In Público (10/2/2010)
Por Alexandra Prado Coelho
«Criar bilhetes comuns ou itinerários, contar histórias que juntem as diferentes colecções: os directores dos museus da capital reuniram-se para pensar em conjunto novas estratégias
Quando nasceu, há cerca de um ano, a ideia era mais modesta: tratava-se de lançar a zona de Belém-Ajuda como um museum district, uma rota que tirasse partido dos numerosos museus e monumentos que se concentram naquela área. Mas ontem, no final da terceira reunião para discutir o plano, este tornou-se muito mais ambicioso: trata-se agora de criar um itinerário cultural para Lisboa "do Aquarium ao Oceanarium", ou seja, do Aquário Vasco da Gama ao Oceanário, na Expo.
De manhã, directores de museus e edifícios histórico-monumentais - entre 50 e 60 participantes - reuniram-se no Museu Colecção Berardo para redigir uma carta de intenções para o projecto, lançado por Rui Silvestre (Museu Berardo), Luís Raposo (ICOM Portugal) e Luís Serpa (Induscria, Plataforma para as Indústrias Criativas).
À tarde, na apresentação dos resultados, um mapa de Lisboa (ver infografia) projectado num ecrã mostrava, assinalados com pontos vermelhos, os principais equipamentos culturais da cidade. E uma folha distribuída à assistência propunha oito Zonas Turísticas de Interesse - da Rota do Tejo ao Alfama Tradicional District, passando pelas Rotas Românticas e as Avenidas Novas.
Os organizadores do encontro sublinharam que a ideia é que em cada uma das áreas definidas os responsáveis pelas instituições culturais identifiquem que sinergias podem ser criadas. "As propostas podem ir de um bilhete comum a um transporte circular que faça a ligação entre os locais, ou outras", explicou Luís Raposo ao PÚBLICO.
No público houve quem confessasse recear que esta ideia tão vasta acabe por pôr em causa o projecto inicial para Belém e a Ajuda - a zona que mais claramente corresponde a um museum district.
Marketing e apoio político
Será agora necessário, referiu Luís Serpa, cruzar esta ideia com uma série de outros planos estratégicos como a Carta Estratégica para Lisboa ou o Planeamento Estratégico Museus para o Século XXI, recentemente apresentado pela ministra da Cultura e que inclui ideias para o eixo Belém-Ajuda.
Para explicar como se põe em prática um projecto deste tipo, os organizadores convidaram o austríaco Dieter Bogner, curador com experiência em Planeamento Estratégico para Museus - foi o responsável pelo conceito para o Museumsquartier Vienna, a criação de um bairro de museus na zona do palácio, dos museus e dos estábulos imperiais na capital austríaca.
É preciso partir dos conteúdos dos museus, frisou Bogner, deixando um conselho inicial: não vale a pena fazer rotas ou itinerários ou districts se não se partir da análise do que são as colecções dos museus e de que história pode ser contada a partir das ligações entre elas.
Em Viena - num processo que durou dez anos e que, em certos momentos, contou com a oposição da população -, introduziram-se, junto aos museus imperiais, espaços ligados à arte moderna, ao teatro e à dança, mas também equipamentos para crianças, pequenos estúdios para indústrias criativas ("se querem ter gente nova e inovadora, é preciso oferecer rendas baixas"), residências para artistas e apartamentos privados.
Bogner deixou mais duas pistas: "Uma boa campanha de marketing nacional e internacional para dar uma imagem positiva do bairro é fundamental". E o que aconteceu em Viena "foi uma decisão política". "Sem o apoio político, nunca teríamos tido sucesso", disse.»
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2 comentários:
Faltou na rota Romântica a Fundação Medeiros e Almeida e a Faculdade de Ciências
Conhecendo eu o que é o Santos Design District, o estado de tudo aquilo e as maluqueiras que à pala da designação passou por algumas cabeças lá fazer, é de esperar o pior...
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