Depois do “Tuti-Mundi”, o “Centro Roma” parece que tem os dias contados.
Bem sei que é um centro comercial. Mas é um centro comercial especial. Daqueles ainda à escala humana, tal como o Centro Comercial Alvalade, hoje moribundo.
Na altura em que estes centros comerciais apareceram dizia-se que iriam acabar com o “comércio tradicional”, mas rapidamente se integraram no tecido comercial local, encontrando um espaço de convivência com o comércio de rua sem se ter verificado a temida “canibalização”.
O Centro Roma não tem grandes parques de estacionamento subterrâneos, várias salas de cinema ou “lojas âncora”. O Centro Roma tem lojas “normais” e cafés “normais”. É também um espaço do “comércio tradicional”.
O encerramento do Centro Roma, mais até que um sinal de fim de uma época de uma certa tipologia de centros comerciais, é um sinal de falta de vigor do tal “comércio tradicional”.
O fecho do Centro Roma significa também a perda de um espaço de convívio para tantos “fregueses” de Alvalade, especialmente idosos, que adoptaram aquele espaço e os seus cafés como seus.
É curioso este artigo no Diário de Notícias de há pouco mais de um ano do qual reproduzo um excerto:
As pequenas superfícies de Lisboa perderam a função de centros comerciais, mas ganharam uma nova utilidade. "São os idosos do bairro que aqui vêm para passar o tempo", diz Helena Amaral, funcionária da loja de brinquedos Pipa, no Centro Comercial Roma. Relatam as tropelias dos netos, enumeram as doenças da velhice e vão buscar o passado para esticar as conversas.
São, portanto, sempre os mesmos que enchem o centro comercial da Avenida de Roma. O hábito é tão antigo que muitos ganharam alcunhas. "Temos o senhor Domingos, que nos visita sempre ao domingo, o senhor Every Day, que passa por aqui todas as tardes, e a menina Glorinha, que aparece várias vezes ao dia", conta Rita Nascimento, mostrando a cadeira almofadada que a loja The Body Shop reservou para os "ilustres habitués". " Glorinha", que no bilhete de identidade usa o nome de Glória Pascoal, tem outro poiso certo: o Green Garden. Senta-se sempre na última fila do restaurante e pede meia torrada para acompanhar o chá de menta e limão: "O Roma já não tem o mesmo requinte", desabafa, lembrando que quando o centro se chamava Tuti-Mundi havia maples, mesas em mogno e empregados vestidos a rigor.
Kátia Catulo e Joana Belém
In DN, 18.12.2006
Bem sei que é um centro comercial. Mas é um centro comercial especial. Daqueles ainda à escala humana, tal como o Centro Comercial Alvalade, hoje moribundo.
Na altura em que estes centros comerciais apareceram dizia-se que iriam acabar com o “comércio tradicional”, mas rapidamente se integraram no tecido comercial local, encontrando um espaço de convivência com o comércio de rua sem se ter verificado a temida “canibalização”.
O Centro Roma não tem grandes parques de estacionamento subterrâneos, várias salas de cinema ou “lojas âncora”. O Centro Roma tem lojas “normais” e cafés “normais”. É também um espaço do “comércio tradicional”.
O encerramento do Centro Roma, mais até que um sinal de fim de uma época de uma certa tipologia de centros comerciais, é um sinal de falta de vigor do tal “comércio tradicional”.
O fecho do Centro Roma significa também a perda de um espaço de convívio para tantos “fregueses” de Alvalade, especialmente idosos, que adoptaram aquele espaço e os seus cafés como seus.
É curioso este artigo no Diário de Notícias de há pouco mais de um ano do qual reproduzo um excerto:
As pequenas superfícies de Lisboa perderam a função de centros comerciais, mas ganharam uma nova utilidade. "São os idosos do bairro que aqui vêm para passar o tempo", diz Helena Amaral, funcionária da loja de brinquedos Pipa, no Centro Comercial Roma. Relatam as tropelias dos netos, enumeram as doenças da velhice e vão buscar o passado para esticar as conversas.
São, portanto, sempre os mesmos que enchem o centro comercial da Avenida de Roma. O hábito é tão antigo que muitos ganharam alcunhas. "Temos o senhor Domingos, que nos visita sempre ao domingo, o senhor Every Day, que passa por aqui todas as tardes, e a menina Glorinha, que aparece várias vezes ao dia", conta Rita Nascimento, mostrando a cadeira almofadada que a loja The Body Shop reservou para os "ilustres habitués". " Glorinha", que no bilhete de identidade usa o nome de Glória Pascoal, tem outro poiso certo: o Green Garden. Senta-se sempre na última fila do restaurante e pede meia torrada para acompanhar o chá de menta e limão: "O Roma já não tem o mesmo requinte", desabafa, lembrando que quando o centro se chamava Tuti-Mundi havia maples, mesas em mogno e empregados vestidos a rigor.
Kátia Catulo e Joana Belém
In DN, 18.12.2006
António Prôa
7 comentários:
Os pequenos centros comerciais têm futuro e são uma grande âncora para o comércio tradicional.
Veja-se o dinamismo que os Armazêns do Chiado, o Picoas Plaza, Monumental, Atrium Saldanha e Saldanha Residence trouxeram ás zonas envolventes.
A decadência do Centro Roma ou do Centro Alvalade não se deve ao modelo, mas sim à falta de investimento e ausência de acompanhamento dos tempos.
O mesmo se passa com algum comércio tradional (se não a maioria): ficaram presos no passado e não respondem às exigências do presente. E depois culpam a falta de estacionamento.
Campo de Ourique, Alvalade e Parque das Nações por exemplo assistem a um comércio tradicional florescente porque acompanharam os tempos.
Concordo com o António e o Daniel..
há felizmente um bom exemplo bem próximo do CC Roma, o Aqua Roma que tem dinamizado o comércio tradicional mais para o lado da Pr de Londres.
Só queria perguntar: isto já é certo? É que foi lançado aqui o boato do encerramento do King há uns meses, boato este que deu voltas e voltas e chocou muita gente, mas afinal era apenas isso.. um boato.
O Tuti-Mundi era um centro comercial simpático, sob o signo da estética e concepção da Art & Décoration, feita de grandes espaços em open space, com 'mobiliário à Olaio', etc.
O Centro Roma nunca foi grande espingarda, apenas a papelaria (que já conheceu dias melhores) ainda resiste à hecatombe. Não tenho grande pena do Centro Roma, apesar de reconhecer que o seu cafézinho serve de ponto de encontro a muitos velhotes que outro sítio não têm nas proximidades. Também reconheço que o centro serve de ... passagem (não ao gosto parisiense, infelizmente) para o Pingo Doce que se encontra nas traseiras. É o 'pugresso' como diria o outro.
Para mim, é mais um golpe, um duro golpe no "meu" bairro.
A minha mãe é uma das velhotas assíduas do Centro Roma. Também tem alcunha.
Eu própria passei horas da minha adolescência no café do Centro Roma, e todos os Domingos desço à Cave e o João sabe sempre que o meu café é cheio e que a minha mãe já passou pela Romeira a comprar um ramo de flores.
Lamento muitíssimo o encerramento do Centro Roma, que não está assim tão decadente, e que não tem lojas fechadas - apontado num comentário acima está o fiasco do Picoas Plaza, onde todas ou praticamente todas as lojas estão encerradas.
É um duro golpe para os fregueses de Alvalade.
Pior do que o Picoas Plaza é o estado do pseudo-centro comercial do Palácio Sottomayor, obra de fachada para um empreendimento que, na melhor das hipóteses, deveria ter sido objecto da sindicância. Uma aberração urbanística e um crime ambiental, o que fizeram nos jardins do palácio. Hoje, o pseudo-centro está falido, ponto. O edifício de escritórios, às moscas. O hotel, imagino (máximo divisor comum entre ambos os centros comerciais, portanto). Coisas...
Concordo com a Dianaral Ha, o(Centro Roma) é um centro antigo no coraçâo da avenida e a passar por momentos dificeis, mas a sua recuperaçâo é possivel e viável. Estâo a ser feitos todos os esforços no sentido de o centro nâo fechar e assim manter todos os postos de trabalho. As negociaçôes entre os logistas, a administraçâo e o senhorio hâo-de chegar a bom porto, e este centro vai continuar a servir de ponto de encontro dos moradores desta freguesia e nâo só.
A união faz a força, deixo aqui um apelo para que não divulguem boatos, e não matem o que ainda não está morto.
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