20/01/2012

Linhas da Transtejo não vão ser suprimidas e só seis carreiras da Carris serão abolidas


Frequência dos barcos para o Seixal e Montijo será alterada, mas as ligações manter-se-ão

Por Inês Boaventura in Público

Todos os autocarros da Carris que servem os concelhos limítrofes de Lisboa vão continuar a circular. No metro as alterações incluem a redução da velocidade e menos carruagens

O secretário de Estado dos Transportes deixou cair, após negociações com a Junta Metropolitana de Lisboa, alguns dos cortes que estavam a ser equacionados para os transportes públicos da Área Metropolitana de Lisboa (AML). Na Transtejo já não será suprimida qualquer ligação fluvial e na Carris são seis as carreiras com os dias contados, em vez das 23 que o grupo de trabalho nomeado pelo Governo chegou a propor.


A proposta final ontem transmitida pelo secretário de Estado Sérgio Monteiro às 18 câmaras municipais da AML, e à qual o PÚBLICO teve acesso, é significativamente menos gravosa para os utilizadores dos transportes públicos do que aquela com que a Junta Metropolitana de Lisboa foi confrontada no início de Novembro. Nessa altura, o grupo encarregue de estudar a reformulação da rede de transportes sugeria a antecipação da hora de fecho do Metropolitano de Lisboa, o fim de uma ou de duas ligações da Transtejo (entre Belém e a Trafaria e entre o Cais do Sodré e o Seixal) e de 23 carreiras da Carris.Dada a contestação das autarquias, Sérgio Monteiro decidiu que continuarão em funcionamento os barcos que ligam Belém à Trafaria. Isto apesar de este serviço representar um custo de 3,2 milhões de euros por ano, que garante proveitos de apenas 0,4 milhões de euros. Já as ligações do Cais do Sodré ao Seixal e ao Montijo terão as suas frequências de serviço "ajustadas", ficando assim pelo caminho a ideia de estas duas carreiras passarem a fazer-se apenas aos dias úteis, em horas de ponta. Quanto à Carris, não será afinal suprimida qualquer das seis carreiras suburbanas (21, 25, 76, 745, 764 e 799) cuja extinção estava em cima da mesa na segunda versão proposta pelo grupo de trabalho. Em relação aos autocarros que servem apenas o concelho de Lisboa, serão seis (10, 777, 790, 797, 203 e 205) e não nove os que vão deixar de circular. Também o eléctrico 18 vai manter-se em funcionamento, mas o seu percurso será encurtado ao Largo do Calvário. Para além disso, Sérgio Monteiro adianta que "a Câmara Municipal de Lisboa aceitou a criação de um conjunto de novos corredores de faixas

bus

", medida que em seu entender irá permitir "aumentar o nível do serviço e contribuir para a redução de custos da Carris". Ao todo serão 22 as novas faixas reservadas a transportes públicos na capital. Quanto ao Metropolitano de Lisboa, e afastada que foi em Dezembro a possibilidade de o seu horário de fecho ser antecipado, vão avançar as alterações apontadas na segunda proposta do grupo de trabalho que estudou a reformulação da rede de transportes. As mudanças em causa são o aumento do intervalo entre comboios à noite, a redução do número de carruagens para três à noite e aos fins-de-semana e feriados (e em permanência na Linha Verde), o fecho de átrios secundários das estações à noite e aos fins-de-semana e a circulação a uma velocidade máxima de 45 quilómetros/hora (em vez dos actuais 60) fora dos períodos de ponta. O secretário de Estado dos Transportes considera que, no caso do metro, essas são "medidas racionais e equilibradas de ajustamento da oferta ao nível de procura". Sérgio Monteiro acrescenta que "o impacte para os passageiros será, na maioria das situações, pouco perceptível". Na CP o governante mostra-se favorável à reformulação dos horários e oferta das linhas de Sintra e Azambuja, afirmando que "um conjunto significativo de passageiros será beneficiado com esta reorganização da oferta, uma vez que são aumentadas as frequências nas ligações com maior procura". Nas horas de menor procura circularão comboios só com uma composição (três carruagens), o que, segundo o grupo de trabalho, proporcionará um "reforço do sentimento se segurança" pela "menor dispersão de passageiros pelos comboios".

10 comentários:

Anónimo disse...

Semi-vitória em relação ao eléctrico 18, portanto, mas derrota de quem sustenta, com razão, que aquela linha não só pode ser uma mais valia em termos de mobilidade intra-Ajuda, mas que o pode ser potenciando a oferta turística e cultural daquela zona da cidade, ex. Palácio Ajuda, Jardim Botânico e até... Monsanto. Talvez que a SEC deva alertar para isso o PM e a SET.

Anónimo disse...

A propósito:

A Transtejo, que só pode ter uma gestão de anedota, comprou dois (e ignoro se há mais alguma encomenda) ferry-boats para a travessia Cais do Sodré - Cacilhas: o Lisbonense e o Almadense.

Antes que conseguissem pô-lo ao serviço, o primeiro deles - o Lisbonense - andou meses (MESES mesmo) em testes no Tejo, navegando, atracando e largando SEM NENHUM PASSAGEIRO.

Tanto quanto me apercebi, NUNCA andaram os dois ao serviço em simultâneo: andava um (e apenas um) sendo que o outro barco ao serviço era um dos cacilheiros não ferries antigos e muito mais pequenos.

Sempre me pareceu que barcos como aqueles eram absolutamente excessivos para as necessidades da carreira, mas que foram comprados com o nosso, lá isso foram.

Pois de há muitas semanas para cá esses dois barcos simplesmente desapareceram.

Agora anda um cacilheiro antigo e um ferry antiquíssimo (o Alentejense) ou dois cacilheiros antigos.

Esta gente que gere assim os dinheiros públicos não é de todo em todo responsabilizada pela sua lamentável gestão?

Xico205 disse...

A redução da velocidade do metro é uma estupidez! Os comboios utilizados no metro têm um sistema de recuperação energética da electricidade descarregada para o motor que não é utilizada em aceleração identico ao sistema de injecção electrónica utilizada nos motores de explosão. Sempre que o comboio se desloca atravez da inércia ou em travagem a electricidade é ecuperada e vai ser utilizada na próxima aceleração, e este sistema foi a causa principal do abate das composições mais antigas do metro que datavam de 1959, 1971 e 1983.

A redução da velocidade de circulação do metro não vai fazer poupar a electricidade gasta, apenas vai fazer poupar os travões, que não sei se são de disco ou hidráuliicos.

Se querem poupar mais, apaguem as luzes dos tuneis. Se houver uma emergência ligam-nas nessa altura. Com os tuneis ás escuras até diminuem o numero de pessoas que se põe a andar a pé nos tuneis e são responsaveis por suspensões de circulação.

Xico205 disse...

Segundo me disse um mestre da Transtejo, esses dois barcos novos o Almadense e o Lisbonense gastam bastante mais combustivel que os velhos daí não serem utilizados. Desconheço se a Transtejo os pôs à venda.

Por mim prefiro os velhinhos Alentejense, Campolide, Mouraria, Marvila, Castelo e Seixalense que os novos. Os velhos têm muito mais carisma e são aquilo a que associo um cacilheiro. E são os ultimos transportes publicos portugueses a terem a côr laranja que queiramos ou não marcou a nossa história dos transportes publicos do serviço social à moda do PREC.

Anónimo disse...

podiam apagar as luzes dos tuneis, e mesmo de noite as estacoes têm luz em demasia, se reduzissem a luz em 20 ou 30% de noite ate ajudava, que de noite vir da rua e entrar em algumas estações com tanta luz quase que encandeia..

desligar uma parte das luzes nao reduzia a segurança nem luminosidade mas sempre eram mais poupancas..

tambem é normal ver escadas rolantes ligadas à meia noite quando quase ninguem passa lá, a partir das 22h deviam desligar tudo isso (menos na baixa claro :P )

muitos promenores podiam ser melhorados para evitar o desperdicio...

João Gomes disse...

E apenas TRÊS carruagens na linha Verde, em permanência? Isso significa o quê, mesmo durante as horas de ponta? Eu utilizo essa linha diariamente desde há 8 anos consecutivos, e posso garantir que esta gentinha está absolutamente louca…

É impossível garantir o transporte de passageiros em condições mínimas de conforto e segurança em hora de ponta utilizando composições de três carruagens (basta ver como é que as de quatro já andam actualmente).

E sendo assim, para que serviram as obras de ampliação das estações Alvalade, Roma, Areeiro, Arroios, e todas as outras que foram ampliadas em décadas idas?

Isto é o que se chama gozar com as pessoas e atirar-lhes areia para os olhos. Em cima disto tudo, ainda querem aumentar o preço dos passes em 50% (sim, CINQUENTA), para "nivelá-lo" com os do Grande Porto, onde o investimento em transportes tem sido muito, mas muito maior (ou talvez até nem tenha sido, se contarmos com os desperdícios estúpidos que se têm feito aqui em Lisboa, mas esses também não foram da nossa responsabilidade).

Enfim, uma vergonha!

João Gomes disse...

Quanto às escadas rolantes, temos que pelo menos dar crédito ao ML por já ter algumas com sistemas automáticos de poupança de energia em várias estações… Na estação de Telheiras, por exemplo, é frequente estarem paradas ou a funcionar a baixa velocidade durante a noite, quando são menos utilizadas.

Xico205 disse...

No tempo em que não havia ligação da Linha Vermelha com as linhas amarela e azul os passageiros faziam ligação atravez da linha verde e ela aguentava com os passageiros todos. Com o prolongamento da linha vermelha a S. Sebastião o numero de passageiros na linha verde diminuiu por isso é possivel encaixá-los a todos em 3 carruagens.

João Gomes disse...

É evidente que os passageiros das linhas azul e amarela já não são forçados a ir até à Alameda pela linha verde para ir para a vermelha, e que isso se traduz numa redução efectiva, a todas as horas do dia; mas isso não equivale a que, actualmente, seja confortável andar em comboios com 4 carruagens, quanto mais com 3, em hora de ponta, e para qualquer pessoa que usa diariamente a linha isso é uma absoluta falácia.

Então, se formos a ver, qual foi a ideia de ampliarem as referidas estações? Só para encher os bolsos de algums amigos empreiteiros (não duvido que também tenha havido esse aproveitamento, mas neste caso essa não terá sido a motivação principal, ao contrário da escolha de descampados para a implantação de novas estações)?

Julgo que, mesmo com o aumento brutal do preço dos passes, também vai haver um aumento de passageiros, ou poderia haver, se as condições de conforto fossem minimamente aceitáveis ou, pior ainda, ele vai dar-se de qualquer forma com grandes prejuízos na qualidade de vida dos utentes. Se bem se lembram, as linhas azul e amarela tiveram há uns anos um esquema de comboios alternados de 3 e de 6 carruagens, que acabaram por passar para 6, devido ao aumento da procura… Para voltarem mais recentemente a alternar em algumas linhas, mas SÓ fora das horas de ponta.

O que me parece é que esta gentinha não sabe mesmo o que é nem o metro, nem qualquer outro transporte que não seja o seu carro particular ou o do emprego. É bem possível que os membros do famigerado "grupo de trabalho" (eu acho que lhe vou começar a chamar "grupo da coçadela no escroto", porque a atitude deles é em tudo semelhante a atirar m**** à parede a ver o que é que cola ou não) nem sequer saibam dessas obras, ou então que nunca tenham andado de metro nos últimos anos.

João Gomes disse...

Além do mais, sinceramente, "encaixá-los"?… É preciso ter lata! Isto agora é o metro de Tóquio, ou quê?