08/03/2013

Mercado do Rato fecha no fim do mês com muitas críticas dos comerciantes


In Público (8/3/2013)
Por João Pedro Pincha

«Os comerciantes do Mercado do Rato, em Lisboa, foram terça-feira informados verbalmente de que o espaço encerrará as suas portas no fi m do mês de Março. Até lá, deverão optar por mudar-se para outro mercado ou por receber uma indemnização. A notícia do encerramento do velho mercado — escondido mesmo à entrada da Rua de Alexandre Herculano, por trás de um discreto pórtico — foi transmitida aos seis comerciantes que ainda lá exercem a sua actividade por um assessor do vereador José Sá Fernandes e apanhou-os de surpresa.

“Pensávamos que vinham com propostas aliciantes [de reabilitação do espaço], mas afi nal querem mandar-nos para a rua a pontapé”, diz José Saraiva, dono do restaurante Cantinho do Rato, onde está há 12 anos e onde, sublinha, gastou cerca de “12 mil contos” (60.000 euros) em equipamentos. “O valor da indemnização proposto é muito baixo para os anos que aqui estivemos e para o investimento que foi feito.”

A mesma crítica faz Maria de Lurdes, proprietária do Snack-bar do Mercado, situado um pouco mais acima: “Há 14 anos que aqui estamos e oferecem-nos 4500 euros para nos irmos embora.” A alternativa seria mudarem-se para outro mercado municipal, mas, para já, apenas José Barata, proprietário da banca de venda de bacalhau, admite essa hipótese.

Aberto ao público desde 1927, o Mercado do Rato está actualmente reduzido a seis espaços comerciais: dois restaurantes, uma padaria, uma banca de fruta, uma de roupa e uma de bacalhau. A 31 de Dezembro do ano passado, Fernando Sarabando, talhante naquele espaço desde 1969, abandonou o local, juntamente com outro comerciante que explorava um talho especializado em frangos e as duas últimas peixeiras. “Já não ganhávamos para a renda”, conta, atribuindo a decadência do mercado à abertura de um Pingo Doce no Largo do Rato em 2011. [...]

Contactado pelo PÚBLICO, o porta-voz do vereador Sá Fernandes, João Camolas, assegura que o processo está a decorrer de acordo com os regulamentos municipais. Para José Barata, a câmara “não diz a verdade toda e quer fazer um condomínio de luxo” nos terrenos do mercado — uma opinião que é partilhada pelos restantes vendedores. O porta-voz camarário garante, todavia, que o encerramento do mercado ocorre apenas por motivos de segurança, dado o avançado estado de degradação das instalações.[...]

O Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade e Zona Envolvente prevê a criação de um parque de estacionamento com 600 lugares no espaço actualmente ocupado pelo Mercado do Rato e nos terrenos anexos, bem como a “instalação de actividades de comércio, serviços e equipamentos de utilização colectiva”. Para já, garante a câmara, não está prevista a concretização de qualquer destes projectos.»

...

O Mercado do Rato faz falta à zona e à população. Contudo, os seus terrenos, sobretudo o descampado que actualmente serve de estacionamento ao ar livre, são bastante 'apetitosos' e estão na calha para algo há pelo menos 20 anos! Vamos ver quem vence o braço-de-ferro... Claro, que palavra decisiva poderá/irá ter a próxima Junta de Freguesia de Santo António.

4 comentários:

Xico205 disse...

O mercado do Rato faz tanta falta que já ninguem lá vai! O Paulo Ferrero que invista num talho e numa peixaria lá. Já que faz falta o mercado tem aí a sua oportunidade de negócio. Vá homem, dinamize-se, torne-se um empresário de sucesso. Ou apenas sabe criticar os outros por não investirem em negócios ruinosos?!

Anónimo disse...

Exmo.Xico205
Com respeito e cordialidade.
Mercados há muitos.
Como os chapéus.
Mas nem em todas as cabeças ficam bem os chapéus.
Tal como as carecas.
Agora com os metrosexuais, há quem goste e onde ficam bem as carecas.
A virilidade intelectual é interessante e ao desenvolver-se pelo diálogo construtivo é um óptimo exercício para o cérebro, inteligência e elevação do ser humano.
Gostaríamos de saber o que pensa acerca dos vazados ou imensos espaços sem ocupação que há pela Cidade?
Os espaços têm proprietários.
Somos ricos proprietários, isto é, temos muitas propriedades.
Mas seremos mais ricos que os holandeses que têm muito menos propriedades?
Agora, queixamo-nos dos IMIs e outros impostos rurais.
O queremos?
Na Holanda a maioria dos solos pertence ao Estado e que saibamos não existe lá comunismo.
Desaparece o Mercado o que acha que lá deve surgir?
Mais estacionamento para as zonas centrais da Cidade?
Mais túneis e viadutos?
Mais congestionamento?
O espaço, este da escrita, não dá para mais, não queremos abusar, mas gostaríamos que manifestasse as suas ideias completas.
Porque muitas perguntas se poderíam fazer.
Aquela artéria é das mais saturadas de Lisboa. Existe em livro a sustentação do que dizemos, elaborado pela Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados.
Ainda estamos a falar do Mercado e do Largo do Rato.
Planeamento e Ordenamento do Território.
Mobilidade.
Transportes Colectivos.
A crítica é salutar, mas não gostámos muito da crítica ao senhor Paulo. E não temos procuração de defesa.
Diga senhor Xico, há quantos anos vive em Lisboa, ou se nasceu aqui.
Cabe a todos defender a Cidade e o caos e a degradação surgem por falta de Planeamento e sujas negociatas.
O Marquês de Pombal cortou a direito, se não o tivesse feito não teríamos a Baixa e as suas ruas que duzentos anos passados continuam a resistir a um crescim ento torpe, feito pelos descendentes.
Ideias sustentáveis, precisam-se.
Com respeito, ficamos a aguardar a contra-argumentação.
Crítica elevada precisa-se.
O Património de uma Capital é como o nosso património moral, genético, cívico, deixado pelos nossos pais e avós.

Anónimo disse...

os mercados foram os centros comerciais dos seus tempos. para mim é mais fácil ir ao talho, frutaria e peixaria da minha rua (ou ruas vizinhas), mesmo que signifique três deslocações (a pé) do que ir de carro ao mercado na 24 de julho de carro (já experimentei, foi giro, mas não compensa para o trabalho que dá).

Anónimo disse...

Este mercado foi deliberadamente morto há muitos anos, por razões especulativas e criminosas. Hoje o objectivo é dar o espaço a uma organização agrícola que tem por trás entre outros o Bes. O estacionamento que deveria ter continuado afecto ao mercado foi deliberadamente " vedado" para os "amigos e conhecidos que conseguiam cartão". Os concursos quando os há são feitos à medida dos amigos. A vida dos comerciantes foi deliberadamente complicada com falta de apoio (falta de manutenção e facilidade de troca de posições, etc.) pelo grupinho incompetente e servil que há tantos anos domina esta área. Se fosse aos comerciantes punha-lhes processos por má fé e gestão danosa e tudo o mais que fosse legítimo, o problema é que a justiça é um luxo que muitos não podem pagar, epecialmente quando são enganados desta maneira. Uma boa auditoria a este negócio dos mercados municipais iria descobrir coisas interessantes?