11/02/2013

Obras no jardim do Convento da Graça começaram anos depois do prometido.



Espaços Verdes
 Obras no jardim do Convento da Graça começaram anos depois do prometido
Por Inês Boaventura in Público

A Câmara de Lisboa garante que as árvores que estão a ser abatidas têm "problemas sanitários" ou representam um perigo para a segurança. O PCP vai pedir explicações sobre a empreitada

Se se concretizar a mais recente previsão da Câmara de Lisboa, os moradores da Graça e das freguesias vizinhas poderão usufruir a partir de Setembro de um novo jardim público, junto ao antigo convento, classificado como monumento nacional. As obras começaram no fim de Janeiro com um abate de árvores que está a gerar preocupação nalguns moradores da zona.
A recuperação e abertura ao público da zona verde do Convento da Graça chegaram a estar previstas para Setembro de 2009 (mês das últimas eleições autárquicas) e mais tarde para meados de 2011 - um ano depois de a autarquia e o Ministério da Defesa terem celebrado um protocolo no qual se estabelecia que o imóvel do antigo quartel seria vendido para um hotel e a área verde anexa seria entregue ao município para aí fazer um jardim público.
Mas, antes disso, ainda em 2005, quando se candidatou pela primeira vez à Câmara de Lisboa, já José Sá Fernandes (hoje vereador dos Espaços Verdes) reclamava a devolução do monumento e do espaço verde anexo à população.
As obras há muito prometidas nesse espaço foram consignadas, segundo o assessor de imprensa do vereador, a 21 de Janeiro deste ano e deverão estar concluídas "até Setembro" - um mês antes das próximas eleições autárquicas. "É, a par do Campo de Santana, a maior área verde no centro histórico de Lisboa e será uma grande vitória e um enorme ganho para os moradores das freguesias circundantes", sublinha o porta--voz de Sá Fernandes, acrescentando que está em causa um investimento de cerca de 847 mil euros.
O alerta para o início dos trabalhos foi dado pelo Fórum Cidadania Lisboa, a quem um morador da Graça se queixou do facto de a autarquia não ter divulgado qualquer informação sobre a empreitada e de estarem a ser abatidas várias árvores no local. As preocupações veiculadas pelo movimento cívico chegaram ao PCP, que na próxima reunião da Câmara de Lisboa vai apresentar um requerimento pedindo explicações sobre o assunto.
Carlos Moura, do PCP, lamenta que o projecto que está a ser desenvolvido junto ao antigo convento (onde funcionou o quartel) não tenha sido dado a conhecer aos vereadores da autarquia nem tão-pouco aos residentes da Graça e das freguesias circundantes. O abate de árvores também preocupa o vereador substituto, segundo o qual estas "estão de boa saúde", baseando a sua afirmação no que viu nas fotos feitas por um morador da zona.
Questionado pelo PÚBLICO, o vereador dos Espaços Verdes garantiu, através do seu assessor, que só serão abatidas "árvores em risco de queda, com problemas sanitários ou com malformações que condicionavam a qualidade do futuro jardim". Sem precisar quantos são os exemplares em causa, a autarquia acrescenta que "as espécies vegetais que não apresentavam condições, quer por motivos de segurança, quer por razões fitossanitárias, serão substituídas por outras".
Neste novo jardim público serão plantadas 178 espécies vegetais, entre as quais 32 amendoeiras, 28 medronheiros, 22 coelreutérias, 18 pereiras e 14 ciprestes.
Quanto ao projecto que está a ser desenvolvido no local, a Câmara de Lisboa salienta que a conquista deste "espaço verde de proximidade" para a cidade "é um vector estratégico na qualificação do centro histórico e na qualidade de vida dos munícipes". Para que tenha segurança, acrescenta a mesma fonte, procurar-se-á que o jardim constitua um "espaço de atravessamento da malha urbana, que seja utilizado para encurtar distâncias, para aceder à colina e ao Largo da Graça".
Em termos práticos, a autarquia esclarece que será instalado "um relvado central regado para potenciar um recreio mais activo, mesmo desportivo, em contraponto às áreas declivosas, vocacionadas para miradouro e zonas de estar". Haverá ainda "espaços hortículas" e, "no futuro", "um equipamento do ramo alimentar, equipamento juvenil e infantil".

9 comentários:

Anónimo disse...

Do Jardim das Damas na Ajuda que era para já estar concluido e aberto ao público é que nunca mais se ouviu falar...

Anónimo disse...

"A Câmara de Lisboa garante que as árvores que estão a ser abatidas têm "problemas sanitários" ou representam um perigo para a segurança..". Eu gostaria que eles explicassem quais erão os problemas "sanitários" das árvores.. há mas de 2 anos que moro lá e as árvores não tinham sinal nenhuma de doença! Isso foi feito para deixar mais espaço no caminho para as escavadoras.Mas teria sido suficiente com umas ramas e não com árvores inteiras..

Jorge disse...

A desculpa da C.M. é fraquita e desnecessária.
Não vejo problema nenhum em que tenham retirado árvores para passarem as escavadoras. Isto desde que no fim coloquem umas em sua substituição.

No entanto, tudo indica que as retiraram porque vão construir o tal muro de retenção do terreno que comentei noutro post. As ferragens já lá estão no local.

Deixem os homens trabalhar :)

Anónimo disse...

Nós deixamos os homens trabalhar... mas acho que os cidadãos temos dereito a ter informação de projectos desta índole ANTES de ter começado, não quando já estão prontos. E sobretudo informação verdadeira sem "desculpas"

Cumprimentos

Xico205 disse...

Mais vale tarde do que nunca.

Jorge disse...

Vizinho Anónimo, se falas de uma planta ou maquete consultável, acho bem. Tenho curiosidade em saber como isto vai ficar.

Agora se é para continuar a arranjar problemas porque cortaram 6 árvores e 12 arbustos (eu contei), então andamos a discutir o sexo dos anjos e nada se faz.

Estou mais interessado em saber quais os pontos de entrada, e que equipamentos vão existir. Já é preocupante ler que 'de futuro' vão existir um parque infantil e grelhadores para piqueniques. O 'de futuro' é quando? Nas autárquicas daqui a 5 anos?

Voltando às obras, parecem estar a ser feitas com cuidado. Há investigação arqueológica a decorrer e cuidados de saúde pública com as placas de lusalite das contruções a demolir, que provavelmente têm amianto.

Eu sou completamente a favor do envolvimento do cidadão, afinal sou um. Mas também me aborrece que o cidadão tenha um comportamento disparar primeiro e perguntar depois. Basicamente, tenhamos calma.

Anónimo disse...

Jorge,
Sou vizinho do jardim, a minha casa pode ficar desprotegida com esta intervenção, e não há forma de encontrar qualquer informação sobre o que vai acontecer.
Eu tive de pedir autorização à Direcção Geral de Infraestructuras do Mº do Exército (proprietário do jardim na altura) para dar entrada a um processo de alterações da minha casa na CML. Não deveriam eles ter consultado aos vizinhos sobre o que estão a fazer? A minha única preocupação é a facilidade de aceso para as casas desde o jardim. Mas não há quem responda. Evidentemente o parque infantil e os possíveis grelhadores também preocupam...
E as estructuras que começaram colocar hoje, preocupam-me bastante.
Alguém sabe onde se pode consultar o projecto?
Obrigado!

Bruno disse...

Caro Jorge,

percebo o que estás dizer mas eu acho que se esperamos a que o jardim esteja pronto, será tarde demais para poder mudar coisas.

Os cidadãos, especialmente os que estão morar muito perto do jardim (pela facilidade de aceso para as casas)têm direito de saber quales são os planes do projecto.

Por que ainda não há informação em lado nenhum? achas que é normal?
A gente sabe que a obra está acontecer porque um cidadão dio alerta e não porque ficou com "calma" a espera duma coisa que depois será irreversível.

Muitos queremos o melhor para os cidadãos e para a cidade mas há gente que só quer o melhor para eles. Vamos tentar colaborar.

Anónimo disse...

Sou moradora do Caracol da Graça, local, mais conhecido pelas escadas que ligam Graça à Moraria, digo que é um local bem típico e que muitos turistas vem conhecer todos os anos.
Pena é que este local serve como sala de chuto, aterro sanitário, como casa de banho pública e ao ar livre, bem como como galeria de arte para grafites.
Vejo com bons olhos a revitalização deste zona, contudo também vejo que com o aumento de visitantes, este será garantidamente mais um local para a prática de assaltos e outros problemas que ja conhecemos na zona.
Aguardo com muita ansiedade o reforço do policiamento, bem como uma alternativa de acesso aos moradores desta zona.
tanto dinheiro investido seria uma lástima se não fosse bem ultilizado.