08/11/2006

contrato na próxima semana

In Público (8/11/2006)
Vanessa Rato

"Gestor cultural francês é o director do Museu Berardo.
Jean-François Chougnet entra em funções em Janeiro, deixando a direcção do Parc de la Villette, em Paris


O perfil é menos o de um curador e mais o de um gestor cultural ligado a grandes mostras e a instituições de relevo como o Centro Pompidou, em Paris. Jean-François Chougnet, de 49 anos e um dos consultores do ministro da Cultura francês Jack Lang durante os anos 80, vem a Lisboa na próxima semana para assinar o contrato que o torna director artístico do Museu Berardo.
Sondado para o cargo no princípio do ano, Chougnet decidiu deixar a direcção do Parc de la Villette, em Paris, depois de há três semanas as negociações com o brasileiro Ivo Mesquita terem sido interrompidas sem acordo quanto ao orçamento do museu.
Mesquita estaria a pedir cinco milhões de euros para a instalação do museu e para o seu primeiro ano de funcionamento. Em breve conversa telefónica de Paris, Chougnet não quis ontem comentar números. Mas sublinhou estar a par das declarações do Ministério da Cultura quanto ao momento de contenção orçamental.
"A minha ideia é fazer uma equipa proporcional ao orçamento e não o inverso. Não faz sentido fazer uma equipa muito forte mas desadequada aos meios disponíveis", disse Chougnet ao explicar que, ao contrário do que pretendia Mesquita, o museu não terá uma equipa permanente de curadores.
Em vez de assumir uma direcção de funções repartidas, Chougnet, que não deverá comissariar exposições, quer manter "um arquipélago de curadores independentes, portugueses ou estrangeiros" a quem pontualmente será pedido o comissariado de mostras temporárias.
Mas isso será a partir de finais de 2007. Para já, "a prioridade natural é mostrar a Colecção Berardo aos portugueses" com uma grande exposição a abrir em finais de Junho, princípio de Julho.
"A Colecção Berardo não é uma colecção de arte antiga nem moderna, não é uma colecção fechada", disse Chougnet. "É uma colecção de arte contemporânea e tem que fazer diálogos com a actualidade. Mas, para já, a prioridade absoluta é mostrá-la aos portugueses. Só no fim de 2007, princípio de 2008 deveremos começar a apresentar obras que a possam complementar e dialogar com ela. Foi o que foi feito na Tate Modern, por exemplo."

Um museu de "nível mundial"
Diplomado pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris no fim da década de 70, Chougnet viveu em Lisboa em 1979, enquanto estagiava na Embaixada de França. Fluente em português, tem mantido desde então uma relação próxima com a cidade, escrevendo três guias sobre Lisboa para a editora Gallimard. Licenciado depois em História, foi chamado para trabalhar como administrador civil do Ministério da Cultura de Jack Lang em 1981. Sairia quatro anos depois - para se tornar director adjunto do Centro Georges Pompidou - e voltaria em 1988 como consultor técnico do gabinete que conseguiria duplicar o orçamento para a Cultura em França.
Foi depois deste último período no gabinete de Lang que Chougnet se envolveu mais directamente com a organização de exposições e o comissariado de arte. Entre 1990 e 1996 esteve por detrás de grandes mostras tanto do Grand Palais como do Musée d"Orsey, incluindo a exposição que mostrou pela primeira vez fora dos EUA a colecção da Barnes Foundation. Em 1998, foi comissário do núcleo histórico da Bienal de São Paulo com Paulo Herkenhoff, e em 2001 trabalhou pela primeira vez a Colecção Berardo, ao comissariar para o Centro Cultural Banco do Brasil, do Rio de Janeiro, uma mostra dedicada ao Surrealismo - a Colecção Berardo emprestou quase todas as suas obras do movimento.
Comissário geral do ano do Brasil em França entre 2003 e 2005, Chougnet assumiu funções no Parc de la Villette em 2001. Berardo diz que Portugal "teve a sorte de conseguir contratá-lo por um período de dois anos": "Ele é a pessoa indicada para elevar o nosso museu a nível mundial."
Chougnet diz que isso é possível havendo como "primeiro e principal recurso" a Colecção Berardo, uma colecção "rara": "É importante fazer em Lisboa o museu de referência que falta, além de Serralves.BI
"

Independentemente da presença da Colecção Berardo no CCB ter sido oferecida de mão beijada, ou não, ao Comendador Berardo, a verdade é que esta é uma excelente contratação ... espera-se é que não seja igual à de Pinamonti, no São Carlos, que faz regra da velha máxima: dá Deus nozes a quem não tem dentes.

PF

1 comentário:

Anónimo disse...

Devemos sentir-nos priviligiados por termos Jean François Chougnet colocando o seu saber ao serviço de Portugal.
Trata-se de uma personalidade, arrisco-me a afirmar, com o mais alto nível de conhecimento sobre Arte no mundo.

Parabéns Senhor Comendador Berardo!

Gabriela Tasso