«Vienna has passed Zurich to take the top spot as the world’s city with the best quality of living, according to the Mercer 2009 Quality of Living Survey. Geneva retains its position in third place, while Vancouver and Auckland are now joint fourth in the rankings. Overall, European cities continue to dominate the top locations in this year’s survey. In the UK, London ranks at 38, while Birmingham and Glasgow are jointly at 56. In the US, the highest ranking entry is Honolulu at position 29. Singapore (26) is the top-scoring Asian city followed by Tokyo at 35. Baghdad, ranking 215, remains at the bottom of the table.» http://www.mercer.com/
Lisboa aparece na lista das 50 cidades com melhor qualidade de vida na posição 44 (uma das piores na Europa). Mas a capital portuguesa não aparece na lista das 50 cidades com melhor infraestrutura. Porquê? Comparemos a situação dos Transportes Públicos de Lisboa e Viena.
Em Viena (1,6 milhões de habitantes) existem actualmente 30 carreiras de eléctricos no centro da cidade.
Em Lisboa (500 mil habitantes) o Estado nunca mais investiu neste tipo de transporte público desde a inauguração do eléctrico de nova geração entre a Praça da Figueira e Algés em 1995. Esta situação é inédita nas economias desenvolvidas.
Por todo o mundo se está a investir fortemente nos eléctricos. De Paris a Londres e Nova Iorque, várias autoridades metropolitanas estão a investir nos eléctricos porque está provado que é uma das maneiras mais eficazes e económicas de assegurar a mobilidade dos cidadãos e ao mesmo tempo reduzir o impacto negativo dos actuais hábitos insustentáveis de mobilidade centrados no automóvel particular. A instalação de uma nova linha de eléctrico é 10 vezes mais barata que uma linha subterrânea de metro. E enquanto uma carreira de autocarro pode transportar cerca de 8000 passageiros por hora, um eléctrico de nova geração pode transportar entre 30 000 e 40 000.
Considerados estes argumentos, porque razão Lisboa não recebe investimento em eléctricos há quase 15 anos? A apatia do Estado levou a que os veículos privados destronassem o transporte público a uma velocidade galopante. Segundo os dados do INE, a importância do transporte individual na região de Lisboa aumentou de 26% em 1991 para 45% em 2001. E em 10 anos a Transtejo / Soflusa perdeu 40% de passageiros.
Entretanto, o crescimento descontrolado do número de veículos de transporte individual e consequente congestionamento dos arruamentos da cidade (com trânsito e estacionamento), impede o cumprimento de horários. Resumindo, a falta de planeamento e de investimento do Estado Português levou à destruição de uma das maiores vantagens dos transportes públicos: a rapidez.
Apenas o Metropolitano de Lisboa, com cerca de 40 km de linhas, tem registado um desempenho positivo. No entanto a expansão da rede do Metro tem decorrido a passo de caracol e demasiadas vezes com derrapagens de custos. Em 2010 Lisboa terá uma rede de metro com pouco mais de 50km. Em comparação, Viena terá 800 km de linhas de metro em 2010. É por estatísticas como esta que Viena é uma das cidades da Europa com maior qualidade de vida.
Realiza-se, de 16 a 22 de Setembro, a Semana Europeia da Mobilidade, tempo para debater a necessidade da mudança de comportamentos, em particular no que toca à utilização do automóvel particular.
Foto de Pedro Flora
8 comentários:
Para começar, sendo o estacionamento em 2ª fila o que é em Lisboa, um "sistema de eléctricos" seria apenas um "sistema de eléctricos parados a maior parte do tempo".
E depois os eléctricos não se comparam às bicicletas.
Isso, sim, é que está a dar. É para o avô e para a criança!
A carreira 15 faz a ligação da Praça da Figueira a Algés.
SIM, NAO DEIXAM DE TER RAZAO, MAS VIENA TEM MAIS DO DOBRO DE HABITANTES...
este ranking, ao contrário do ranking do monocle que aparece por aqui de vez em quando, é realista.
Os eléctricos só conseguem cumprir a sua função em canal dedicado ou reservado, no qual não circulem outros veículos - no fundo como os chamados metros ligeiros de superfície. É assim que circulam os eléctricos na quase totalidade dos seus percursos em Viena e nas outras cidades europeias - e não é preciso que sejam em países muito mais desenvolvidos do que nós: veja-se o caso de Budapeste. É mais uma questão de planeamento e mentalidades.
Lisboa já não é só a Lisboa Cidade. A área metropolitana de Lisboa tem tantos habitantes como Viena. O problema em Portugal é que, por várias razões (uma classe política miope e egoísta, é uma delas) os autarcas e as autarquias não colaboram para melhor servir os cidadãos.
Os parques de estacionamento junto às estações da CP, FERTAGUS, SOFLUSA e METRO deveriam ser grátis, mas, onde eles existem são caros e, em consequência, vêem-se dezenas de automóveis estacionados por perto, frequentemente em locais inadequados quando existem muitos lugares vagos nos parques de estacionamento especialmente construídos para servirem as estações. É lamentável, mas a verdade é que o preço do estacionamento é relevante quando se considera a sua despesa mensal mais a do passe para o transporte.
Comparam-se frequentemente os nossos preços com os dos outros países da comunidade, não se podem comparar os preços sem considerar os rendimentos médios dos portugueses. Olhar a uma coisa e esquecer outra, revela idiotice ou má fé: os portugueses não são idiotas quando preferem deixar a sua viatura a um canto da estrada, numa rua a trezentos metros de distância ou num terreno baldio em vez da a deixarem no local especialmente concebido para a receberem; o dinheiro que terão que pagar faz-lhes falta. Reparem que não estou a referir-me a quem vem para a cidade de carro mas aos que usam os transportes colectivos.
Zé da Burra o Alentejano
FJorge,
O que acontece é simples. O eléctrico atrapalha o automóvel, o metro não.
Enviar um comentário