18/03/2010

Prédio do Rato regressa à Câmara de Lisboa para emendar erro que pode custar milhões


In Público (18/3/2010)
Por Inês Boaventura

«Para lá das questões jurídicas, a concretização do projecto de Aires Mateus e Valsassina continua incerta devido à oposição conhecida de vários vereadores


A Câmara de Lisboa vai discutir, na próxima segunda-feira, a revogação do chumbo da proposta de licenciamento do imóvel projectado por Manuel Aires Mateus e Frederico Valsassina para o Largo do Rato. Tudo porque o promotor da obra não foi ouvido sobre esse chumbo, razão invocada pelo promotor na acção interposta no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa e na qual se reclama aos vereadores o pagamento de indemnizações.

Na proposta que vai ser votada numa sessão extraordinária que tem um único ponto na ordem de trabalhos, o vice-presidente da autarquia lembra que o licenciamento daquela obra já foi rejeitado duas vezes, ainda durante o anterior mandato. Das duas vezes, em Julho e em Novembro de 2008, o PS votou a favor mas toda a oposição votou contra. O problema, explica Manuel Salgado, é que não foi dada oportunidade ao promotor da obra de se pronunciar sobre os fundamentos invocados pelos vereadores por ocasião do segundo chumbo.

"É elementar que o promotor tome conhecimento de quais foram as objecções", atesta o vereador comunista Ruben de Carvalho, adiantando que não votará contra a proposta de revogação do último chumbo, reconhecendo que houve "um lapso dos serviços camarários". Esta posição é partilhada por Sá Fernandes, independente eleito na lista do PS, mas ambos sublinham que mantêm a sua oposição ao projecto de Manuel Aires Mateus e Frederico Valsassina.

Quer isto dizer que, independentemente da decisão de segunda-feira, continua em aberto o futuro do projecto para o gaveto da Rua do Salitre, Rua Alexandre Herculano e Largo do Rato, que já foi alvo de grande contestação popular e política. Se se repetirem as votações do passado, António Costa pode contar com os votos contra de Helena Roseta, Sá Fernandes e Ruben de Carvalho, ficando dependente dos eleitos do PSD e do CDS para aprovar licenciamento da construção. A alternativa é levar a votação um projecto alterado, que atenue as críticas que lhe foram sendo feitas, nomeadamente quanto à cércea, volumetria, relação com a envolvente e não existência prévia de um plano de pormenor.

Ontem, alguns dos subscritores de uma petição contra a obra, pela sua volumetria e contributo para a descaracterização da zona, davam conta da sua preocupação com o regresso do caso do "mono do Rato" à Câmara de Lisboa. "Devagar, devagarinho... aí vêm eles outra vez", escreveu Luís Marques da Silva no blogue do Fórum Cidadania Lisboa, apelando aos vereadores para que assumam uma posição de "coerência" e resolvam o assunto em definitivo com "um grande e redondo chumbo". A referida petição recolheu no passado mais de cinco mil assinaturas.»

...

Esta perspectiva é fabulosa, pelo pé-direito dos andares, conseguindo que o mono fique abaixo do prédio de Ventura Terra. Fabuloso. Nem Cameron faria melhor, vai um par de óculos 3D?

17 comentários:

Anónimo disse...

Paulo Ferrero:

Pelo menos conheça o projecto que tanto condena...

"Esta perspectiva é fabulosa, pelo pé-direito dos andares, conseguindo que o mono fique abaixo do prédio de Ventura Terra."

Se porventura se der ao trabalho de consultar os alçados do projecto verá que a cércea do "mono", como lhe chama, é exactamente igual à do edifício do Ventura Terra.

Ao fim de tanto tempo a "bater no ceguinho" ainda não viu que as janelas irregulares estão lá precisamente para destruir a leitura convencional dos "andares", e criar uma peça de volumétria única e resolver a diferentes fenestrações dos edificios vizinhos! Aproveite e dê um salto ao campus na Universidade Nova em Campolide, e veja a Reitoria, Prémio Valmor em 2002.

Se calhar vai achar que é outro "Mono"...


cumps.
f.

Salvador, disse...

«Cércea:
Dimensão vertical da construção, medida a partir do ponto de cota média do terreno marginal ao alinhamento da fachada até à linha superior do beirado, platibanda ou guarda do terraço, incluindo andares recuados, mas excluindo acessórios, como sejam chaminés, casa de máquinas de ascensores e depósitos de água.»
Prtanto e como o terreno desce em relação ao Largo do Rato, a cércea do "mono", como lhe chamam, é superior ao prédio imediatamente anterior... Uma verdade que até para La Palisse seria evidente, ou seja, ou o anónimo que assina "f." percebe tanto disto, como eu de hieróglifos, ou quer fazer passar, como verdadeira, uma ideia falsa. Porque será??? ...

Anónimo disse...

Se porventura se der ao trabalho de consultar os alçados do projecto verá que a cércea do "mono", como lhe chama, é exactamente igual à do edifício do Ventura Terra.

Meu Caro "f"

Não será possível bater no ceguinho pois de facto salta à vista o horror e pavor que representa o edificio.

Mas vamos por partes:
As janelas irregulares atenta contra a memória que temos de um conjunto urbano. Todos sabemos que onde se situam os pisos e as janelas, procurar confundir as pessoas para além de ser um sentimento um pouco infantil, é de um autoritarismo absurdo e retrógrado.
A leitura convencional que tenho de si Sr. f é de que anda, fala ouve e vê, da mesma forma que outros seres humanos, e por isso não tenho o direito de fazer uma outra leitura de que V.Exa. é mentecapto e ignorante.

A atitude de querer ser uma peça única representa uma vaidade e egocentrismo extemporâneo, os arquitectos deveriam ter respeito pela envolvente, a cidade é feita de uma comunidade, e o desejo e anseios de toda uma comunidade deveria ser respeitado. Não se compreende o porquê, os motivos de tamanha agressividade.
E parafraseando uma esclarecida mulher de um prémio Nobel, não é rasca e estupida a polémica! Não!
Os cidadãos ficam incomodados com a brutalidade do referido edificio. Que em vez de trazer tranquilidade e harmonia a este largo vem afinal excluir-se, impondo-se pela sua dimensão, revelando um comportamento fachizoide dos seus autores, e de toda uma pseudo elite intelectual que à força impõe o caos das suas mentes, uma agenda de intelectuais que no fundo fazem parte de "status quo" insuportavel.
Mas fique tranquilo, que é me indiferente, podem estragar a cidade de Lisboa à vontade, a minha cidade é outra.

Arrivedeci,

g

Anónimo disse...

Caro Salvador:

As minhas desculpas pelo erro, com efeito, não é a cércea que é exacatmente igual à do edifício do Ventura Terra, mas sim, o alinhamento do limite superior da platibanda, elemento este com muito maior presença na imagem urbana. Com o declive da rua devo ter errado por quase metro e meio... imperdoável!

cumps.
f.

Anónimo disse...

Meu Caro "g"

Não sei se era sua intenção insultar-me com os adjectivos "mentecapto e ignorante", ou apenas confundir-me com o discurso retorcido, de qualquer forma, devo dizer-lhe que não colhe...
Tenho bem assente o meu juízo sobre este projecto, e aliás sobre o vazio junto ao qual se localiza, ao qual pomposamente se chama Largo.

Quanto ao juízo de gosto, poderá ter o seu, mas para um juizo de valor, que se quer esclarecido e fundado, dê-se ao trabalho de conhecer o projecto com maior profundidade.

... e para terminar, já que desviou esta questão para o insulto pessoal relembro-lhe uma citação Johannes Brahms pelo Deputado Almeida Santos, em reposta ao seu par Pacheco Pereira:

“... por favor, perdoe-me e considere-se insultado!”

f.

Salvador, disse...

Caro f.
Desculpado está, até porque nada aqui é pessoal. Agora isso só implica, para além de todos os erros de que o projecto enferma, que não respeita também o alinhamento de cérceas em, 1,50m...
Tão pouco... Só meio piso, o que corresponderá em projecto, á eliminação de todo o último piso, só isso!!!
cumpts

Anónimo disse...

Salvador:

O alinhamento de cérceas previsto pelo PDM não é apenas com o edificio vizinho, mas sim pela
média ou moda das cérceas (conforme a classificação dos espaços), "dos edifícios da frente edificada do lado do arruamento onde se integra o novo edifício, no troço entre duas transversais ou no troço de rua que apresente características morfológicas homogéneas".

Se consultar a ficha técnica do projecto no site do Arqº Valsassina (http://www.fvarq.com/projectos18/apresentacao_largo_do_rato.pdf) verá que o edifício está claramente dentro dos limites definidos pelo PDM, aliás isso nunca foi posto em causa pelos serviços camarários. Se reparar o edifício dos Seguros Império (também do Arqº Valsassina) licenciado no tempo do Abecassis é bastante mais alto do que o edifício do Ventura Terra.

O respeito que o edifico agora proposto presta ao seu vizinho, o edifício do Ventura Terra, é precisamente o alinhamento do limite superior da platibanda, que, esta, como referí no post anterior é uma característica com muito maior presença na imagem urbana, e que é claramente perceptivel para o transeunte.

Este principio é, em parte, preconizado no "Regulamento Municipal de Urbanização
e Edificação de Lisboa" (aliás, posterior ao projecto em causa) no seu Artigo 43.º "Desenho das fachadas em frente edificada".

No entanto, esta é uma questão estéril, porque a crítica a este projecto, neste e noutros foruns, não se tem baseado em critérios legais, mas sim em juízos de gosto. Até porque, ao que parece, legalmente pouco há a obstar ao projecto.

cumps.
f.

Anónimo disse...

Como é que alguém considera isto arquitectura... É preciso tirar um curso para desenhar um cubo?? Só se for um curso por correspondência ou tirado num país de terceiro-mundo!!
Esperem lá...Pensando bem acho que já percebi a origem do problema.

f. = falta de gosto

Salvador disse...

f.
Vamos de mal a pior:
O respeito, que o denominado "mono" tem com o edificado encolvente e nomeadamente com o edifício do VT, é de sobremaneira falacioso, tendo em conta a cércea dominante do Largo do Rato e da Rua do Salitre...
Não vale a pena ir buscar um exemplo que por sinal, já de si é desenquadrado (de propósito?) e esquecer todo um conjunto, que é o que está aqui em causa.
Não nos iludamos; aqui, não estamos a falar de "respeitos por...", mas de especulação e de destruição de escala de todo um bairro.
Quanto á referência aos serviços camarários e ás "argoladas" que possa cometer, não me pronuncio....
cumpts

Julio Amorim disse...

Cérceas !???
E o Largo ?...e a fonte ?...e o resto...?
Nem desgosto nada do edifício....mas aqui?
Nunca!!

Anónimo disse...

Meu caro f
Ninguém o insultou, deveria reler o que escrevi.
Repetir as baboseiras de Almeida Santos já me basta para o catalogar.
Não é necessário conhecer, o projecto bastou para mim, ver as imagens, o plano inclinado da entrada.
A sua visão é uma perfeita contradição, pois um edificio "só", não fará do Largo do Rato uma praça aprazível. Existem lugares como este em todas as cidades do mundo, têm funções bem precisas na cidade.
Só tenho a lamentar que a envolvente, a singeleza do Chafariz de Mardel (qual Fontana di Trevi) só temos estas pequeninas, sempre fomos e seremos pequeninos,...em tudo!
Como lhe disse, arrivedeci a minha cidade é outra
g

Anónimo disse...

Então:
"O alinhamento de cérceas previsto pelo PDM não é apenas com o edificio vizinho, mas sim pela média ou moda das cérceas (conforme a classificação dos espaços), "dos edifícios da frente edificada do lado do arruamento onde se integra o novo edifício, no troço entre duas transversais ou no troço de rua que apresente características morfológicas homogéneas"."
Quererá dizer então que o edifício da seguradora, do mesmo sr arquitecto Mateus, não cumpre esta norma do PDM?
Aí, aí, aí...

Anónimo disse...

O que interessa o alinhamento das cerceas? O prédio é feito(ponto).

Vale a pena reler Umberto Eco sobre o conceito do feio.
Realmente nestes tempos que vivemos a agressividade está na ordem do dia.

Anónimo disse...

Caro Anónimo das 10:55 AM:

O edificio da seguradora não é da autoria do Arqº Mateus, mas sim é Arqº Valsassina, e foi licenciado no tempo do Presidente Abecassis, é portanto bastante anterior ao PDM; poderá ser grande, poderá ser feio, mas é seguramente um documento da sua época e, facto inegável EXISTE.

Como tal faz parte integrante "dos edifícios da frente edificada do lado do arruamento onde se integra o novo edifício."

E já agora amigo g. já tinha percebido que era rápido a catalogar, não precisava de escrever "Repetir as baboseiras de Almeida Santos já me basta para o catalogar." Há uma palavra para isso PRECONCEITO.

Alegro-me por saber que não partilho consigo esta Cidade que pode crer que amo.

cumps.
f.

Anónimo disse...

"...poderá ser grande, poderá ser feio, mas é seguramente um documento da sua época e, facto inegável EXISTE.

Como tal faz parte integrante "dos edifícios da frente edificada do lado do arruamento onde se integra o novo edifício."..."

Diga antes,infelizmente existe!
E é com este tipo de argumentação, que pretende "justificar" a aprovação do edifício?
Toda a outra envolvente é, pura e simplesmente, renegada?
E a escala do Largo do Rato?
E o cumprimento da norma do PDM, referente ás cérceas, na rua do Salitre?
E o cumprimento do artº 59º do RGEU na rua do Salitre?
E o artº 24º do RJUE, também é cumprido?
Gosta de Lisboa? Acredito, mas são maneiras diferentes de gostar!

Quanto á troca de nomes entre os arq.ts Valsassina e Mateus, peço desculpa pela troca, até porque o projecto em nada abona Mateus mas, é que... andam tão juntos nestas andanças...

Anónimo disse...

ATÉ EU QUE DESENHO MAL UMA LINHA RECTA FARIA UM PROJECTO MELHOR...

ASSUTA-ME OS ARQUITECTOS DE HOJE EM DIA, QUE SE PREOCUPAM EM FAZER PREDIOS "ORIGINAIS" PARA FICAREM FAMOSOS E NÃO SE PREOCUPAM COM OS HABITANTES DO ESPAÇO, COM A ENVOLVÊNCIA E COM A DESTRUIÇÃO QUE O SEU PROJECTO CAUSARÁ.

Só quero perguntar, como é que alguém que ama a cidade pode conceber ou apoiar este projecto.
Não é ser inovador,mas, sim, ter uma falta de gosto enorme. Para colocar aqui este edificio.

QUE O PONHAM NOUTRO LOCAL!!!

Tenham bom senso não aprovem este MONO, já bem basta o que vai existir e substituir um predio do séc XIX, junto ao Saldanha.
Será ue algum dia vamos ter respeito pelo património?????

Lesma Morta disse...

Recomendo que se reedite esta noticia com a foto que apresentam agora e se compare com as fotos pré existentes no projecto, bem mais reais, e que para tapar o sol com a peneira não querem agora mostrar.

Jorge Santos Silva