02/09/2009

Menos história

"O Forte do Bom Sucesso foi edificado em 1780, sob a direcção do General Vallerée, entre as praias de Bom Sucesso e Pedrouços, reforçando a linha defensiva de Belém. Na mesma época foi edificada a residência do governador da fortaleza, no perímetro do baluarte, a expensas da coroa.
Possivelmente, a obra foi concluída nos primeiros anos do século XIX, atendendo-se à inscrição colocada sobre uma das portas de entrada, onde se gravou "[...] A REAL/ CROA PARA PATRIMO/ NIO DA FORTALEZA/ DO BOM ÇOCEÇO/ ANNO DE 1802 ".
Embora esteja muito degradado, o edifício mantém a estrutura de gosto oitocentista. De planta rectangular, possui fachada principal dividida em três panos, marcados por duas pilastras adossadas, dois registos e águas furtadas.
Ao centro, no piso inferior, abre-se um grande arco, que através de um túnel permitia a passagem para a praia do Bom Sucesso, e que actualmente se encontra entaipada. Do seu lado esquerdo foram rasgadas duas janelas de peito, do direito duas portas.
No piso superior abrem-se seis janelas de sacada, duas em cada pano, com varandim de ferro. Ao nível das águas furtadas, existem seis mezzaninos. A fachada posterior é em tudo semelhante à principal."

É assim que o IPPAR descreve a casa que foi Residência do Governador do Forte do Bom Sucesso e mais tarde serviu de pouso a Almeida Garrett. A partir de agora pode juntar mais uma palavra à sua prosa: destruída.

Depois de muitos anos num estado de avançada degradação, sendo que nos mais recentes nada mais restava que a fachada, eis que chega ao fim a vida mais que bicentenária de mais um imóvel histórico lisboeta. É mais património, mais um pedaço de história da cidade que se perde para sempre.

7 comentários:

Anónimo disse...

Pensava que esse edificio estava classificado e que iria ser recuperado !

Algum promotor deve ter conseguido convencer $ alguem de que o edificio não tinha qq valor.

Anónimo disse...

Abençoado Zé, que tanta falta lá fazia.

Salvador, disse...

E são estes senhores, que estão agora na câmara, que se dizem e que clamam para si, a bandeira da intelectualidade e da defesa da cultura e do património, contra uma direita bafiosa e sempre sujeita aos interesses do capital?
Vergonhosa e escandalosa mais esta autorização de destruição do nosso património!
É Lisboa entregue aos bichos!!!
E já agora, gostava de saber quem será o autor do projecto...

Paulo Ferrero disse...

Este processo é uma trafulhice pegada e diz tudo sobre a pouca vergonha que grassa pela cidade desde há décadas. Relato aqui.

Anónimo disse...

Não me interessa nada que grasse há décadas.

O que eu sei é que elegeram para a CML um indivíduo que encontrava ilegalidades por todo o lado, que embargava, que promovia acções populares, que garantiu que denunciaria todas as poucas-vergonhas que lá pudesse encontrar.

Esse indivíduo assiste calado a tudo e com tudo é conivente.

Esse indivíduo é uma enorme fraude.

Esse indivíduo merece amplamente ser corrido o mais rapidamente possível da CML.

Esse indivíduo dá vómitos.

André Santos disse...

E a acharem que ninguém percebe a trafulhice... Estamos a ser levados por estupidos.
Que nojo.

Maxwell disse...

Não existe algo tipo 'queixa crime colectiva' que possamos fazer contra esses animais?