In Diário de Notícias (29/2/2008)
MARIA JOÃO PINTO
«Fundação Oriente prestes a celebrar 20.º aniversário
A data é definitiva. Será no mês dos museus e, também, no ano em que a Fundação Oriente (FO) comemora o seu 20.º aniversário: projecto com duas décadas, por várias vezes adiado por vicissitudes de localização, o Museu do Oriente abrirá as suas portas ao público a 8 de Maio. O anúncio foi feito ontem pelo presidente da FO, Carlos Monjardino, na apresentação do museu que, sedeado no Edifício Pedro Álvares Cabral, em Alcântara, dará novos usos ao antigo complexo de armazéns frigoríficos do Porto de Lisboa, projectado pelo arquitecto João Simões, em 1939.
Resultado de um investimento de "25 a 30 milhões de euros" e adaptado sob projecto de Carrilho da Graça e Rui Francisco, o museu respeitará a traça original e os baixos-relevos de Barata-Feyo apostos na fachada. Terá um jardim, concebido por Gonçalo Ribeiro Telles, e o acesso, por transporte público, à zona portuária será facilitado: após negociações com a Carris, uma carreira de autocarro circulará pela faixa interior, circunstância que ajudará equipamentos culturais vizinhos como o Museu da Electricidade.
Iniciado logo após a constituição da Fundação (a 18 de Março de 1988), por aquisição de espólio ilustrativo das relações que Portugal estabeleceu com a Ásia, o acervo do Museu do Oriente integra, entre outros, núcleos de arte chinesa, indo-portuguesa, japonesa e timorense. Núcleos traduzidos por objectos votivos e de ritual, cerâmicas e terracotas, têxteis, mobiliário, pintura e máscaras, e aos quais se juntou, em 1999, por doação do sinólogo francês Jacques Pimpaneau, a colecção Kwok On de arte popular asiática: 13 mil peças, muitas delas raras e de grande escala.
O acervo da Fundação (projecto museológico da responsabilidade de Fernando António Baptista Pereira; direcção de Natália Correia Guedes) partilhará ainda a sua casa com um conjunto de colecções externas de idêntica temática. Provenientes do Museu Machado de Castro, em Coimbra, colecções doadas ao Estado como as de Camilo Pessanha e Teixeira Gomes ficarão aqui integradas, em regime de depósito de longa duração. Em regime de empréstimo, figurarão também peças, entre outros, da Fundação da Casa de Bragança, museus Militar, de Arte Antiga e do Traje, Arqueológico do Carmo e de Antropologia da Universidade de Coimbra, bem como de privados.
Apesar de não ter sido uma primeira escolha, este edifício - "curioso" pela sua tipologia e "com uma localização privilegiada", nas palavras de Carlos Monjardino - constituiu, lembrou, um desafio para os projectistas, dada a segmentação dos seus interiores. Ao longo dos anos, recorde-se, o museu teve várias localizações em perspectiva: Praça de Espanha (terrenos adquiridos pela FO, onde se mantêm os pavilhões da feira local, num processo "que ainda hoje se arrasta"); terrenos do Pavilhão do Futuro (actual Casino de Lisboa); Cinema S. Jorge. Actualmente classificado como Valor Concelhio, o Edifício Pedro Álvares Cabral aguarda, por pedido da Fundação ao IGESPAR, uma reclassificação como Imóvel de Interesse Público»
F-I-N-A-L-M-E-N-T-E!
29/02/2008
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5 comentários:
"após negociações com a Carris, uma carreira de autocarro circulará pela faixa interior, circunstância que ajudará equipamentos culturais vizinhos como o Museu da Electricidade."
De aplaudir.
Fosse assim tãop fácil para outras zonas da cidade ainda mais carenciadas e com potencial movimento de passageiros bastante superior.
"após negociações com a Carris, uma carreira de autocarro circulará pela faixa interior, circunstância que ajudará equipamentos culturais vizinhos como o Museu da Electricidade."
De aplaudir.
Fosse assim tãop fácil para outras zonas da cidade ainda mais carenciadas e com potencial movimento de passageiros bastante superior.
"após negociações com a Carris, uma carreira de autocarro circulará pela faixa interior, circunstância que ajudará equipamentos culturais vizinhos como o Museu da Electricidade."
Quando se tem poderes, influências, tudo se consegue neste Portugal, não é?
E o eléctrico 24? Como o 24 não tem ainda nenhum patrono influente...
Veremos se a montanha não vai parir um rato.
A envolvente parece estar ainda por resolver, com demasiadas facilidades para os carros e pouco conforto, ou nenhum, para os peões. Comparem a envolvente do Museu do Oriente com a TATE MODERN em Londres onde se acabou com o transito automóvel, se plantaram centenas de árvores e até uma nova ponte pedonal se construiu! Em Lisboa continua a prevalecer o paradigma da cidade para os carros enquanto que em Londres o novo paradigma da cidade para os peões avança a passos largos.
O Museu do Oriente corre o risco de ficar reduzido a uma ilha, isolada do resto da cidade por estradas, viadutos e estacionamento de superficie.
Já é um começo. Pode ser que a dinâmica do museu force a alterações mais profundas...
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