29/09/2009

Terreiro do Paço renovado na Páscoa

A requalificação do Terreiro do Paço, em Lisboa, ficará concluída até à Páscoa. O "timing" não é religioso, mas turístico. António Costa confessou que quer rentabilizar a Semana Santa e deixar os espanhóis "boquiabertos".

Agora que a megaempreitada de saneamento terminou na Praça do Comércio, as atenções voltam-se para a requalificação de todo o espaço. É preciso, por exemplo, alargar passeios, pintar fachadas e libertar os pisos térreos para o comércio e hotelaria.

O presidente da Câmara de Lisboa desafiou a Frente Tejo a imprimir um ritmo mais acelerado para que tudo esteja pronto até à Páscoa. "Nesta altura, a cidade recebe muitos visitantes, sobretudo espanhóis. Queremos recebê-los com todo o esplendor", disse ontem António Costa na cerimónia que assinalou o fim das obras de saneamento e que contou com a presença dos ministros do Ambiente e da Presidência.

O projecto que vingou após o período de discussão, prevê que a transição da placa central para o Cais das Colunas se faça com dois degraus, uma plataforma e outros dois degraus, em vez do anterior desnível de cinco degraus.

A "passadeira" que marcava o percurso da Rua Augusta até ao Cais das Colunas, foi esbatida, fazendo-se agora ao mesmo nível, em lioz. Na placa central, não haverá losango verde nem degraus em redor da estátua de D. José I, mas um círculo de pedra, num tom suave, com cerca de 30 centímetros de altura.

António Costa e a Sociedade Frente Tejo aproveitaram ainda a cerimónia de ontem para apresentar publicamente a maqueta do futuro parque urbano da Ribeira das Naus, junto aos edifícios da Marinha. Um parque que será complementar ao novo Terreiro do Paço, definido como um espaço acolhedor, com sombras e onde houve a preocupação cultural de "desenterrar património".

Biencard Cruz, presidente da Frente Tejo, revelou que será desenterrado o antigo cais da Caldeirinha. A doca seca também ficará à mostra, o mesmo acontecendo com as fundações do Palácio Corte Real (que ruiu no terramoto), que tomam a forma de uma estação arqueológica acessível ao público.

Segundo o desenho ontem apresentado, serão ainda recriadas as antigas rampas de lançamento dos barcos (vão ter relva para servir de espaço de lazer) e uma praia urbana a lembrar a que existiu antes de 1755, com uma escadaria para permitir que os lisboetas possam molhar os pés no rio Tejo.

Falta agora acertar um perímetro de protecção ao edificado da Marinha, que ficará inacessível para o público, e concluir o projecto para que a obra esteja pronta em 2011. O estudo prévio tem tido "uma boa aceitação geral" e a Câmara já deu parecer favorável.

In JN

16 comentários:

Anónimo disse...

Quando o pessoal da minha terra sabe que uma coisa é para o dia de S. Nunca, costuma dizer «É para a Páscoa».

Anónimo disse...

vai ficar altamente :D
e se ficasse na pascoa então ainda melhor.

Ferreira arq. disse...

Uma praça destinada a eventos pontuais... ocasionais...
E para se tirarem umas fotos e dizer que temos um grande Terreiro do Paço (que nem vai ser terreiro, nem vai funcionar como praça).
Vai ser um palco de vaidades...

O carácter dos espaços criados no plano da Baixa Pombalina mereciam mais respeito e muita mais cultura dos nossos governantes.

Por onde andam as associações de cultura deste país, para permitir tão facilmente estas aberrações? As ordens profissionais? Os políticos cultos? ...

A projectada Praça do Comércio vai acabar sem nunca ter sido de facto a PRAÇA projectada há 250 anos. Num plano que deu vida e ordem à capital por centenas de anos, plano esse embuido de um conhecimento que os políticos actuais não querem aproveitar.

Ficamos pelo carácter do uso do velho Terreiro do Paço, do pré terramoto, embora com a nova geometria... Falta-lhe a utilização social da vivência urbana da cidade, nos termos em que foi projectado. Sendo local de eleição não só para a cidade, mas também para o país e para o mundo.

Exemplo aprimorado de urbanismo ordenado, sistemático, com cariz social, económico e engenharia apurada, o Plano da Baixa Pombalina foi à data e ainda é, uma das principais intervenções no espaço urbano, em todo o mundo.

Objecto de inúmeros estudos de especialistas nesta área, nacionais e internacionais.

O povo Português foi vanguardista em muitos aspectos, há bem poucos séculos.
Agora, pela mão de quem não sabe em que está a mexer, nem se respeita a simplicidade aparente do plano, nem as suas principais intenções.

Brincar assim com este espaço, é como dar umas pintalgadas num quadro original como o da Gioconda...

Quem permitiria tal atrevimento?
E aqui aceitamos todas estas parvoices sem nos inquietarmos?

Haja cultura e irreverência social perante tamanhas aberrações.

Anónimo disse...

LOBO VILLA 29-9-09

Afinal o debate sobre o Terreiro do Paço foi tudo foguetório , fica quási tudo na mesma (em vez de 5 degraus de desnível, ficamos com 4...a "passadeira" foi esbatida etc).
Sobre as dezenas de críticas de instituições,técnicos,artistas,blogues,petições (etc) passou-se uma esponja? Já está "tudo bem" ?...
Desviou-se tudo para o Parque das Naus ? Este "parque que é da Marinha ,esta já se pronunciou ???

HOMOSAPIENS disse...

Espero eu que esse "ritmo mais acelerado para que tudo esteja pronto até à Páscoa" corra bem e não seja a moda portuguesa de constrúir depressa e mal.

Embora houvesse obras de saneamento na Praça do Comércio, ainda há muito que fazer na costa lisboeta, não haja pessoas irem molhar os pés no rio Tejo na praia urbana, e depois tira-los de la com micoses ou sem pele LOL(eu sei que estou a exagerar mas a água não está assim tão limpa como isso).

Mas de resto estou impaciente para ver o resultado.

Cumpts.

J A disse...

Um processo bem escuro na Praça mais luminosa de Portugal.
Muito preocupado com os espanhóis este sr....?
Continuamos com os bois (boys) à frente da carroça sr. Costa....

Anónimo disse...

o Julio só sabe é dizer mal

óptima noticia

J A disse...

Ainda um dia destes disse bem de alguma coisa! Veja lá se encontra!?

Anónimo disse...

A CDU no Carvalhal/Comporta denunciou convenientes alterações realizadas por Bruno Soares ao PDM de forma a favorecer o plano de urbanização do colega Manuel Salgado.
Não há coincidências...

Zé disse...

O Julio é emigrante. Já viram algum emigrante dizer bem de Portugal em Portugal? Diz bem de Portugal onde está radicado, em Portugal diz que o sitio onde vive é que é bom. Secalhar até passa fome lá na Europa do Norte, para vir nas férias destilar riqueza para Portugal.

A conversa de emigrante conheço-a de ginjeira.

Anónimo disse...

Felizmente que os lisboetas vão dar uma banhada ao Costa/Roseta/Sá Fernandes e representante dos especuladores M. Salgado. Ah e a labrega-chic Simoneta.

Anónimo disse...

Está a impedir-se a discussão ou o comentário neste Blogue.

Dois comentários de minha autoria foram CENSURADOS

Anónimo disse...

As "cedências" do Arq autor do Plano do T.Paço são tão insuficientes que constituiem uma ofensa á crítica pública : p.ex. passar de 5 degraus para 4...num Terreiro que sempre foi plano,e que devia continuar a ser,é deitar a língua de fora á crítica, como puto malcriado...; mais,è um manguito que a CML faz aos seus críticos lisboetas que disseram bem alto que o TP é para ficar como está e não para ter um "Projecto de Alterações" !!!

S.O.S. disse...

As árvores estorvam à publicidade que lá querem colocar...
Estorvam aos promotores de eventos que "colaboram" nas campanhas eleitorais, e que querem espaço aberto para os espectáculos pontuais que lhes irão ser entregues...
E os políticos querem lá pessoas para quê? A não ser quando lá organizarem os "seus" eventos (de prferência à noite, ou com palanque coberto).
Dar utilidade adequada ao espaço, para quê?
Tornar a praça acolhedora, com árvores que cativem a presença? Não. Estorvam a vista dos edifícios. E se as pessoas por ali permanecerem, estarão certamente a dizer umas verdades sobre os políticos e afins... Não, definitivamente não interessam árvores aos políticos no Terreiro do Paço! Nem lhes interessa o estado social das pessoas, nem o próprio meio ambiente, cada vez mais árido e desumano, em pleno coração da Cidade Luz.

HOMOSAPIENS disse...

Caro Zé,
Você disse algumas coisas sobre os emigrantes que até concordo, só num assunto existe algumas divergências.
Sobre os emigrantes portugueses dizerem bem de Portugal aonde estão radicados, alguns isso sim, porque na maioria estão sempre a dizer mal do país que os viu nascer. Por isso em alguns países aonde estive e falei com estrangeiros, eles dizem:

O vosso país é maravilhoso, a gastronomia óptima e as pessoas acolhedoras, e depois dizem:

Não compreendo porque é que os emigrantes portugueses estão sempre a dizer mal do seu país.


Chamo a isto o complexo do emigrante tuga.

Cumpts.

Anónimo disse...

LOBO VILLA
Como atrás se disse, está na hora de voltar a suspender a "moderação aos comentários" ; que não haja suspeitas de "censura".