interior.

"Foram os senhores das obras que abriram a entrada", disse uma funcionária de um café da zona ao DN. Aparentemente nada se passa no edifício, mas de vez em quando é possível ver que há trabalhos no interior. O prédio de cinco andares tem apenas vestígios do que foi um telhado, mas era aí que ontem um trabalhador com uma marreta levantava nuvens de pó, destruindo o interior.

No local, ninguém teve informações sobre o destino a dar ao prédio. Diamantino, proprietário de um café, adiantou ao DN que "há uns anos falou-se na demolição do prédio, mas como viveu lá o Fernando Pessoa parece que tinham optado por manter a fachada, pelo menos. Mas desde aí nunca mais se falou em nada e não se sabe o que vão fazer".

O responsável do estabelecimento, a uns metros de distância do prédio em causa, diz que desde 2001 que "já ninguém vive lá. Havia um senhor de lá que ainda era cliente, mas depois deixei de o ver, porque também teve que sair. As lojas foram as últimas a fechar portas".

O DN tentou saber junto da autarquia qual a situação do edifício, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição. Em 2001, após o pedido de demolição entrar na câmara, foi lançada um movimento contra a destruição do prédio que contou com a participação da directora da Casa Fernando Pessoa, Clara Ferreira Alves. O então presidente da autarquia Santana Lopes acabou por garantir que o prédio não seria demolido.»

Pois é, começou, sem apelo nem agravo.

4 comentários:

daniel costa-lourenço disse...

pois é...mais um...

a história repete-se...

enquanto não existir um executivo camarário com eles no sítio e que não se escude e argumenytos puramente legalistas, a cidade vai continuar a saque.

Anónimo disse...

será que a reportagem da SIC (e sic-N) contribuiu para o acelerar desta situação?! Será que alguém estremeceu e receou perder o direito de demolir?

FJorge disse...

segundo informação do departamento de urbanismo da CML, na semana antes da reportagem da SIC, ainda não tinha sido deferido o pedido de demolição; portanto, das duas uma, ou esta "demolição dissimulada" é ilegal, ou a CML já deferiu o pedido de demolição... a investigar já amanhã.

Anónimo disse...

Agora assustei-me ao ler isto!!! Eu moro na Casal Ribeiro num prédio Arte Nova onde a mãe e o irmão de Fernando Pessoa moraram temporariamente com o meu bisavô António Pinheiro Silvano. Mas certamente não está a ser demolido..