In Público (7/3/2013)
Por Joana Amaral Cardoso
«Os grandes êxitos, novas peças e criações de Joana Vasconcelos nunca expostas vão estar a partir de dia 23 no Palácio da Ajuda, em Lisboa, numa viagem expresso de Versalhes e Maria Antonieta para a Ajuda e Maria Pia — “edifícios associados a uma fi gura feminina, que muito tem que ver com a obra” da artista, disse ontem o comissário Miguel Amado. Joana Vasconcelos – Palácio Nacional da Ajuda são 37 peças espalhadas pelo museu da Ajuda, horários alargados, transportes especiais para os turistas de Belém e uma parceria inédita: custo zero para o Estado, produção da promotora Everything is New, que pela primeira vez produz uma exposição depois de anos a organizar concertos e festivais.
Os sapatos de Marilyn na Sala do Trono, os tampões d’A Noiva em vez do lustre da Sala D. João IV, um Coração Independente Vermelho na Sala D. João VI, mas também uma inédita Vespa bordaliana revestida a croché dos Açores no Quarto da Rainha D. Maria Pia, ou o nunca mostrado em Portugal Lilicoptère (feito para Vesalhes). Até 25 de Agosto, o Palácio da Ajuda é o capítulo seguinte para Joana Vasconcelos, depois da exposição no Palácio de Versalhes, uma das mais vistas de sempre do monumento francês, e antes de o seu cacilheiro viajar até à Bienal de Veneza para representar Portugal. “É uma honra estar num palácio português, porque este é meu” e “ainda consigo fazer melhor do que em Versalhes”, disse a artista plástica.
Esta exposição foi pensada para o Palácio de Queluz na esteira de Versalhes pelo então secretário de Estado da Cultura Francisco José Viegas, mas “não havia escala” para algumas obras, explica a artista. E o projecto passou para a Ajuda e começou no fi m de Outubro, já com Barreto Xavier no cargo. Será a última exposição da directora do Palácio Nacional da Ajuda, Isabel Godinho, que está prestes a reformar-se.
Com bilhetes a dez euros, a exposição leva a “ironia” e a “subversão” da artista ao Palácio, disse Anabela Carvalho, subdirectora da Direcção-Geral do Património Cultural, que também espera que Joana Vasconcelos “propicie novas visitas” à Ajuda. Nas salas dos dois pisos do palácio que vão acolher Joana Vasconcelos (o museu fecha até dia 22 para a montagem da exposição), o curador da antiga residência real chamou a atenção para a humidade nalgumas paredes, para a necessidade de o público redescobrir o palácio.
Já na conferência de imprensa, a tónica está também no turismo. “As grandes cidades só ganham notoriedade com grandes eventos”, disse Álvaro Covões, da Everything is New, que vai publicitar a exposição no estrangeiro e que não revelou o custo da mostra. Segundo Anabela Carvalho, “o produtor cobre todo o investimento nesta exposição e assegura a receita equivalente que o palácio teve no mesmo período do ano passado. Quando atingir o break even, os lucros serão partilhados tendo em conta a média da receita do Palácio, mais 10%”
Joana Vasconcelos “inspira-se na exposição de Versalhes, mas vai mais longe”, disse Miguel Amado — curador da primeira antológica de Vasconcelos, Sem Rede (2010), no Museu Colecção Berardo —, tendo 26 peças que não foram mostradas nem em França nem no Museu Berardo. Amado e Vasconcelos querem sair do white cube, do espaço expositivo convencional da arte contemporânea, porque, disse a artista, “na Ajuda sentimos a vivência” que foi feita do Palácio no século XIX — por oposição a Versalhes.
Há peças esmagadoras, como a tapeçaria Vitrail, feita para a escadaria da rainha em Versalhes e que agora está no Quarto do Rei na Ajuda. “As qualidades deste palácio e seus objectos permitem a um artista contemporâneo integrar-se facilmente”, disse Joana Vasconcelos.
Há peças esmagadoras, como a tapeçaria Vitrail, feita para a escadaria da rainha em Versalhes e que agora está no Quarto do Rei na Ajuda. “As qualidades deste palácio e seus objectos permitem a um artista contemporâneo integrar-se facilmente”, disse Joana Vasconcelos.
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Haja Joana na Ajuda! F-I-N-A-L-M-E-N-T-E! Contudo, é incompreensível que não haja peças no exterior, que nenhuma das peças seja exposta no Jardim das Damas, por exemplo (seria uma bela oportunidade para permitir visitas àquele espaço, ainda que à espera de obras de restauro...) ou que nenhuma das peças maiores seja exposta no pátio do Palácio, um lugar mágico. Ou será que a Ajuda não quis? Julga-se, quiçá, mais "importante" do que Versailles ...
1 comentário:
Arte parasitária. Só chama a atenção porque está exibida em belos palácios. Sem os belos palácios, o organismo parasita não sobrevive.
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