O novo Museu Nacional dos Coches está aí para tornar a discussão da gestão ainda mais urgente. O seu modelo vai ter de ser redefinido.
Quando é que vai abrir?
No final de 2014. É uma data que gostava de ver concretizada.
Quanto vai custar manter a porta aberta nos novos Coches?
O custo de funcionamento deverá ser 3,5 milhões de euros. Mas não podemos comparar com os custos do actual, porque o orçamento que temos hoje é feito para as estruturas como estão. O Museu Machado de Castro também foi ampliado e, obviamente, os seus custos de funcionamento não são os mesmos de quando estava encerrado ao público.
Voltando aos 3,5 milhões dos Coches... Quanto é que custa o actual museu?
Anda à volta de 600 mil. Mas não posso ver os 3,5 milhões em função do bolo que tenho hoje para o funcionamento dos museus. Este custo previsto obriga a repensar todo o modelo de funcionamento.
Por que é que tem um custo previsto de 3,5 milhões?
Por causa da área, do programa... Com esses custos, os estudos dizem que o novo Museu dos Coches, para que seja sustentável, terá de receber cerca de 600 mil visitantes por ano. Actualmente, tem 200 mil... É preciso pensar que é uma estrutura com lojas, com um espaço público...
"O custo de funcionamento do novo Museu dos Coches deverá ser de 3,5 milhões de euros. Hoje é de 600 mil"
Por Isabel Salema e Lucinda Canelas in Público
A nova casa dos Coches deverá abrir no final de 2014, com outro modelo de gestão. Só será sustentável com 600 mil visitantes por ano
Com a passagem de 15 museus para a esfera das direcções regionais de Cultura, e de monumentos para a das autarquias, a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) tem agora menos bens sob administração directa, mas isso não significa menos trabalho, garante Isabel Cordeiro. "Nós acompanhamos a realidade, não pusemos uma venda nos olhos", diz a directora-geral.
A aplicação de novos modelos de gestão ao património é uma das suas prioridades. E o novo Museu Nacional dos Coches, com custos de funcionamento estimados em 3,5 milhões de euros, está aí para tornar urgente esse debate.
Houve um investimento nos museus nos últimos anos, mas as equipas têm poucas pessoas e dificuldades em transmitir conhecimento às novas gerações.
As equipas variam muitíssimo, uns museus estão muito bem apetrechados, outros menos e outros ainda têm situações muito deficitárias.
A última vez que houve uma renovação foi quando entrou a sua geração, no início dos anos 1990...
Em 22 anos, não me lembro que tenha havido uma situação desafogada. Nessa altura também saiu muita gente. O Museu de Arte Antiga tem uma belíssima equipa...
É verdade, mas, mesmo aí, no principal museu do país, os conservadores que se reformam não conseguem passar o know-how.
Não concordo.
Há pessoas suficientes nos quadros para assegurar a normalidade do dia-a-dia nos museus?
O paradigma mudou e quanto mais resistirmos a aceitar isto, mais dificuldades teremos. Há grandes monumentos, como os Jerónimos, que, se calhar, mereciam ter um corpo técnico mais alargado que permitisse abrir mais frentes de trabalho. Mas isto é uma situação com que se debate a maior parte dos museus, monumentos e sítios em muitos países europeus. Já não há um financiamento clássico nem uma renovação clássica dos quadros.
Há museus em que essa competência técnica terá de vir de fora a curto prazo?
Ou terão de se desenvolver parcerias com universidades para conseguirmos fundos externos para concretizar os projectos, ou definimos outras prioridades. É uma realidade de há muitos anos. Mesmo na DGPC - que tem 980 funcionários - há lacunas importantíssimas.
Que avaliação faz da passagem dos museus de Lamego ou de Évora para as direcções regionais de Cultura?
É ainda muito cedo para avaliar. O que é importante reforçar é a gestão de proximidade. Mas, independentemente da tutela, há um elo que os une, assim como aos outros museus, que é a Rede Portuguesa de Museus (RPM).
Não é difícil manter padrões de qualidade no dia-a-dia quando os museus estão sob a alçada de organismos diversos?
Não. As práticas foram definidas há anos pelo Instituto Português de Museus. Não acho que, pelo facto de mudarem de tutela, as pessoas que trabalham nos museus esqueçam tudo. A liderança é muito importante nas instituições, mas as equipas não são menos. Os directores de museus têm todos os mecanismos e instrumentos para saber aplicar as regras. E nós acompanhamos a realidade, não pusemos uma venda nos olhos. Acredito na qualidade dos profissionais das equipas dos museus. Bons directores com capacidade de autonomia técnica, de gestão e de programação, são factores absolutamente críticos para o sucesso.
Mesmo dentro da DGPC há museus que não deviam ser museus?
Temos a questão do Museu de Arte Popular para reequacionar. Temos de reavaliar a sua vocação, uma vez que foi esvaziado dos conteúdos e está na dependência do Museu Nacional de Etnologia. O novo Museu Nacional dos Coches está aí para tornar a discussão da gestão ainda mais urgente. O seu modelo vai ter de ser redefinido.
Quando é que vai abrir?
No final de 2014. É uma data que gostava de ver concretizada.
Quanto vai custar manter a porta aberta nos novos Coches?
O custo de funcionamento deverá ser 3,5 milhões de euros. Mas não podemos comparar com os custos do actual, porque o orçamento que temos hoje é feito para as estruturas como estão. O Museu Machado de Castro também foi ampliado e, obviamente, os seus custos de funcionamento não são os mesmos de quando estava encerrado ao público.
Voltando aos 3,5 milhões dos Coches... Quanto é que custa o actual museu?
Anda à volta de 600 mil. Mas não posso ver os 3,5 milhões em função do bolo que tenho hoje para o funcionamento dos museus. Este custo previsto obriga a repensar todo o modelo de funcionamento.
Por que é que tem um custo previsto de 3,5 milhões?
Por causa da área, do programa... Com esses custos, os estudos dizem que o novo Museu dos Coches, para que seja sustentável, terá de receber cerca de 600 mil visitantes por ano. Actualmente, tem 200 mil... É preciso pensar que é uma estrutura com lojas, com um espaço público...
No ano passado saíram da DGPC para a Parques de Sintra-Monte da Lua palácios altamente rentáveis. Foi a decisão certa?
O Palácio Nacional de Sintra era uma instituição com receita, com superavit. Queluz faltava-lhe 200 mil euros para ser autofinanciado. No contrato da cedência de gestão, cerca de 20% da receita são dados à DGPC. Estas experiências podem ser muito benéficas se daí resultarem intervenções de conservação e reabilitação dos palácios, que são inadiáveis. Uma estrutura empresarial terá maior capacidade de agregar financiamentos, até internacionais. Acredito que a Parques de Sintra, com a actual liderança e equipa, tem condições para fazer um bom trabalho.
E as entradas grátis ao domingo de manhã nos museus vão mesmo acabar?
Está uma proposta em cima da mesa em que mexemos um bocadinho nos descontos: alargámos a entrada livre até aos 16 anos, mas passámos a gratuitidade de todos os domingos de manhã para um por mês, à tarde.
A receita é assim tão importante que valha a pena restringir a gratuitidade ?
É
3 comentários:
mais um elefante branco socretino para o povo pagar. ainda por cima é feio que se farta, parece um hipermercado
O povo paga porque quer. Não tivessem votado nele. O povo gosta de ser roubado. São já quase 39 anos a votar em abutres.
espero que o orçamento já leve em conta o custo da eletricidade para o ar condicionado que vai ser preciso naquela estufa.
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