In Diário de Notícias (26/11/2006)
Ana Mafalda Inácio
"Na freguesia da Ajuda, alguns projectos estão na gaveta há dez anos: uns com aprovação camarária, mas sem a ratificação da assembleia municipal; outros com aprovação dos dois organismos e verbas inscritas nos orçamentos, mas que não avançam por "falta de dinheiro", segundo o presidente da junta de freguesia. Joaquim Granadeiro tem uma explicação: "Falta de vontade política. Se não fosse assim, as verbas apareciam." E vai mais longe: "A Ajuda tem sido esquecida pelo executivo camarário. Não quero acreditar que isso tem a ver com o facto de se tratar de uma freguesia da CDU."
A situação piorou nos dois últimos mandatos e tanto faz que sejam projectos de grande ou de pequena dimensão. "Para os moradores são todos importantes. Só que, quando estão para avançar, deixam de fazer parte das prioridades políticas camarárias", afirma. E dá exemplos: "O ministro Severiano Teixeira prometeu uma esquadra para a Ajuda. Arranjou-se um espaço em 2002, que continua desocupado. O pavilhão gimnodesportivo foi aprovado e orçamentado em 2002/ /2003, mas a câmara ainda não decidiu. A creche no Bairro 2 de Maio foi aprovada em 2000. A Associação de Actividades Sociais, uma instituição particular de solidariedade social do bairro, que gere o infantário e os centros da terceira idade, já tem um projecto e o espaço para a construção, que está a pagar há seis anos. Falta decisão camarária".
O autarca assegura que, desde 2001, a única intervenção da câmara na freguesia foi a construção do mercado municipal na Boa Hora, que era um projecto de 1998". Joaquim Granadeiro diz que os exemplos são muitos, ou melhor, "as ideias são muitas, algumas até da administração central, só que não passam do papel".
De acordo com dados do último censo, a Ajuda é a freguesia de Lisboa com mais beneficiários do rendimento mínimo garantido, "alguns desde o ano em que o programa foi lançado".
A maioria da população é envelhecida e carenciada, oriunda do operariado, já que a zona foi crescendo através da construção de bairros que pretendiam acolher as pessoas que vinham do interior para a capital trabalhar nas fábricas, no Porto de Lisboa, na EDP e na própria câmara. Segundo o presidente de junta, "há uma percentagem elevada de reformados com pensões muito baixas e também de desempregados, pessoas com 50 anos", mas ao bairro começam a chegar "casais mais novos e de outro status social", confirma.
Na Ajuda existem 16 colectividades de cultura e recreio, cinco centros de convívio para a terceira idade, seis escolas básicas (quatro oficiais e duas particulares), e uma série de associações de apoio à deficiência. "É das freguesias que têm uma boa rede de apoio social", comenta.
Joaquim Granadeiro tem ainda pena que os executivos camarários e a administração central não tentem "vender" a freguesia do ponto de vista turístico. "Seria muito fácil, com o património histórico que temos - Igreja da Memória, Palácio da Ajuda, Jardim Botânico - e com a nossa localização" numa das colinas de Lisboa, junto a Monsanto. "
Comentários:
1. A Ajuda é das zonas mais bonitas, luminosas e valiosas de Lisboa, mas também é das mais degradadas, abandonadas e conspurcadas.
2. No que se refere ao Palácio da Ajuda e à sua envolvente, na verdade existem 3 planos ou projectos: um do Arqº Gonçalo Byrne (que já vem de há décadas, e que é "actualizado" periodicamente, mal toma posse um novo executivo), outro da directora do Palácio (Drª. Godinho) e outro, mais ideia que outra coisa, dos Amigos do Palácio da Ajuda.
3. O plano de pormenor do Arqº Byrne tem coisas boas, mas tem coisas más, péssimas, e é dessas que convém falar, já:
- Endeusamento da Via da Meia-Encosta, que mais não é do que outra via rápida para trazer mais carros, e mais depressa, a Lisboa, com efeito grave a nível da mancha ver, construção de túnel, etc.;
- Destruição completa da Alameda dos Pinheiros;
- Destruição do sistema de vistas, desde e para o palácio, devido à projectada construção de empreendimentos a sul do palácio, um imediatamente abaixo da alameda referida, e outro mais abaixo, junto à linha do eléctrico.
4. Monsanto e a Tapada da Ajuda são zonas a proteger, e devem ser imediatamente proibidas e demolidas as construções avulsas que destroem ambas, a pouco e pouco.
5. O Bairro 2 de Maio precisa de ser requalificado, urgentemente.
6. O Rio Seco é uma chaga de Lisboa e dificilmente será curada, oxalá me engane.
PF
27/11/2006
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