31/10/2008

Chegado por email:

«Esta Lisboa que amo

Nasci, brinquei, estudei e tornei-me homem nesta Lisboa (não sei se os Srs. Sócrates, Costas ou Coelhos - este último parece que “bate” em todos que não pensem como ele - sequer nasceram ou nela brincaram). Habituei-me, de muito pequenino, a ver também Lisboa do outro lado do Tejo (Ginjal), a beleza das suas colinas, O Castelo, O Monte, A Esperança, São Roque, Sant’ana, Senhora do Monte, A Graça. Via também o Terreiro do Paço, uma das mais belas Praças da Europa, o Alecrim, a 24 de Junho, a Infante Santo, Alcântara etc. etc. etc. Vi também o “Vera Cruz” o “Santa Maria” o “Niassa” o “Infante...” o “Uíge”, o Carvalho Araújo, etc cheios de lenços a acenar a desaparecerem no horizonte do belo estuário do Tejo. A Ponte ainda era então uma miragem, Esta Lisboa cantada desde Camões a Tolentino, passando por F. Pessoa, O'Neill, Ary, imortalizados pelas vozes de Amália, Marceneiro, e tantos outros, cuja comparação inevitável com os Senhores acima citados, faz-nos ver o que é a mediocridade. Alcântara e Rocha, onde eu, ainda menino, vi tanta gente chorar, na partida e na chegada (alguns vinham em caixas de pinho, citando Zeca Afonso). Já agora porque não fazer naquela zona um memorial aos portugueses, Homens e Mulheres que choraram por perderem os seus filhos, maridos e pais e que foi ali que os viram pela última vez. Alcântara e Rocha, tão intimamente ligadas à nossa História do século XX. Eles foram as torres, foi o elevador, foram as “manhattans” de Santos, de Santa Apolónia e Almada. Já estou a ver os camiões a atravessarem Lisboa, cheios de “caixões” com as nossas memórias. Onde estão as “nossas” Feira Popular ou o Parque Mayer? Onde está o Cais das Colunas da nossa sala de visitas? Que fizeram ao Martim Moniz? Depósito de “caixotes e penitenciárias”. Assassinatos culturais, arquitectónicos e paisagísticos de uma Lisboa medieval, tudo em prol de virar a vista para um certo hotel, deixando para trás as belas colinas do Castelo, Graça e Monte. Minha mãe calcorreou Lisboa comigo pela mão, pois vendia lotaria, por ruas, becos e travessas, desde as então chamadas avenidas novas até às Ribeiras, Alfamas, Mourarias e outros (até nos cacilheiros). Não tenho a culpa, amo Lisboa, está-me no sangue, fás parte do meu código genético. Basta de atentados destes cavalheiros. Antigamente “ensinaram-me” – A Pátria não se discute, agora impingem-me - ...temos legitimidade democrática (?) só se for para não fazerem o que prometeram, e fazerem o que esconderam.

José Coelho
»

3 comentários:

Anónimo disse...

sim, como era bonito passear no terminal de alcântara, ouvindo o vernáculo da estiva... Agora, devido ao grande capital o bonito terminal de alcãntara vai continuar a ser terminal de alcântara... É uma pena vermos o país sucumbir a esta vilanagem.

Anónimo disse...

"Já agora porque não fazer naquela zona um memorial aos portugueses, Homens e Mulheres que choraram por perderem os seus filhos, maridos e pais e que foi ali que os viram pela última vez"

Isso sim.....seria uma homenagem, a todos esses que, tanto sofreram e sofrem, por essa maldita guerra.

JA

Anónimo disse...

Caro JA
Quanto é verdade as tuas palavras, respeitar esses portugueses deveria ser a primeira preocupação.
Mais uma razão para a Rocha Conde de Óbidos ser o Cais dos Paquetes de modo a que todos que nos visitem possam honrar a memória de quem serviu Portugal.
Graças a Deus os belos paíneis de Almada estão lá para nos lembrar...