02/02/2012

Greve ameaça deixar hoje mais de um milhão de passageiros sem transportes


Por Pedro Crisóstomo e Raquel Almeida Correia in Público

Metro de Lisboa deverá ser a empresa mais afectada, só retomando a circulação na madrugada de amanhã. Impactos vão depender da adesão, que os sindicatos acreditam que será elevada

A primeira grande greve dos transportes em 2012, convocada para o dia de hoje, ameaça afectar mais de um milhão de passageiros. O Metro de Lisboa será a empresa mais penalizada, uma vez que transporta diariamente 500 mil pessoas e deverá sofrer fortes perturbações. É cedo para avaliar os prejuízos dos protestos, que têm como alvo a reestruturação do sector e as medidas de austeridade. Mas o Governo já se antecipou a fazer as contas.
De acordo com cálculos efectuados pelo PÚBLICO, em função dos serviços mínimos estabelecidos e das informações prestadas pelas empresas, mais de 1150 mil passageiros deverão ficar sem transportes durante o dia de hoje. A maioria será afectada pela suspensão da circulação no metro de Lisboa, já que a empresa movimenta diariamente 500 mil pessoas.
Tendo em conta os impactos que as greves têm tido na sua operação e o facto de não terem sido definidos serviços mínimos para a greve, esperam-se fortes constrangimentos, prevendo-se que a circulação só fique normalizada às 6h30 de amanhã.
A estes passageiros acrescem os 344.351 que deverão ser afectados pela paralisação na CP, tendo em conta cálculos feitos com base nos serviços mínimos (podendo realizar-se mais ligações, em função da adesão à greve). Estão assegurados 20% dos comboios e, por isso, nem todas as pessoas vão sofrer perturbações. Nas linhas urbanas de Lisboa, só estão garantidas 148 ligações, ou seja, das 307.008 pessoas que utilizam este serviço, 245.523 poderão não conseguir transporte.
No Porto, os impactos deverão ser sentidos por 55.511 passageiros, uma vez que só haverá 60 comboios. O serviço de longo curso só terá 12 Intercidades a circular, ou seja, das 13.729 pessoas que utilizam este serviço diariamente, 11.503 poderão ser afectadas. O mesmo acontecerá nos regionais, que deverão ficar reduzidas a 72 comboios, penalizando 31.814 passageiros.
No caso da Carris, estima-se que 261 mil pessoas possam sofrer com os efeitos da paralisação, porque foram definidos serviços mínimos que correspondem apenas a 13% da operação. No entanto, dado o histórico de adesão à greve na transportadora, os impactos poderão ser menores.
Os protestos também vão causar perturbações nas ligações fluviais no Tejo. A empresa que presta este serviço (grupo Transtejo) estima que 44.400 pessoas possam não conseguir barco hoje. A estes números falta somar os impactos da greve nos autocarros do Porto, operados pela STCP, que não forneceu informação.
Nenhum das transportadoras se quis comprometer com os prejuízos que poderão advir desta paralisação. Porém, o Governo antecipou-se e ontem, no Parlamento, o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, afirmou que esta greve vai significar "um impacto de 150 milhões de euros", porque "a mobilidade não está assegurada e o absentismo aumenta". Não explicou, no entanto, como chegou a estes números.
José Manuel Oliveira, coordenador da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações, reconheceu que as empresas se organizaram para diminuir o impacto da greve, mas espera um "máximo de adesão", tendo em conta as preocupações conjuntas do sector. com I.B.

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