17/10/2007

Um símbolo que não soubemos preservar

A transformação que se prepara para ocorrer na Torre Vasco da Gama é um exemplo do que não se deve fazer. O exemplo de quem não salvaguarda o seu património. O exemplo de quem não se orgulha do que faz bem.

A Expo '98 foi uma grande realização mundial que provou que Portugal e que os portugueses eram capazes de concretizar grandes eventos. Foi um acontecimento que contribuiu para a notoriedade internacional de Portugal e de Lisboa. Foi um evento que mobilizou os portugueses.

A Expo '98 foi um pretexto para a renovação urbana em toda a zona de intervenção da exposição. Permitiu modernizar uma parte importante da cidade. Foi um espaço privilegiado para a criação de urbanistas, arquitectos, engenheiros e outros técnicos que demonstraram a sua capacidade de realizar. Nem tudo é perfeito no Parque das Nações e algumas intervenções têm sido erradas mas globalmente continua a ser uma zona da cidade qualificada e em muitos aspectos um exemplo para o resto da cidade.

A Expo '98 é um marco na afirmação internacional de Lisboa e de Portugal. Um exemplo de intervenção urbana integrada e planeada. Um símbolo da nossa capacidade de realizar.

A Torre Vasco da Gama é o símbolo dessa realização. A intervenção prevista, independentemente da qualidade vísivel no projecto, acaba com a Torre tal como ela foi concebida, esconderá definitivamente toda a sua simbologia, constitui uma alteração profunda ao desenho inicial. A Torre Vasco da Gama da Expo '98 desaparcerá.

A Torre Vasco da Gama ficará na história como um símbolo que não soubemos preservar. Um símbolo que não soubemos respeitar.

7 comentários:

daniel costa-lourenço disse...

subscrevo...

é como alinhar cérceas sobre edifícios históricos.

Paulo Ferrero disse...

É isso mesmo. A Torre e tudo o resto. Como compreendo a raia gigante que já abalou do Oceanário...

FJorge disse...

A torre Vasco da Gama, com ou sem o hotel, é uma obra sem mérito arquitectónico. Não passa de uma obra balofa e provinciana. Uma maneira simplista e primária de evoicar os Descobrimentos portugueses. Por mim podia/devia ser demolido. O mesmo se aplica ao teleférico-disneylandia que não nos permite apreciar a beleza do estuário do Tejo.

Tiago R. disse...

Concordo com fjorge.
A Torre não passa de um Padrão dos Descobrimentos (bleargh!) reactualizado, tentando dar a Lisboa um ar de Miami saloia!

Anónimo disse...

pode ser até não ter mérito. Mas isso é para os eruditos. o facto é que era um símbolo de identidade da expo e isso vai-se. na nossa sociedade os símbolos são importantes.

daniel costa-lourenço disse...

Pode não ter mérito, mas não exageremos.

Não admito que mandem demolir a torre, sem primeiro mandar demolir meia lisboa e arredores...

Portanto, não exageremos nos atributos (ou falta deles) da torre vasco da gama...Parece que voltamos ao Portugalzinho do Estado Novo.

O caso do hotel na torre é penas paradigmático que nenhum (nenhum!) local de lisboa está a salvo de reinterpretações (!) selvagens.

E não se esqueçam que o Padrão dos Descobrimentos tinha o mesmo papel na exposição do mundo português e hoje ninguem imagina lisboa sem ele.

Quanto à torre, não me choca, até acho engraçada...achava...agora vai ser um apendice daquele hotel..

o Hotel, também não é nada especial...mas digam-me...qual o grande hotel de lisboa que é alguma bela peça de arquitectura?.....poucos ou quase nenhuns....

E depois, não choca com a envolvente....

Se querem fazer manifestações contra má construções de Lisboa, comecem com o Martim Moniz...isso sim, é crime para pena de morte, e de forma dolorosa.

FJorge disse...

o facto de existirem piores exemplares não é argumento para tolerar ou secundarizar a débil "arquitectura" da torre vasco da gama. o que é mau, é mau e ponto final.