In Público (12/10/2007)
Ana Henriques
«Fiscais aprendem a lidar com condutores agressivos. Novo regime pensado para Campo de Ourique
A EMEL espera conseguir fazer render os quatro mil lugares tarifados, agora incobráveis, durante o ano que vem
Há pelo menos quatro mil lugares de estacionamento incobráveis em Lisboa, correspondentes a zonas tarifadas através de parquímetros. Motivo: a Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa (EMEL) mantém há muito as máquinas avariadas e não possui fiscais em número suficiente para actuar.
Isso acontece no Príncipe Real, Rua da Escola Politécnica, Rato, Av. Álvares Cabral e Campo de Ourique, tal como Al. Afonso Henriques, Morais Soares e Pascoal de Melo, admite a presidente da empresa, Marina Ferreira. Caso estes lugares fossem cobrados poderiam dar origem a receitas anuais da ordem dos 1,3 milhões de euros, fazendo as contas a uma média de 1,38 euros por lugar e por dia útil, que é quanto rendem os parquímetros de Alvalade. Noutras zonas este valor sobe até aos 4,63 euros (Av. da Liberdade) ou desce abaixo de um euro por dia. Ao todo, a EMEL gere perto de 40 mil lugares através de parquímetros, o que significa que tem dez por cento deles inoperacionais. Mesmo assim, as receitas geradas pelos parquímetros em 2006 deverão ter duplicado as de 2005, que não ultrapassaram os 5,5 milhões.
Marina Ferreira diz que a situação financeira da empresa não permitiu até agora comprar novas máquinas para substituir as que foram vandalizadas nem contratar mais fiscais para estes locais, e que o problema era bem mais generalizado em 2005, quando assumiu funções na EMEL. A empresa tem vindo a recuperar os parquímetros avariados, esperando conseguir pôr a render os quatro mil lugares actualmente incobráveis durante o ano que vem, prossegue. Na empresa, as zonas tarifadas incobráveis são chamadas "cinzentas", por oposição às amarelas, rosa, encarnadas, vermelhas e azuis, nas quais os automobilistas não têm outro remédio senão pagar. Aos quatro mil lugares incobráveis somam-se outros oito mil que a empresa desistiu de explorar, por entender que nas zonas em questão não havia falta de estacionamento que justificasse manter a sua cobrança com o objectivo de manter a rotatividade dos automóveis.
"Campo de Ourique está um caos em matéria de estacionamento", observa a presidente da EMEL. Neste bairro, a empresa quer experimentar um novo modelo, semelhante a um regime já aplicado por exemplo nalgumas zonas de Barcelona: reservar a maioria dos lugares para residentes, criando bolsas especiais de lugares para os automobilistas que são de fora. Isso permitiria a quem mora no bairro ter mais facilidade em estacionar, até porque a ideia é que os habitantes possam também usar os lugares dos não residentes. A EMEL quer ainda entrar na posse dos lugares do Parque das Nações, geridos pela Parque Expo. Se o fizer, os automobilistas passarão a ter a vida dificultada também neste local, uma vez que a EMEL tem poderes para multar, o que não acontece com a Parque Expo, que é obrigada a chamar polícias para o fazerem.
As agressões verbais e por vezes físicas de que são alvo os fiscais vão levar a empresa a promover acções de formação comportamental que lhes permitam lidar com estas situações. Evitar olhar condutores irados directamente nos olhos é uma das estratégias que vão ser ensinadas aos funcionários. Desde que a EMEL começou, recentemente, a multar quem está parado em segunda fila os casos de agressão aumentaram, refere Marina Ferreira.»
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Então mas a ex vereadora do PSD ainda lá está?
Isto é uma espécie de bloco central escondido ou é mesmo o oportunismo da senhora?!
QUe descaramento! Os princípios dela foram só quando queria derrubar o Carmona para ser presidente da câmara. Agora...
Enviar um comentário