In Público (1/9/2009)
Por Ana Henriques
«Troço de frente ribeirinha defronte das agências europeias abriu ao público depois de anos de obras. Nenhuma entidade sabe dizer quando ficará a zona livre dos estaleiros ali existentes
Ainda é um segredo bem guardado o pedaço de beira-rio situado junto ao Cais do Sodré que deixou de estar vedado ao público e se tornou um espaço privilegiado para contemplar o Tejo.
A escassa meia centena de metros da frente de rio, diante das recém-instaladas agências europeias, enche as medidas a quem a descobre, a luz a bater no rio e a inundar a praça contígua de claridade. É um troço ribeirinho encravado entre dois estaleiros de obras, o do Cais do Sodré e o que vai do Arsenal da Marinha quase até ao Terreiro do Paço, que teimam em continuar a esconder a beira-Tejo, como, de resto, fez a própria zona das agências durante vários anos.
Mas se esta meia centena de metros está por fim aberta a quem dela queira usufruir, o mesmo não acontecerá tão cedo às duas áreas de estaleiro. As entidades com jurisdição nesta área - a Câmara de Lisboa, pela administração local, e a Sociedade Frente Tejo, pela administração central - não se comprometem com uma data, por vaga que seja, sobre a altura em que vão libertar toda a frente de rio entre o Cais do Sodré e o Terreiro do Paço.
A autarquia remete a questão para a Frente Tejo, que, por seu turno, a faz depender do fim das várias obras que ali estiveram ou estão em curso. Questionada pelo PÚBLICO sobre o cronograma dos trabalhos, esta entidade respondeu, por escrito, que "os calendários das obras para a Ribeira das Naus e para o Cais do Sodré serão definidos logo que os respectivos projectos sejam aprovados pelas entidades competentes". Quando? Não se sabe. Apenas se conhece um estudo prévio da Frente Tejo para criar um espaço verde entre o Arsenal da Marinha e o Tejo. Já a câmara quer fazer um estacionamento subterrâneo de 400 lugares ao lado das agências europeias.
Quanto aos tapumes que aqui existem, "foram inicialmente utilizados pela Administração do Porto de Lisboa e têm sido utilizados sucessivamente por um conjunto de entidades que executam obras nos terrenos limítrofes", esclarece a Frente Tejo - além das obras para as sedes das agências, que ficaram prontas, mas por ocupar há mais de ano e meio, as obras da EPAL e, no presente momento, "as obras de ligação entre a Ribeira das Naus e a Av. Infante D. Henrique". Mas a saga não fica por aqui: "Este estaleiro poderá vir a ser também utilizado para apoio das obras na Ribeira das Naus, nas quais está incluído o parque de estacionamento a construir no local e para as obras de requalificação do espaço público do Cais do Sodré." Ainda assim, a sociedade responsável pela requalificação de alguns troços da frente ribeirinha promete fazer "tudo o que estiver ao seu alcance" para "minimizar o impacto visual do estaleiro" .
Nas últimas semanas, a Agência Europeia de Segurança Marítima e o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência instalaram-se finalmente nas suas sedes definitivas, depois de uma prolongada espera, motivada quer pela falta de licenciamento municipal das obras, promovidas pelo Porto de Lisboa, quer pela necessidade de corrigir alguns aspectos nos novos edifícios. Construídas a contra-relógio, para ficarem prontas a tempo da presidência portuguesa da União Europeia, que terminou no fim de 2007, as sedes das agências só viriam a ser ocupadas em Junho e em Agosto deste ano. »
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Rio sempre houve. Aquelas construções são feias e mal colocadas, nunca deviam ter sido construídas ali. Implicaram o abate de dezenas de árvores de grande porte, mas não se importem, têm ali árvores-palito e etão e mais betão, é o que é.
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9 comentários:
tudo bem. mas que a praça que foi feita no meio dos edificios tem uma belíssima vista sobre o tejo, lá isso tem.
preferia que ali não estivessem, claro.
"Este estaleiro poderá vir a ser também utilizado para apoio das obras na Ribeira das Naus, nas quais está incluído o parque de estacionamento a construir no local".
Mas... é um parque de estacionamento para bicicletas, ou quê?
Completamentede acordo,Paulo Ferrero.Aquilo é uma vergonha.Feio que até doi.Mas foram tão bonzinhos e deixaram-nos um bocadinho de terreno, uma praça, como alguns lhe chamam e que justifica a aberração.Ainda por cima nós , os tolos, é que pagámos.
Os edificios são um desastre. A cidadanialx foi das primeiras a denunciar, foi preciso o Professor Marcelo dizer que eram uns mamarrachos para de repente todos concordarem.
Os edificios são realmente feios mas o espaço público não é melhor. Um espaço público confuso, caótico e poluído visualmente.
É de um provincianismo bacoco e é defacto demonstrativo da incapacidade dos arquitectos contemporâneos de lidar com um espaço de rara beleza paisagística mas também urbano. Uma notória falta de cultura e onde vingou a vaidade pessoal em detrimento de toda uma população.
Tenho 50 anos e acredito que estes edificios serão demolidos muito em breve.
mais um vez acho que se predeu uma bela oportunidade para recuperar uma zona degradada
Eu tenho 49 e acredito que vão ser demolidos até ao Natal.
É de facto inadmissível que se cortem árvores a torto e a direito, para se fazer seja lá ele o que for...
É quase tão grave como deixar de plantar árvores onde tal é possível e necessário, de forma adequada, como devia também acontecer na Praça do Comércio...
É demolir aquela treta, replantar lá árvores de porte adequado e mandar a factura a quem foi capaz de ordenar o seu corte, que é o que devia acontecer, sempre, a quem ordena estas barbaridades e passa impune!
já há mais quÊ?
tontices?
o rio é o mesmo mas o modo de o ver é mais dificil, graças à tristeza que ali plantaram: árvores pindéricas a tentar disfarçar uns malvados de uns blocos arquitectonicamente miseráveis e em local proibido
LOBO VILLA ,3-9-09
Quando nos cortam árvores,quando nos constróiem mamarrachos e com eles nos tiram o rio,sem sabermos quanto e quando... e apesar de alguns dizerem que o "fascismo nunca existiu" ,só posso dizer que o
FASCISMO CONTINUA... !
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