Reveladora entrevista com a Dra. Ana Paula Amendoeira, Presidente do ICOMOS Portugal. Ainda bem que ainda temos vozes como esta que se comprometem pela defesa da cultura e não se vendem ao poder económico e/ou político-partidário nem se deixam tolher pela diplomacia. A verdade é para ser dita em voz alta. Houvera mais gente assim a liderar as nossas autarquias, Ministérios, institutos, etc.
Ainda na escola secundária deixou-se deslumbrar pela História e pelo património do seu concelho, “em particular Monsaraz e o seu fantástico território”, hoje é uma das mais importantes especialistas de património em Portugal, presidente nacional do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), entidade a quem cabe fazer avaliação do estado dos monumentos de Évora e do Alto Douro Vinhateiro, que este ano cumprem 25 anos desde a sua classificação como património mundial. (...)
Acha que os políticos se preocupam a sério com o património ou é apenas retórica? Acho que para uma grande maioria é retórica, mas não são só os políticos. Eles também têm muitas vezes as costas largas.
Estamos numa época de crise económica, normalmente, nestas alturas, o património sofre por dois motivos, por falta de verbas e por falta de capacidade argumentativa face a necessidades consideradas mais importantes. Teme pelo que vai acontecer ao património em Portugal nos próximos anos? Já está a acontecer, não começou agora. Apenas vai continuar e agravar-se. Eu não temo só pelo património mas pela nossa terra, que é muito mais do que património, e pela forma como a entendemos e como a queremos ou não cuidar.
Quais são neste momento as áreas mais problemáticas em termos de preservação do património? É difícil dizer porque há tantos problemas, talvez as nossas cidades históricas sejam as que neste momento estão mais ameaçadas, sobretudo se a nova Lei da Reabilitação não regular consistentemente os tipos de intervenção adequados aos centros históricos de maior valor.
Tem uma posição crítica em relação à classificação do património, porquê? A minha posição é crítica porque a classificação do património neste momento tem cada vez menos sentido, a lei não é cumprida em muitos e importantes casos, quer se trate de património mundial ou de monumentos nacionais. Dou-lhe o exemplo do Douro, como património mundial, e do jardim botânico de Lisboa, como monumento nacional, em que a lei do património não é pura e simplesmente aplicada. Hoje foge-se do acompanhamento e do controlo activo dos monumentos classificados, tal como a lei obriga, porque outros valores mais baixos se levantam.
Há coisas que não deviam ter sido classificadas? Duvido, a classificação informa-se numa teoria de valor, se a coisa tem valor classifica-se, o contrário não é verdadeiro. A nossa Lei quadro é uma das mais esclarecidas do mundo e a teoria do valor do património português está muito precisamente estruturada, a sua aplicação é que tem sido medíocre! (...) in Jornal i
Estamos numa época de crise económica, normalmente, nestas alturas, o património sofre por dois motivos, por falta de verbas e por falta de capacidade argumentativa face a necessidades consideradas mais importantes. Teme pelo que vai acontecer ao património em Portugal nos próximos anos? Já está a acontecer, não começou agora. Apenas vai continuar e agravar-se. Eu não temo só pelo património mas pela nossa terra, que é muito mais do que património, e pela forma como a entendemos e como a queremos ou não cuidar.
Quais são neste momento as áreas mais problemáticas em termos de preservação do património? É difícil dizer porque há tantos problemas, talvez as nossas cidades históricas sejam as que neste momento estão mais ameaçadas, sobretudo se a nova Lei da Reabilitação não regular consistentemente os tipos de intervenção adequados aos centros históricos de maior valor.
Tem uma posição crítica em relação à classificação do património, porquê? A minha posição é crítica porque a classificação do património neste momento tem cada vez menos sentido, a lei não é cumprida em muitos e importantes casos, quer se trate de património mundial ou de monumentos nacionais. Dou-lhe o exemplo do Douro, como património mundial, e do jardim botânico de Lisboa, como monumento nacional, em que a lei do património não é pura e simplesmente aplicada. Hoje foge-se do acompanhamento e do controlo activo dos monumentos classificados, tal como a lei obriga, porque outros valores mais baixos se levantam.
Há coisas que não deviam ter sido classificadas? Duvido, a classificação informa-se numa teoria de valor, se a coisa tem valor classifica-se, o contrário não é verdadeiro. A nossa Lei quadro é uma das mais esclarecidas do mundo e a teoria do valor do património português está muito precisamente estruturada, a sua aplicação é que tem sido medíocre! (...) in Jornal i
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