30/11/2008
A sombra de Fernando Pessoa cravada hoje nas paredes do Hospital de São Luís dos Franceses, onde morreu a 30/11/1935, um dia depois de ter escrito a frase que se pode ler na placa que evoca a sua memória sem, contudo, referir a quem por ali passar a razão pela qual ali está colocada: aqui morreu Fernando Pessoa. o Poeta cuja célebre frase "A minha Pátria é a Lingua Portuguesa" enche a boca de todos os políticos portugueses que depois se esquecem de celebrar condignamente o Poeta que a inventou.
Foto e texto: José Fonseca e Costa
AEROPORTO DE LISBOA: viatura abandonada / bloqueada há 10 anos
29/11/2008
Nunca pensei que Lisboa tivesse chegado a este estado !
Aquaparque
Câmara recupera antigo Aquaparque
O verador José Sá Fernandes 'arrombou', hoje de manhã, um dos portões do antigo Aquaparque. E promete devolvê-lo à cidade.
Carla Tomás
19:30 Sexta-feira, 28 de Nov de 2008
Sá Fernandes forçou hoje a entrada no antigo AquaParque
À terceira foi de vez. Munido de um despacho que invoca o interesse público, o vereador José Sá Fernandes entrou de surpresa, hoje de manhã, no recinto do antigo Aquaparque, em Lisboa.
Com base em pareceres da polícia, dos bombeiros e dos serviços da câmara - que alertavam para os riscos de segurança e de incêndio existentes neste espaço de nove hectares - o vereador conseguiu viabilizar a entrada forçada neste espaço votado, há 10 anos, ao abandono. Mandou cortar o cadeado de um dos portões e ordenou um inventário do espaço e a sua limpeza.
Sá Fernandes já ali tinha tentado entrar duas vezes no último ano, uma vez que a câmara é a proprietária do terreno. Porém, os concessionários barraram-lhe sempre a entrada. Agora congratula-se com "o sucesso da operação de hoje" e promete "devolver em breve este espaço à cidade".
O recinto de nove hectares (entre o Restelo e Monsanto) foi parque aquático até ser fechado após a morte de duas crianças em 1993. Três anos depois, em 1998, a Câmara Municipal de Lisboa cedeu o direito de superfície à empresa Aventura em Lisboa... por 50 anos e 1500 euros de renda.
A empresa nunca fez as obras previstas para transformar o espaço num parque de diversões e alega que não o fez porque a autarquia nunca emitiu a licença de construção. Por seu lado, a câmara responde que nunca foram entregues os estudos e projectos pedidos.
Há cerca de um ano, um grupo de moradores da zona avançou com uma acção em tribunal, exigindo a devolução daquele espaço aos cidadãos.
O imbróglio arrasta-se há 10 anos e a empresa concessionária reclama uma indemnização de 40 milhões de euros para sair dali. O Expresso não conseguiu contactar com os concessionários em tempo útil, para ouvi-los sobre a acção de hoje.
Até que enfim alguém faz alguma coisa a respeito deste negocio, feito no tempo de João Soares, com prejuízos evidentes para o bem publico.
Estão de parabéns também os moradores da zona que através da AMBEX, Associação de Moradores de Belém e S. francisco Xavier, têm por todos os meios legais lutado para a restituição deste espaço á cidade.
A Lição
O Jorge estava na terceira classe, ouvi dizer que era bom aluno. Tinha amigos na turma, e até reparei que havia uma rapariga a “rondá-lo”. Só um detalhe impunha limites àquela sede de viver – a cadeira de rodas.
Como a cadeira não entrava no refeitório, o Jorge almoçava à parte. E como nos intervalos os degraus não deixavam o Jorge circular pelo recreio, ele tinha de permanecer num alpendre, junto à porta, a comer com os olhos a brincadeira dos outros.
Só isto já dá que pensar, não é? De que serve soletrar “todos diferentes, todos iguais”, quando o próprio edifício se encarrega de ensinar aos alunos… o contrário?
O nosso projecto de adaptação criava um percurso acessível a ligar a entrada no recinto a pelo menos um espaço de cada tipo: sala de aula, casa de banho, refeitório, e por aí adiante – incluindo as diferentes zonas do recreio.
Fiéis à filosofia do projecto, lá desenhámos uma rampa a ligar o alpendre (onde o Jorge secava nos intervalos) ao campo de futebol. E a lição vem daí.
É que a obra avançava, devorando sem piedade o orçamento. E quando chegou a hora difícil de cortar nos trabalhos previstos, aquela rampa estava mesmo a jeito. Afinal, para que servia? “Tem de haver bom senso”, disseram-me, “o miúdo alguma vez vai jogar à bola?!”
Eu teimei – se a rampa estava no projecto, era para fazer. Confesso, hoje, que foi mais por teimosia do que por consciência. Talvez aquela teimosia de arquitecto novato que não quer dar parte de fraco…
Quando o tosco da rampa ficou pronto, fui à obra. Às escondidas, alguém tinha desviado o tapume. Era hora do recreio, e lá em baixo estava o Jorge a jogar à bola.
Jogava sentado na sua cadeira (claro), mas lado a lado com os colegas, umas vezes à defesa, outras ao ataque. Passei o intervalo a olhar para ele, e senti pela primeira vez o poder que a arquitectura tem na vida das pessoas, e a dimensão da nossa responsabilidade enquanto arquitectos.
E aprendi, então, três princípios básicos.
Primeiro, que uma pessoa pode querer fazer muitas coisas, mas que só fará as que o meio edificado lhe deixar fazer. Nesse sentido, os espaços que desenhamos tornam-se sempre uma fonte de oportunidades ou de limitações.
Segundo, que a nossa função como profissionais é assegurar a igualdade de oportunidades. Não nos compete escolher quem vai (ou não) ter direito à plena utilização do que projectamos. A Lei já tomou essa decisão – e escolheu todos (em democracia, pelo menos).
É costume, neste ponto, lembrar o senso comum. Ora, essa foi justamente a terceira coisa que aprendi. Que é preciso ter cuidado quando falamos de “senso comum”. Ele não é “comum” por ser “bom”, mas porque resulta do hábito e, às vezes, do preconceito. Nem sempre é bom conselheiro, portanto.
Aliás, os grandes avanços civilizacionais dos últimos 150 anos foram todos… contra o senso comum da época. Se assim não fosse, as mulheres ainda não sabiam ler, continuavam obrigadas à vida doméstica e nem podiam votar. Já para não falar nas questões da raça, da idade, da orientação sexual…
Esse mesmo senso comum está em causa, agora, com a acessibilidade. Contactando com centenas de arquitectos por todo o País, verifico que a mudança está a fazer o seu caminho – e são mais os motivados, que os resistentes.
Evoluir não é fácil. Mas é fundamental. Para que possamos dizer, um dia, que a civilização deu mais um passo pela mão dos arquitectos.
28/11/2008
Bicicletas e clima
http://www.copenhagencyclechic.com/
DRESDEN ameaçada pela UNESCO se insistir na construção de nova ponte
«Porquê gastar 3 mil milhões para atravessar o Tejo, se custa 300 com novas tecnologias?»
As formas estão prontas, a tecnologia usada. Se querem quatro vias, faz-se dois tuneis. Enquanto a ponte limita a uma dúzia os possiveis concorrentes e permite todo o tipo de lobi, o tunel, após o projecto, pode abrir-se para oitenta concorrentes, todos locais. Usa 100% de materiais fabricados cá, por empresas de cá, com empregados de cá.
A delicada arte de tapar o sol com uma peneira
A isso chama-se tapar o sol com uma peneira. É impossível não pensar num outro projecto - esperemos que nunca deixe de o ser - no qual, para justificar a ampliação de um terminal de contentores e a atribuição, ao arrepio de todas as normas de bom senso político e de racionalidade económica, de uma concessão sem concurso público, se avança com a ligação de duas linhas de comboio suburbanas.
No caso concreto do TCA ainda foi pior: "Lisboa fica a ganhar", explicava o inefável senhor num programa de televisão, "porque vamos ter uma praça à frente da Gare Marítima de Alcântara" (para além, verdade seja dita, dos estudos ambientais e dos trabalhos no Vale de Alcântara e das linhas de Cascais e da Cintura - tudo coisas que, de per si, justificariam não só a triplicação da capacidade do TCA, mas a sua decuplicação).
Haja paciência, porque dinheiro parece não faltar.
Terminal de Contentores de Alcântara
Um pequeno excerto: "De facto, no estrito ponto de vista dos seus lucros, a Liscont tem todo o interesse em deslocar toda a actividade portuária de contentores de Santa Apolónia para Alcântara. Trata-se de um negócio fabuloso, que reduz custos á Liscont em detrimento das receitas para o erário público. É inaceitável que tudo isto esteja a ser feito sem concurso público, em escandaloso benefício de um privado, à custa do interesse público e de Lisboa. Só não vê quem não quiser ver."
(Via Gente de Lisboa)
Chegado por email:
Não sei a quem perguntar isto, por isso pergunto a voces.
Sabem se há sucatas ou lixeiras em Lisboa? Ou se não, quais são as que se encontram mais perto?
Preciso de tirar umas fotos para um trabalho de design de comunicação sobre sustentabilidade.
Obrigada desde já
Uma estudante alfacinha
Ágata Ventura»
Lisboa......merecia melhor !
Göteborg 2007
A propósito das inenarráveis palhaçadas comerciais que os lisboetas vão ter que aturar nas próximas semanas........aqui fica algo para comparar.
Manuel Aires Mateus, autor de projecto para o Rato, vence concurso do Parque Mayer
Ana Henriques e Luís Filipe Sebastião
«O arquitecto, já consagrado com um prémio Valmor, já tinha ganho a primeira fase do concurso de ideias e pretende criar mais cidade naquele espaço
O arquitecto Manuel Aires Mateus é o vencedor final do concurso de ideias para a reabilitação do Parque Mayer, em Lisboa, com a sua proposta de estender o Jardim Botânico até ao antigo recinto da revista à portuguesa.
Um hotel, serviços de vária ordem, restaurantes e duas salas de espectáculos - uma das quais o teatro Capitólio, devidamente recuperado - fazem parte dos edifícios previstos por Aires Mateus, que só tinha previsto 25 mil metros quadrados de construção, mas que, tal como os restantes concorrentes, teve de subir esse valor para 32 mil para se adaptar ao programa de concurso estabelecido pela câmara.
O arquitecto, que já tinha vencido a primeira fase do concurso, quer criar no antigo Parque Mayer mais um pedaço de cidade, com uma praça à volta do Capitólio e várias ruas. "Toda a zona será pedonal", explicou ontem, dia em que soube que o projecto que irá por diante será o seu. Como o quarteirão está num declive, foram pensados alguns meios mecânicos, embora restringidos ao mínimo para ajudar os peões a vencer os desníveis que separam a Rua da Alegria da Rua da Escola Politécnica: escadas rolantes e elevadores. Ainda não é certo que no local fiquem bibilotecas e livrarias especializadas em artes plásticas e artes de palco e residências para artistas, como previu Aires Mateus inicialmente; a autarquia pediu aos concorrentes um programa de ocupação versátil do espaço para poder encaixar as valências que mais tarde entender.
Autor, com Frederico Valsassina, do projecto de um polémico edifício para o Largo do Rato que a Câmara de Lisboa não quer deixar construir, o arquitecto irá agora ajudar a autarquia a desenvolver um plano de pormenor para o quarteirão do Parque Mayer, uma área mais vasta que o antigo recinto do teatro de revista. O seu plano prevê ainda a recuperação do museu da Faculdade de Ciências.
O gabinete AXR Portugal Arquitectos, de Nuno e José Mateus, manteve o segundo lugar que conquistou na primeira fase do concurso. A sua proposta assentou em três eixos que caracterizam a zona: Ciência (museus), Natureza (Jardim Botânico) e Arte (Parque Mayer). As intervenções davam novos usos às construções existentes, embora também se admitisse um novo edifício de ligação à Praça da Alegria. Outras apostas: escolas de arquitectura paisagística e de jardinagem, hotel com 60 quartos e casa de chá suspensa (sobre o Parque).
Gonçalo Byrne, que ficara em 5.º lugar, subiu no alinhamento final à 3.ª posição. A sua proposta, com novos acessos à Praça da Alegria e Rua do Salitre, prevê uma capacidade construtiva de 60 mil m2 de habitação, hotelaria, comércio e serviços. O Capitólio, inserido num "denso tecido urbano multiusos", beneficiaria de uma ligação por meio mecânicos ao Jardim Botânico.
Com vários prémios internacionais, Manuel Aires Mateus, de 45 anos, foi distinguido com o Valmor graças à reitoria da Universidade Nova, em Campolide. Já este ano ganhou, em parceria, um concurso para a nova sede da EDP na Boavista.»
Nada de espantar. Os arquitectos do regime lá continuam em grande actividade, aterraplanando da cidade de cimento e perfis de alumínio. Sobre o Parque Mayer ser a continuação do JB, nada de novo, isso era uma ideia de MMC e RV, aliás, muito mais bem estruturada, simples e exequível. Resta a saber como e quando é que o Parque Mayer sai daquele degredo inenarrável.
27/11/2008
Lisboa/Contentores: Assembleia Metropolitana quer suspender Nova Alcântara
Lisboa, 27 Nov (Lusa) - A Assembleia Metropolitana de Lisboa instou o Governo e a Administração do Porto de Lisboa (APL) a suspenderem o projecto Nova Alcântara, pelo menos até se concretizar o estudo de avaliação ambiental estratégica das obras previstas.
Entre as obras enumeradas numa moção aprovada por maioria, com os votos contra do PS, a Assembleia Metropolitana refere-se à construção de nós ferroviários e alargamento da plataforma de depósito de contentores, bem como a um estudo que comprove a necessidade da sua ampliação face às alternativas existentes.
"Os terminais de contentores existentes nos portos de Portugal no final de 2006 tinham o dobro da capacidade necessária para satisfazer a procura do mercado", lê-se no documento apresentado pelo PSD, com alterações introduzidas pela CDU.
A Assembleia solicita ainda a presença da secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, do presidente da APL, Manuel Frasquilho, e do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, numa reunião conjunta das comissões de Desenvolvimento Económico, Planeamento, Ordenamento do Território e Ambiente e Transportes e Mobilidade, "a realizar no mais curto espaço de tempo".
O texto hoje divulgado manifesta "acrescida preocupação" com o projecto Nova Alcântara, que inclui a ampliação do terminal de contentores.
"Esta preocupação consubstancia-se no facto de estarmos perante mais um projecto contrário à nossa vontade de transformar a zona ribeirinha de Lisboa num espaço onde se possa circular livremente e apreciar a sua magnífica paisagem", referem os signatários.
A moção refere que no âmbito da ampliação, reorganização e reapetrechamento do terminal de contentores de Alcântara será criada "uma muralha de cerca de 1,5 quilómetros, com 12 a 15 metros de altura entre a cidade de Lisboa e o Rio Tejo".
A Assembleia Metropolitana suporta-se na opinião do arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Teles, que alertou para o facto de a obra ainda não estar revisto o Plano Director Municipal em Lisboa.
In RTP.pt
«CONTO DE NATAL» OU «CONTO DO VIGÁRIO»?
Os impactos negativos são óbvios e não precisam de mais argumentação para além de uma breve e simples visita aos sítios (ver fotografias). Não se pode aceitar que a Praça do Comércio e o Rossio, com pretensões de serem classificadas pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade, possam estar durante mais de dois meses desfiguradas por estruturas de publicidade desta dimensão. Mas antes de se falar na hipotética classificação por um organismo internacional, os cidadãos questionam o silêncio do IGESPAR. Sendo evidente que a plena fruição destes imóveis classificados está comprometida pelas estruturas de publicidade agressiva – e tendo em consideração que a fruição dos bens culturais é um direito que está consagrado na Lei do Património - porque razão o Ministério da Cultura / IGESPAR não salvaguardam a integridade patrimonial da Praça do Comércio e do Rossio? Foram consultados?
É lamentável ver todos os anos a Baixa explorada desta maneira pelas grandes marcas e empresas. E tudo com a aprovação da CML - a mesma que organiza uma exposição que celebra os 250 anos do Plano da Baixa. É frustrante ver o novo executivo da CML a repetir erros de executivos anteriores, num ciclo vicioso que só projecta Lisboa como cidade provinciana, onde a história e o património estão sempre disponíveis, por um preço, em euros.
Mais carros em Lisboa
Ontem a CML aprovou uma proposta de António Costa que defende a entrada de mais carros no centro da cidade!
É assim. Pode mascarar-se como se quiser, mas é esta a verdade. E a coisa até vem bem embrulhada. É um parecer desfavorável à terceira travessia do Tejo. Mas na realidade a única objecção é a altura da ponte. Ou seja, a proposta defende que baixe cerca de 4 metros. Defende isso e mais cerca de 40.000 automóveis por dia a entrar na cidade.
Pois, depois diz-se que a proposta defende a realização de obras viárias várias pela cidade. Para quê? Para suportar mais automóveis. Esta é a verdade! Com o embrulho que se quiser dar!
Já agora, em jeito de antecipação, não vale a pena virem com o argumento que no tempo de Santana Lopes se fez o túnel do Marquês. Por duas razões: primeiro porque os que o dizem não são sérios quando criticam o túnel para defender mais carros a entrar na terceira travessia do Tejo. Depois porque não se pode comparar a criação de uma nova entrada de automóveis na cidade com a optimização (ou se se quiser, a minimização de prejuízos para a cidade) de um corredor de entrada já existente, através de uma melhor distribuição na entrada e facilitação da saída.
António Prôa
Terceira Travessia do Tejo devia ser em túnel e sem carros
Comunicado:
Na sequência dos recentes desenvolvimentos relativos ao projecto da Terceira Travessia do Tejo (TTT) e da política do 'faz-de-conta' da CML, ao abdicar de exigir do Governo uma efectiva política de transportes condizente com o séc. XXI e com as necessidades de Lisboa em termos de qualidade de vida, saturada que está de automóveis; antes preferiu refugiar-se em possíveis compensações financeiras para a cidade em troca da construção de mais vias rápidas dentro da cidade, prosseguindo assim teimosamente no mau planeamento urbanístico e na sobrecarga das gerações futuras, que tem sido seu apanágio ao longo das últimas décadas; somos a apresentar o nosso protesto veemente quanto ao seguinte:
1. O Estudo de Impacte Ambiental (EIA) recentemente em consulta pública enferma de uma série de lacunas graves, a saber:
- A única sessão pública de apresentação do estudo foi feita em Alfragide, porque a CML não disponibilizou qualquer local para que a mesma fosse feita em Lisboa;
- O EIA não apresenta em nenhum lado a hipótese de não construção da opção rodoviária, sendo, portanto e 'a priori', um estudo enviesado (por isso mesmo, terá já sido apresentado pela Quercus uma queixa a Bruxelas);
- CML, IGESPAR, etc., nenhum organismo chegou a fornecer qualquer dos dados pretendidos por quem elaborou o EIA, pelo que se nos afigura, mais uma vez, como um estudo totalmente … parcial.
2. Por todas as razões e mais alguma, a TTT devia ser única e exclusivamente destinada ao transporte ferroviário. Nunca ao automóvel, até porque a Ponte Vasco da Gama - dizem os especialistas - tem capacidade até 2030. Não há 'compensação financeira' que compense Lisboa por mais esse erro estratégico de quem nos governa, que se traduzirá a prazo no aumento exponencial da entrada de automóveis em Lisboa, no congestionamento das principais vias de distribuição de trânsito automóvel a nascente e com todos os impactes ambientais inerentes.
3. Por evidentes razões de ordem estética (uma nova ponte no troço Chelas-Barreiro acarretará um importante impacte visual nas vistas da cidade, desde a margem sul, e de quem olha o rio dos diversos mirantes de Lisboa – Santa Clara, Castelo, São Pedro de Alcântara, Santa Catarina, Largo da Academia das Belas Artes, Santa Justa), patrimonial (não houve nenhum levantamento dos impactos da nova ponte no património arquitectónico naquela zona da cidade) e até económica, e em prol de uma candidatura verdadeiramente ganhadora da Baixa Pombalina à UNESCO, a TTT devia ser feita em túnel. É a mais simples e barata solução. Inovar é usar um túnel para atravessar o Tejo.
Não compreendemos como é que continua a transparecer para a opinião pública tudo menos o que importa:
1. O EIA é um estudo parcial e enviesado.
2. A TTT devia ser exclusivamente ferroviária.
3. A TTT devia ser feita em túnel.
Paulo Ferrero, Fernando Jorge, Júlio Amorim, Miguel Carvalho, João Chambers, Alexandra Maia Mendonça, Luís Serpa, Gulherme Alves Coelho, João Mineiro e Jorge Santos Silva
Iluminação de natal?
São uma vergonha perante quem nos visita, são uma vergonha para os Lisboetas.
Governo fecha Complexo Desportivo da Lapa para vender terreno a privados
José António Cerejo
«Os mais de 10.000m2 do complexo, junto a São Bento, já passaram para a imobiliária do Estado que agora os vai vender. O Instituto do Desporto recebe 6,3 milhões em compensação
Os vários equipamentos e serviços instalados há décadas no Complexo Desportivo da Lapa, em Lisboa, vão fechar por decisão da Secretaria de Estado do Tesouro, que tutela o património público. O encerramento das instalações - que incluem uma piscina, ginásios, salas de musculação, saunas e um campo de andebol - ainda não tem data conhecida, mas as cinco federações de modalidades amadoras que lá têm os seus serviços já receberam ordens para sair até ao fim do ano.
A decisão, que obrigará também à transferência do Museu Nacional do Desporto (ver caixa) e da Biblioteca Nacional do Desporto igualmente ali instalados, ainda não foi transmitida à Câmara de Lisboa, nem à Junta de Freguesia da Lapa - conforme disseram ao PÚBLICO o vice-presidente do município, Marcos Perestrello, e o autarca da Lapa, Nuno Ferro.
O Complexo Desportivo da Lapa depende do Instituto do Desporto de Portugal (IDP) e ocupa um valioso terreno com mais de 10.000m2, situado entre a Rua Almeida Brandão e a Rua do Quelhas. O seu aproveitamento para fins imobiliários está, porém, condicionado pelo Plano Director Municipal, que classifica aquele espaço murado como "área de equipamentos e de serviços públicos", onde a construção de novos edifícios está sujeita a grandes restrições.
Entre 2004 e 2007, o complexo esteve concessionado à Junta de Freguesia da Lapa, mas o contrato foi denunciado pela autarquia, que alegou incumprimento por parte do IDP no que toca à manutenção das instalações. De acordo com o boletim informativo da junta de Junho do ano passado, os equipamentos desportivas ali existentes eram regularmente frequentados por 1500 pessoas e a autarquia pagava ao IDP cerca de 200 mil euros por ano.
O presidente da junta, Nuno Ferro (PSD), diz que em Maio de 2006, em articulação com a câmara, ainda foi proposta uma alternativa que passasse pela concessão do espaço ao município, mas o IDP e a Secretaria de Estado da Juventude e Desportos nunca responderam. O então vereador com o pelouro do Desporto, Pedro Feist, confirma que a ideia era que o IDP entregasse o complexo à câmara por um período alargado, à semelhança do que aconteceu com o Pavilhão da Ajuda.
"Tive uma reunião com o secretário de Estado [Laurentino Dias] e ele mostrou-se muito interessado, mas remeteu-me para o presidente do IDP", conta o autarca. "Posteriormente ainda fizemos quatro ou cinco reuniões com o IDP, mas eles nunca mais disseram nada. Entretanto, a câmara caiu [Primavera de 2007] e nunca mais ouvi falar no assunto."
Versão distinta tem a secretaria de Estado, cujo assessor de imprensa afirma que "nunca houve negociações formais com a câmara tendo em vista a concessão do complexo". De acordo com a mesma fonte, os equipamentos desportivos e os serviços do IDP ali existentes "estão em processo de desactivação e transição que acontecerão em momentos diferentes". Quanto ao futuro das federações que ali estavam instaladas (judo, luta, esgrima, ténis de mesa e kickboxing), "o IDP está a procurar encontrar [com elas] a melhor solução", mas "não está acertada ainda qualquer solução definitiva".
Sobre o futuro do terreno o assessor de Laurentino Dias diz nada saber, uma vez que a propriedade era da responsabilidade da Secretaria de Estado do Tesouro. A venda já foi feita à Estamo - uma imobiliária de capitais exclusivamente públicos que agora venderá o espaço no mercado - e o Tesouro, diz a mesma fonte, atribuiu ao IDP uma verba de 6,3 milhões de euros, a título de compensação, para construir infra-estruturas desportivas no Complexo do Jamor.
a A Secretaria de Estado dos Desportos quer transferir para o Pavilhão Carlos Lopes o Museu Nacional do Desporto, actualmente instalado no complexo da Lapa. O projecto, que implica a remodelação integral do antigo Pavilhão dos Desportos, estava para ser oficialmente apresentado na próxima terça-feira, mas o anúncio foi adiado, devido ao facto de o executivo camarário não ter ainda aprovado a proposta governamental.
Prevista para a reunião dos vereadores de ontem, a votação da proposta acabou por não se realizar por ter sido distribuída demasiado tarde. De acordo com o texto, "a conjugação de esforços" do município e do Estado "permite recuperar este edifício municipal e criar no Parque Eduardo VII um pólo cultural e de atracção para os que vivem e visitam Lisboa".
A ideia consiste em criar cinco espaços museológicos distintos, que ocuparão um total de 1900m2 no interior do pavilhão e que serão consagrados ao "corpo, à actividade física, ao desporto internacional, ao desporto nacional e à variabilidade histórica e antropológica do desporto".
Além disso, estão previstos mais 700m2 para exposições temáticas (desporto e arte, coleccionismo e memorabilia, e desporto e comunicação social), e ainda 1450m2 para o centro de documentação e mediateca, dois auditório (400 + 200 lugares) e serviço de formação, animação e acção educativa.
O projecto de transformação e consolidação do Pavilhão Carlos Lopes deverá ser elaborado por uma equipa a seleccionar através de um "concurso por convite" promovido pelo IDP, mas a proposta nada adianta sobre a parte do investimento que caberá à câmara e aquela que será suportada pelo Governo. »
26/11/2008
STREETCAR DESIRE...
The big question now is whether Angelenos will want to ditch their cars in favour of something greener.
DING DING – US tram projects:
CINCINNATI: 10-12km loop
COLUMBUS: 4.5km system
ATLANTA: two lines and 16km of track
MIAMI: 16km system that’s part of a 2 billion euro redevelopment project
AUSTIN: 24km linking airport and city
Novidades sobre a expansão do Metro de Lisboa
Metro de Lisboa com expansão associada à linha do Oeste
A nova fase de crescimento da rede do Metro de Lisboa (ML) no século XXI está agora a dar os primeiros passos. Além de se manterem as possibilidades de criar novas estações na Estrela, Campolide, Amoreiras, Campo de Ourique ou Alcântara, está em estudo a ligação entre a Amadora e Odivelas através de “trólei bus” (autocarro sobre rodas alimentado por electricidade) e a expansão para Norte e para a periferia da cidade, preferencialmente, mas não exclusivamente, através de linhas de metropolitanos ligeiros (equivalentes aos do Metro do Porto ou do Sul do Tejo, na margem Sul).“É preciso ter a noção de que os metropolitanos são mais adequados para os transportes urbanos e não para os suburbanos. O Metro de Lisboa vai aos concelhos limítrofes, e deve ir, mas em termos de expansão a questão é diferente. Os comboios é que existem para os transportes suburbanos, mais os transportes colectivos rodoviários”, defende Ana Paula Vitorino, secretária de Estado dos Transportes, em declarações ao Diário Económico.
(...)
Existe um elemento novo, que é associar esse projecto ao investimento na variante [duplicação] da linha ferroviária do Oeste”
(...)
Outro projecto de expansão da rede do ML em associação com a CP vai verificar-se na linha azul, entre a Amadora e Odivelas. “Com a Câmara da Amadora, está um projecto em cima da mesa, designado ‘mega-trólei bus’, que irá fazer a ligação entre o futuro centro comercial Dolce Vita Tejo e estação dupla do ML e da CP na Reboleira (ver caixa ao lado). Está em estudo uma segunda fase deste projecto, que pretende fazer a ligação, também em ‘mega-trólei bus’, entre a estação da Reboleira e a linha amarela do metro, em Odivelas.
“Planear os transportes não é colorir desenhos”
Ana Paula Vitorino promete para breve as linhas-mestras da nova fase de expansão do Metro.(...)
A complexidade das análises custo-benefício, a identificação das assimetrias de serviço de transportes na área metropolitana de Lisboa, os estudos de tráfego, de mobilidade e de tendência de emprego são as variáveis que têm vindo a ser trabalhadas. Depois de apurados os indicadores de cobertura espacial e populacional e o tempo médio de acesso, por freguesia, a uma estação do Metro, da CP ou da Fertagus, procedeu-se à marcação de zonamento de hierarquias de serviço.
(...)
A governante acrescenta que há ainda muita decisão em equação. “Por exemplo, em Alcântara, já foi decidido o desnivelamento. Justifica-se ter ali um metropolitano, mas falta ainda ter indicadores objectivos para saber se vai ser um metro pesado ou ligeiro de superfície”, reconhece Ana Paula Vitorino.
(...)
Campo Grande a triplicar
Joaquim Reis, presidente do ML, disse ao DE que a empresa está “a proceder ao levantamento topográfico e de procura de passageiros e esperamos ter tudo concluído e apresentado durante o primeiro trimestre de 2009”.
Sobre o cruzamento da linha Amarela com as linhas Vermelha e Verde no Campo Grande, Joaquim Reis destaca que se “pretende fazer ali um interface das três linhas”.
“Se se concretizar esse projecto, a estação do Campo Grande seria a primeira do género em Portugal”, adianta Joaquim Reis, referindo, contudo, que existem algumas dificuldades técnicas para efectuar esse interface.
Metro ligeiro exige empresa?
“Não ponho fora de questão que o Metro de Lisboa tenha de evoluir de um metro pesado para um metro ligeiro. Mas, é preciso ter em linha de conta que a gestão de um metro pesado é muito diferente da de um metro ligeiro”, avisa Joaquim Reis. O presidente do Metro de Lisboa duvida mesmo que essa especificidade do modelo de negócio não exija a criação de uma sociedade própria para o efeito. “Em termos de disponibilidade de oferta, é melhor haver uma gestão única, concentrada numa empresa só. Mas, em termos de repartição de custos e de gerar sinergias não é tão linear que uma empresa de gestão única e centralizada traga vantagens. Daí, talvez seja interessante avaliar se é necessário criar uma empresa específica para gerir o sistema de metro ligeiro que vier a ser criado em Lisboa”, defende Joaquim Reis.
"Vamos a ver se é neste PER que o Metro finalmente chega à zona ocidental de Lisboa.
Mais uma empresa para o metro ligeiro? Mais confusão tarifária (que na AML já é pouca)? Mais passivos astronómicos? Mais tachos?"
Concelhia do BE assume ruptura com Sá Fernandes
«O Bloco de Esquerda (BE) de Lisboa consumou hoje a ruptura com o seu vereador na Câmara de Lisboa, «terminando o entendimento» com José Sá Fernandes, acusando-o de incumprimento de compromissos eleitorais, mas ele promete «continuar a trabalhar (...)»
Nada que não fosse esperado, e que até peca por tardio. Há muito que o Zé passou a fazer parte de uma Lisboa deprimente, aliás desde que se desdisse em relação ao Parque da Bela Vista. Para muitos, trata-se da confirmação de oportunismo e de quem sempre assim procedeu. Para mim, trata-se de uma imensa desilusão. Para outros, será o seu «bispo».
25/11/2008
Palácio Condes da Ribeira Grande vai acolher hotel de cinco estrelas
De acordo com o Plano de Pormenor do Projecto Urbano para o Centro de Congressos - que deverá ser objecto de discussão pública -, o palácio acolherá ainda uma área de exposições, o viaduto pedonal provisório existente naquela zona será substituído e a rede viária alterada. O projecto, segundo a agência noticiosa Lusa, abrange uma área superior a 96 mil metros quadrados entre o edifício da Cordoaria Nacional e o da antiga Standard Eléctrica, que passará a ser classificada como área histórica habitacional.
Após a ampliação do centro de congressos foi criada uma nova praça, a sul, que permitiu o acesso de autocarros através da Avenida da Índia e a criação de estacionamento subterrâneo, com ligação directa àquele centro. Nesta zona está prevista igualmente a construção de um novo edifício, para extensão do hotel, que servirá de "charneira" entre o palácio e a unidade de equipamento.
No palácio ficarão instalados a recepção, os principais quartos, as áreas de estar e de exposição. No segundo edifício serão instaladas as zonas de restaurante e cafetaria, bem como mais quartos. Na unidade de equipamento ficará a extensão das áreas de exposição do palácio, sendo a interligação entre as duas zonas, feitas através do jardim a criar no logradouro.
TMN vai ter de reduzir publicidade natalícia com que ocupou Terreiro do Paço
saram ontem. A operadora de tele-
comunicações é uma das patrocina-
doras das iluminações de Natal da cidade, e foi nessa qualidade que encheu o Marquês de Pombal e a Praça do Comércio de totens encimados por megabalões com o símbolo da marca em grandes letras.
Algo que contraria as promessas do presidente da autarquia, que disse que a publicidade dos patrocinadores seria pouco ostensiva. Interrogado ontem sobre o assunto, remeteu a resposta para o seu vice-presidente, que admitiu que, apesar de estar "dentro das regras do concurso" lançado pela autarquia para o efeito, a ocupação da Praça do Comércio se mostra "visivelmente excessiva". O autarca não explicou no entanto se a redução da publicidade será feita por via da diminuição do número de estruturas ou da redução da dimensão de cada uma delas. Nem quais as consequências que a alteração poderá ter no patrocínio da TMN.
In Publico
Câmara de Lisboa investe em 2009
Reabilitação urbana, espaço público e escolas são prioridades
Reabilitação urbana (20,2 milhões de euros), espaço público/espaços verdes (21 milhões de euros) e o parque escolar (cinco milhões de euros) são as três grandes áreas prioritárias de investimento no Plano de Actividades da Câmara Municipal de Lisboa para 2009.
António Costa destacou, ontem, na apresentação pública dos dois documentos estruturais para o governo da cidade (plano e orçamento), a consolidação das contas e o rigor na gestão durante o ano de 2008 como factores preponderantes para permitir fazer o que até agora não tinha sido possível - "relançar o investimento".
Os 643 milhões de euros do orçamento da Câmara Municipal de Lisboa para 2009 foram conseguidos com o esforço da "redução da despesa em cerca de 30%, ou seja, menos 253 milhões de euros do que em 2007". A contenção deu os seus frutos, segundo Costa, já que o aumento das verbas previstas para o Plano de Actividades foi de 46%. Para o financiamento do orçamento de 2009 concorre a receita estrutural prevista de 523,8 milhões (mais 30,6 milhões), a receita extraordinária de 91,7 milhões (mais 46,4 milhões) e um financiamento exterior de 27,7 milhões de euros (mais 11,4 milhões).
Quanto à evolução da despesa, a equipa de Costa conta aumentar dois por cento com o pessoal, um por cento com o funcionamento e com o serviço da dívida um aumento de 27,5 %, fruto, segundo o autarca, da consolidação da dívida a curto prazo e sobretudo do "chumbo do Tribunal de Contas ao empréstimo a que teríamos acesso a condições excepcionais" e que estava previsto no plano de saneamento das contas.
A folga que se obteve, resultante do apertar do cinto, permitiu a estreia do orçamento participativo. "Os munícipes através de votação escolheram quais a áreas prioritárias para aplicar cinco milhões de euros", contou Costa. As pistas cicláveis e o corredor verde do Parque Eduardo VII foram dois dos cinco projectos escolhidos. Das prioridades do Plano de Actividades, a da reabilitação urbana destaca-se com a intervenção nos bairros das Amendoeiras, Lóios, Armador e Condado, em Marvila; a aposta nos espaço públicos/verdes passa pela experiência da contratação da limpeza no exterior, na construção do elevador para o Castelo de S. Jorge e na remodelação de 17 miradouros.
Para a escola, a câmara prevê a construção de 11 novas escolas e jardins-de-infância e obras de recuperação em dezenas de estabelecimentos de ensino
Miradouros e jardins vão ser recuperados
Esta semana arrancam obras de requalificação de sete jardins e miradouros em Lisboa. As intervenções custarão mais de um milhão e meio de euros e serão integralmente pagas com o dinheiro das contrapartidas do Casino de Lisboa à Câmara.
Até ao início do Verão do próximo ano, sete miradouros e jardins históricos da cidade de Lisboa sofrerão profundas remodelações. Segundo um documento a que o JN teve acesso, a autarquia conta gastar cerca de um milhão e 665 mil euros distribuídos da seguinte maneira: Jardim do Torel (408 mil euros), Santa Luzia (379 mil euros), Graça (104 mil euros), Senhora do Monte (48 mil euros), Monte Agudo (271 mil euros), Penha de França (137 mil euros) e Jardim Boto Machado (317 mil euros).
As respectivas verbas contempladas para as acções de requalificação são na totalidade pagas com dinheiro das contrapartidas para a Câmara de Lisboa pelo funcionamento do casino da capital.
Um dos espaços verdes que sofrerá maior intervenção será o jardim e miradouro Boto Machado, junto à Feira da Ladra, no Campo de Santa Clara, freguesia de São Vicente de Fora, a escassos metros do Panteão Nacional. As obras terão início já nos próximos dias e, segundo comunicado do gabinete do vereador do Ambiente e Espaços Verdes, José Fernandes, "contemplam uma profunda renovação dos espaços verdes e espécies arbóreas" com vista a "permitir uma maior amplitude de vistas e utilização do jardim". O jardim será dinamizado através da introdução de um quiosque e de uma esplanada bem como várias remodelações da zona do parque infantil e mesas de jogo. Para a zona do miradouro está prevista a realização de eventos culturais e de animação e a CML promete "dotar o jardim com as infra-estruturas necessárias para a colocação de luz e som". Por último, refira-se que será instalado um telescópio panorâmico.
Entretanto, o gabinete de Sá Fernandes anunciou, também, a recuperação da entrada Norte no Parque Florestal de Monsanto. Trata-se de uma obra "fundamental para a concretização do corredor verde que ligará ao Parque Eduardo VII". Em simultâneo, iniciar-se-ão as obras da pista ciclável e pedonal que ligará o Parque de Monsanto à Avenida Calouste Gulbenkian, assim como as pistas de São Domingos de Benfica e de Entrecampos até Alvalade.
In JN
Enquanto uns empatam, outros agem!
«É no ano de 1846 que a companhia de fiação e tecidos lisbonense, um dos mais importantes complexos fabris de lisboa, se instala em alcântara. Esta área industrial de 23.000m2 foi nos anos subsequentes, ocupada pela Companhia Industrial de Portugal e Colónias, tipografia Anuário Comercial de Portugal e Gráfica Mirandela.
Uma fracção de cidade que durante anos permaneceu escondida é agora devolvida à cidade na forma da LXFACTORY. Uma ilha criativa ocupada temporariamente por empresas e profissionais da indústria, tem também sido cenário de um diverso leque de acontecimentos nas áreas da moda, publicidade, comunicação, multimédia, arte, arquitectura, música, etc. gerando uma dinâmica que tem atraído inúmeros visitantes a re-descobrir esta zona de Alcântara.
Em LXF, a cada passo vive-se o ambiente industrial. Uma fábrica de experiências onde se torna possível intervir, pensar, produzir, apresentar ideias e produtos num lugar que é de todos, para todos.»
Lx Factory
24/11/2008
Vem aí o Plano de Pormenor do Centro de Congressos da AIP
Já sei que a modalidade simplificada significa, na prática, furar o PDM a pedido do freguês, mas que faz o Palacete dos Cdes. da Ribeira Grande, na Rua da Junqueira, nesse Plano de Pormenor em Regime Simplificado? A coisa até é boa, porque permite resgatar do abandono esse importante palacete, outrora Liceu Raínha D. Amélia, para um uso nobre, embora falte saber o que vai ser o novo corpo moderno, nas traseiras, quantos andares e em que termos; mas, realmente, o que não se entende mesmo é qual a razão dele ali estar. É propriedade da CML? Não. Do Estado? Também não. É privado, e de quem? Da AIP? Quem é que quer abrir o hotel ali? Porque não chega à CML pelas vias normais, isto é, por via da apresentação de um projecto de alterações para abertura de hotel?
Mais duas perguntas, quase marginais: o novo hotel, no terreno devoluto junto à Cordoaria, quantos andares tem? Quem assina o projecto? Qual o boneco? E o estacionamento subterrâneo na praça da FIL vai manter-se pago ... à AIP?
Better World
Comentários:
A meu ver, o actual PUALZE pouco ou nada difere das versões anteriores, ou seja, continua a partir de premissas erradas e a abusar de um cinismo inaceitável. Ou seja, ainda:
1. As tais de medidas preventivas do PUALZE nunca vigoraram nem vigoram, e quando vigorarem nada haverá já para prevenir (ex. Rosa Araújo, Duque de Loulé).
2. A CML continua a assentar todo o seu raciocínio urbanístico em premissas erradas, senão criminosas do ponto de vista estético: alinhamento de cérceas, prédios 'travestidos', harmonização volumétrica, etc.
3.A U.E. proíbe habitação em zonas tão poluídas como a Avenida e, portanto, a CML abdica de criar condições para a volta da habitação e tudo faz para que os serviços continuem e cresçam, mesmo.
4.A CML continua a ter um entendimento completamente errado em relação ao automóvel e não hesita em, com base em estudos caricatos (porque usando de metologias que apontam na necessidade de cobrir um défice de oferta de estacionamento a residentes na ordem dos 45.000 lugares (devem ter perguntado, porta a porta: 'quantas pessoas moram aqui? 4? então, 4 carros, 4 lugares de estacionamento), promover 5 parques de estacionamento subterrâneos no eixo do PUALZE [(2x 260 lugares subterrâneos defronte ao Cinema Tivoli e ao BBV/Armani/Barata Salgueiro +150 lugares Tv. Stª Marta + 150 no Lg. Oliveirinha (este caso é de uma clara parvoíce, pq aquela zona devia ser simplesmente fechada ao trânsito e estacionamento!!!) + 600 lugares sob o Mercado do Rato (pergunta-se: quem dos 600 carros vai trabalhar para a zona da Avenida? É um argumento completamente inverosímil) mediante protocolo com a Auto-Industrial (dá vontade de dizer à CML que, então, pegue nesse protocolo e use-o para compensar o Sr. Diogo Vaz Guedes do mono do Rato...]. Será tudo muito bonito em termos de construção civil, mas que se avizinha um aumento exponencial de entrada de carros no eixo da Avenida, lá isso ninguém duvide.
5. A Circular das Colinas deixa de estar explícita e passa a subliminar, e há que ser lida em 'diagonal', de nascente a poente... Em vez de pugnar por uma melhor utilização das vias já existentes e subjacentes a esse conceito de diagonal, corrigindo o Gestrude, por exemplo, e impedindo a circulação de autocarros poluentes desde o Marquês, nada.
6. A CML é de um cinismo insuportável ao falar da Rosa Araújo como sendo uma artéria cujo edificado é de grande valia para a cidade e que importa preservar. Talvez seja por isso que a CML autoriza e promove 7-9 empreendimentos/projectos como o que estão em curso nessa mesma artéria, que se caracterizam pela demolição de interiores de prédios centenários, ampliações e alterações profundas várias, esventramento de valiosos logradouros, etc., que decorrem de décadas de abandono e especulação imobiliárias, de promotores bem conhecidos e que com a actual prática da CML saltam da gaveta num ápice: nova sede do BES; vivenda de Ventura Terra/Fund. Medeiros e Almeida; 'Hotel dos Trindade', edifício gaveto Rosa Araújo/R.Mousinho da Silveira; edifício gaveto Rosa Araújo/R.Castilho e edifício de Biggaglia, mais ao cimo, junto à Rodrigo da Fonseca. Eu diria, mesmo, que este PREC ('Reabilitação') é do mais fino recorte alguma vez executado.
7. Mais cinismo quando se refere que há 'anarquia no estacionamento à superfície'. Se há anarquia (pelo que conheço da zona e conheço bem, não creio que seja assim, e além do mais já há estacionamento subterrâneo a mais na zona da Avenida), isso deve-se à CML e à Polícia. Por outro lado, a CML não aprende com o exemplo do parque de estacionamento dado ao Sporting na Mousinho da Silveira, ao tempo de João Soares. Além de ser uma operação altamente nebulosa, não serviu para nada (pois está sempre às moscas) mas apenas para esventrar e descaracterizar uma rua que era bonita e que tinha em toda a sua extensão magníficas olaias. Neste momento é um deserto confrangedor. E também nessa altura, a CML dizia mundos e fundos… e tudo está pior.
8. Finalmente, pela parte do património e da cultura (que acho ser um todo e não uma coisa marginal para acariciar em ano de eleições…), acho inconcebível que este PUALZE não tenha nenhuma referência, nem preocupação nem nada quanto ao estado deplorável que é ver uma Avenida da Liberdade com apenas o Tivoli e o São Jorge a funcionar, quando estão, com uma única esplanada aberta a essa hora, com lojas fechadas; em que coisas como a Cinemateca, o Palácio Foz e as Portas de Santo Antão funcionam como se esta zona fosse compartimentada. A Avenida tem que ter restaurantes com esplanada nos passeios laterais que se pretende agora pedestres. Mas a Avenida tem que ser ‘atacada’ juntamente com os Restauradores e com as Portas de Santo Antão. Ex. é ridículo o PUALZE mencionar o Pátio do Tronco, como sendo de reabilitação urgente, etc. e ignorar o Odéon, cuja fachada, aliás, é contígua ao Pátio do Tronco. Que outra cidade que não Lisboa se permitiria ter o Odéon no estado em que ele está e ignorá-lo num PUALZE?
Mudar a Avenida da Liberdade custa 57 milhões de euros
«Lisboa. Plano para a artéria central da cidade vai ter 22 dias de discussão pública
A câmara de Lisboa discute quarta-feira a abertura de um período de discussão pública para o Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade, que prevê acabar com o estacionamento à superfície naquela avenida e construir dois parques subterrâneos.
Na proposta, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, propõe um período de 22 dias para discussão pública. A estimativa orçamental das acções previstas no Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade e Zona Envolvente (PUALZE) ronda os 57 milhões de euros, quase metade (40,9 %) para criação de estacionamento.(...)»
Bairro Azul
Ao Grande Chefe dos “Serviços Competentes”
O processo de classificação do Bairro Azul iniciou-se em Julho de 2002 com a entrega à CML e ao IGESPAR (então IPPAR) do dossier de pedido de classificação por parte da Comissão de Moradores. Dele constava, entre muitos outros elementos recolhidos ao longo de vários meses, o Despacho n.º 76/81 da Secretaria de Estado da Cultura de então, publicado em 15 de Setembro de 1981, onde se pode ler:
“A acelerada destruição do património arquitectónico português a que se tem vindo a assistir nos últimos anos, quer pela demolição de obras significativas, quer pela degradação e abandono, impõe uma intervenção urgente e ampla, no sentido de salvaguardar e preservar adequadamente essas obras. (…). (…) Importa defender (…) a permanência e o equilíbrio de determinados conjuntos urbanos (…). Entre os “conjuntos urbanos” que, já em 1981, importava classificar e defender encontrava-se o Bairro Azul.
O dossier de pedido de classificação do Bairro, entregue em 2002, continha também textos escritos para o efeito por diversos especialistas, designadamente pelo Professor José Augusto França e pela Professora Doutora Raquel Henriques da Silva, que confirmavam o valor patrimonial do Bairro - “(…) o Bairro reúne todas as condições para ser classificado”(1) - e a necessidade de “(…) protecção municipal para que a sua imagem não seja alterada (…)”(2) .
Vinte e sete anos passados desde a publicação do Despacho n.º 76/81 da Secretaria de Estado da Cultura e mais de sete anos passados desde a entrega do dossier de pedido de classificação por parte da Comissão de Moradores, a (in)acção dos “Serviços Competentes” da CML resultou na quase total destruição das Lojas de Comércio Tradicional do Bairro (padaria, barbearia, drogarias, mercearias, etc.), “modernizadas” sem qualquer preocupação de preservação do seu património – parte importante da identidade do Bairro - bem como na adulteração de diversos edifícios, com a substituição das caixilharias originais, das escadas de serviço em ferro, dos elevadores, a construção de abarracados nos logradouros, etc.
A 23 de Abril de 2008 foi aprovada a proposta do movimento Cidadãos por Lisboa para acelerar o processo de classificação do Bairro Azul, que tem, desde 2005, o estatuto de Conjunto em Vias de Classificação, como Conjunto de Interesse Municipal e para a elaboração de um Manual de Procedimentos (http://www.cidadaosporlisboa.org/?no=50400000960,052).
Sete meses passados após a aprovação desta proposta pela própria CML, esperar-se-ia que os “Serviços Competentes” dessem seguimento a este assunto. No entanto, aparentemente nada mudou.
Os moradores interrogam-se: para que servem despachos publicados por ministros e secretários de estado em Diários da República; para que serve a participação cívica; para que servem os pareceres de especialistas; para que servem as propostas aprovadas pela própria Câmara se tudo emperra, aparentemente, nos “Serviços Competentes”!
Os cidadãos não se conformam com a destruição deste e de outros Bairros de Lisboa cujo património vêem ser, diariamente e por toda a cidade, roubado, barbaramente vandalizado ou reduzido a mero entulho de contentores!
E enviam um apelo ao Grande Chefe dos “Serviços Competentes” para que estes sejam, de facto, Competentes e façam, de uma vez por todas, aquilo que lhes compete!
Ana Maria Alves de Sousa
Bairro Azul - Lisboa
(1) texto “Bairro Azul – do urbanismo, da arquitectura, da vivência”, Raquel Henriques da Silva, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL
(2) texto de José-Augusto França, catedrático jubilado U.N.L., Lisboa, Maio 2002
Gabinete com um só funcionário para poupar dinheiro ao Estado
«Sociedade Frente Tejo apenas se ocupa da gestão do projecto de reabilitação das frentes ribeirinhas, serviço que é fornecido pela Parque Expo
Com grande parte dos serviços fornecidos pela Parque Expo, ao pé da qual não está sequer instalado, o presidente da Sociedade Frente Tejo diz não estar ainda definido ao certo quanto vai ganhar - apesar de ter sido nomeado há dois meses.
Por que razão está a trabalhar tão longe do rio?
Não foram encontradas instalações disponíveis próximas do rio. Pode ser que ainda venham a aparecer.
Não considera isso desprestigiante?
Não. O que é preciso é que o trabalho seja feito.
Com quantos funcionários conta a sociedade?
Temos um e estamos à espera de mais dois ou três.
Não é pouco?
Não sei, a ver vamos. Se conseguirmos funcionar assim, é bom para todos, poupa-se dinheiro ao Estado. Grande parte dos nossos serviços é fornecida pela Parque Expo, que nos dá suporte técnico. Somos uma entidade gestora de projecto coadjuvada pela Parque Expo.
Quanto vai ter a sociedade de pagar à Parque Expo?
Estamos a discutir o contrato.
José Miguel Júdice ia exercer esta função a título gracioso, o que não é o seu caso. Quanto ganha mensalmente?
Não está ainda completamente definido. Vou receber pouco mais do que um director-geral, com as regalias inerentes - de que abdico, porque não quero carro nem motorista.
O Presidente da República manifestou há meses alguns receios sobre a especulação nas frentes ribeirinhas das cidades, por via da construção. Considera esse risco real?
Na zona de intervenção da Sociedade Frente Tejo não, porque não há propriedade privada. No restante território pode sempre acontecer. Mas é errado o dogma de que não se deve fazer nada nas frentes ribeirinhas. Tal como o de que se deve banir a construção em altura.
E a rota dos jardins históricos em Belém?
Vão ser recuperados os jardins, o Jardim Tropical e também o Jardim da Presidência da República.
Esse não é público.
Não é, mas fica na continuidade do Tropical.
Os quartéis irão sair da Calçada da Ajuda?
Isso não estava previsto. O que estava eram obras no Palácio da Ajuda, projecto que não caiu. Não estão é definidas as fontes de financiamento para esta intervenção. Mas, como ainda falta algum tempo, pode ser que se consiga.
Acabou de me dizer que os projectos irão todos por diante...
Também não posso dizer que não vão.
Há mais intervenções em risco de não irem por diante?
Não. »
Seria bom que explicasse às pessoas o que têm coches a ver com República. Ou qual o fundamento para se querer construir um novo museu para o museu que tem vais visitantes e cuja colecção tem a ver com o edifício. Por fim, gostava de ter dados sobre quantos dos que diziam mal da lei à medida do casino se refugiam nela como panaceia para tudo quanto seja investimento cultural de fundo em Lisboa. O orçamento do MC serve para quê? E o da CML?
Terreiro do Paço poderá estar com tapumes no centenário da República
Ana Henriques
«Ficam por explicar as razões do atraso da reabilitação das frentes ribeirinhas da Baixa. Nem o novo Museu dos Coches deve abrir aos visitantes no prazo previsto
É longe do rio, num escritório por cima da livraria Buchholz, ao Marquês de Pombal, que se planeiam as intervenções de reabilitação da frente ribeirinha de Lisboa, da Sociedade Frente Tejo. Tudo se encaminha para que a montanha vá parir um rato daqui a dois anos, no mês de Outubro, quando se comemorar o centenário da implantação da República: depois de todas as promessas do Governo, o homem que sucedeu a José Miguel Júdice à frente desta entidade, o arquitecto Bienchard Cruz, vai ter de contentar-se com menos dinheiro do que o previsto e já percebeu que os atrasos vão fazer com que quase nada do que foi anunciado fique pronto a tempo e horas. Algumas das obras inicialmente previstas não verão nunca a luz do dia.
Já disse que este projecto não vai cumprir os prazos inicialmente anunciados...
Vamos fazer os possíveis por cumpri-los. Mas, por razões várias, atrasou-se.
Que razões?
Mudança de presidência, etc.
Mas José Miguel Júdice foi-se embora precisamente por o Governo não cumprir prazos nas suas decisões que lhe permitiriam ter tudo pronto a tempo das comemorações do centenário da República, em Outubro de 2010, como previsto.
Isso tem de ser perguntado a ele. Não me pergunte a mim, que fui nomeado há pouco tempo.
Já cá estava como vogal antes de ser presidente. Que razões foram essas?
Foram múltiplas, e nem conheço todas.
Quais são as que conhece?
É difícil, não sei exactamente quais foram. Não é fácil lançar uma obra desta dimensão.
Mas a dimensão não diminuiu já? Que percentagem do que foi anunciado vai afinal ser concretizada?
Para já, tudo: de Santa Apolónia ao Cais do Sodré e na zona Ajuda-Belém. Não caiu projecto nenhum.
Incluindo o enterramento da via rodoviária diante do Mosteiro dos Jerónimos?
Tinha-se pensado nisso, mas como a certa altura soubemos que se estava a pensar em fazer
o enterramento do caminho-de-ferro em vala, essa ideia foi abandonada.
Mantém-se a transformação da zona da Ribeira das Naus?
Sim, para fazer um jardim. O trânsito continuará a passar entre a Ribeira das Naus e o rio, eventualmente de forma diferente da de hoje, mas essa é uma decisão que depende da câmara.
Como é o seu sonho para o Terreiro do Paço?
É tê-lo cheio de pessoas, de vida, para além das horas normais de expediente. Transformá-lo num sítio onde as pessoas se sintam bem. Estamos neste momento a
lançar um estudo de urbanismo comercial para saber que tipo
de lojas lá devemos ter. Os passeios junto às arcadas vão ser alargados.
Continuará a haver ali trânsito?
Nenhuma das hipóteses de alteração tira de lá totalmente o tráfego, mas a palavra final pertencerá à câmara. Uma delas consiste em pôr os transportes públicos todos de um lado e os privados todos do outro.
E quanto à placa central?
Não há ainda um projecto feito, mas as obras poderão dar-lhe características diferentes das que tem neste momento. Questões polémicas: vamos pôr árvores ou não? Já lá existiram, por exemplo, laranjeiras. E vamos dourar a estátua, para ela voltar ao que era no início? E se puséssemos quatro jactos de água nos cantos da praça? Podemos discutir algumas ideias, ainda que absurdas, para chegarmos a uma conclusão interessante.
Tenciona lançar um concurso de ideias, é isso?
Não, o arquitecto Bruno Soares é que está encarregue desse estudo. Seria interessante ser a imprensa a lançar esse concurso de ideias. A Sociedade Frente Tejo tem prazos, tem que se pôr a mexer. Não pode fazer tudo.
E o hotel no Terreiro do Paço?
Continua previsto para o Ministério da Administração Interna.
Também para Outubro de 2010?
Vai depender do privado que ganhar a concessão de construção e exploração. Antes disso, tem de ser feito um projecto que mereça a aprovação do Instituto do Património Arquitectónico.
As obras da Sociedade Frente Tejo não têm uma "via verde", como aconteceu com as do Parque das Nações?
Não será tanto como foi na Expo, que teve poderes muito maiores do que nós. Nem serão necessários, desde que haja vontade política. E ela existe.
Se conseguir dar vida ao Terreiro do Paço sinto-me realizado. Pode ser o início da revitalização da Baixa.
Vai conseguir?
No dia em que desistir, vou-me embora. Por enquanto, acho que vou conseguir.
Quais serão, afinal, as fontes de financiamento do projecto?
As concessões das unidades hoteleiras - está previsto também um hotel para o tribunal da Boa-Hora - e do comércio das arcadas do Terreiro do Paço.
São menos verbas do que o incialmente previsto.
É. Vamos ver como vamos resolver o problema. O Governo está consciente dele e iremos apresentar-lhe um ponto da situação caso a caso.
Vai reivindicar mais verbas?
Vou dizer ao Governo o que é possível fazer e aquilo que não é.
Que parte dos 145 milhões previstos para obras está inscrita no Orçamento de Estado de 2009?
Se quer que lhe diga, não verifiquei. A sociedade já recebeu o que estava previsto no que diz respeito ao Fundo Remanescente do Chiado e ao seu capital social.
O novo Terreiro do Paço irá ter equipamentos culturais? Falou-se em tempos de um museu do terramoto.
Há espaços, nomeadamente o pátio da galé, que podem ter essa vocação.
Se sentir que há demasiados obstáculos à sua missão demitir-se-á, tal como fez o seu antecessor José Miguel Júdice?
(risos) Tentarei ultrapassá-los. Se não for possível... di-lo-ei ao Governo. Mas se houver uma pressão contínua da opinião pública isto acaba por se fazer.
O projecto de reabilitação da frente ribeirinha também incluía um elevador para o Chiado...
Fazia todo o sentido. Mas pode não estar contabilizado.
Tenciona pagar compensações aos empreiteiros para anteciparem prazos?
Depende das instruções do Governo. Eu não vou propor nada disso.»
Em jeito de comentário global, diria que estas são as respostas previsíveis de alguém que passou incólume no mesmo cargo por 'n' governos de cores diferentes. Mais palavras para quê?
23/11/2008
Passo em frente e passos atrás na "Avenida" da Liberdade
O plano prevê contudo estacionamento subterrâneo, o que à partida não me choca apesar de já haver ali bastante oferta. Acabará efectivamente com o estacionamento gratuito (os parquímetros são uma farsa, como sabemos), e permitirá uma discriminação positiva para os residentes. O que me choca é saber que o número de novos lugares de estacionamento seja muito maior do que o número de lugares a suprimir. Ah, e cuidado com a hidrografia no subsolo...
O que me mais me assusta é esta frase: "a autarquia pretende ainda criar atravessamentos pedonais sob a Avenida", o que significa que ela continuará a ser uma via-rápida de onde os peões devem ser afastados. Não é assim que se faz uma cidade humana e agradável.
Ainda não será desta que vou deixar de escrever "Avenida" da Liberdade com aspas.
Comentários
E que a Doca do Espanhol (como digo num dos posts que mereceu a honra dos comentários - os quais não publiquei) - foi parte dela.
Terminal de Contentores de Alcântara - mais umas notas
a) A ideia de que só ignorantes e pessoas que estão fora do assunto são contra a ampliação. Não é verdade: há muitos especialistas e pessoas com experiência que são contra;
b) O argumento do custo do transporte das mercadorias para Lisboa se o terminal de contetores for para Setúbal ou Sines. O custo do transporte ferroviário de um contentor de 40' de Setúbal para Lisboa significa um custo por quilo inferior a 4 milésimas de euro (não é erro ou lapso: são 0,00372 euros / quilo);
c) A afirmação de que não havia alternativa a prolongar a concessão à Mota Engil - a argumentação utilizada pelo jurista da APL no programa Prós e Contras implica que nenhuma concessão pode ser posta a concurso quendo chega ao fim.
Anda há muitos argumentos a avaliar, claro; gostaríamos, por exemplo, de saber:
a) Qual a percentagem de tráfego previsto que vai para Espanha ou para outras plataformas logísticas em Portugal;
b) Qual o custo previsto das dragagens de Sta. Apolónia, Seixal, Barreiro, para ficarmos pelo estuário do Tejo;
c) Adaptar o Terminal de Cruzeiros da Rocha do Conde de Óbidos e da Gare Marítima de Alcântara às necessidades actuais dos navios de cruzeiro será mais caro do que construir um terminal de raiz em Sta. Apolónia?
d) Quando é que esta ampliação vai ficar saturada (lembro que um terminal de 1 milhão de TEU é pequeno)?
e) Para onde vai o Terminal quando isso acontecer?
E, claro, as grandes razões de oposição mantém-se: não foram feitas análises comparativas, abrangentes de custos - benefícios para outras localizações do Estuário e outros portos, e não foi revogado o Decreto-Lei que concede, sem concurso, a prolongação da concessão à Liscont. Quanto mais não seja por razões de racionalidade económica e de transparência política devia ter havido um concurso público. Tanto mais que agora é do domínio público que as taxas em Alcântara são metade das de Sta. Apolónia.
Podemos, contudo, dar alguns argumentos a favor de outras valências para o Cais de Alcântara, Rocha do Conde Óbidos e Doca de Espanhol. Como sabe quem tem acompanhado as minhas opiniões eu defendo que aquela área deveria ser utilizada para a Náutica de Recreio, Terminal de Cruzeiros e lazer - se tal for, naturalmente, confirmado pelas tais análises que me parecem sine qua non antes de se tomar uma decisão definitiva.
Que o Terminal de Cruzeiros é rentável deduz-se do facto de a APL estar a construir um novo terminal para eles em Sta. Apolónia - não é preciso perder muito tempo. A grande desconhecida (pelo menos em Portugal) desta equação é a náutica de recreio, que as pessoas associam a "barquitos", ou a "marina de iates". Não é tal.
A náutica de recreio - e o turismo náutico, que, lembro, o Governo incluiu recentemente no Plano Estratégico Nacional para o Turismo - é uma indústria que gera receitas, cria empregos - e não só de "empregados de mesa", já lá vamos - é (comparativamente) amiga do ambiente; é uma actividade para a qual Portugal goza de um handicap positivo imediato no exterior; e não me parece que seja desprestigiante - não creio que a França se sinta diminuída por ser o primeiro construtor mundial de veleiros, ou o quarto de vedetas; ou a Nova Zelândia seja tão falha de auto-estima que desenvolveu todo um programa de construção de embarcações de recreio e de formação nessa área que hoje anda a exportar para todo o mundo.
Quanto à ideia de que Lisboa passaria a ser habitada por "funcionários públicos e empregados de café", que li aqui, é naturalmente contestável (se bem seja surpreendente ver Daniel Oliveira utilizar a expressão "funcionário público" num sentido que a mim parece pejorativo. Não sei se foi essa a intenção dele). Contudo, sem entrar em argumentos de fundo, talvez fosse útil perguntar às centenas de milhares de portugueses que são empregados de café em França, na Suíça, na Alemanha, no Reino Unido o que pensam. Por causa (ou apesar, para quem prefira) das nossas opções políticas, a nossa emigração voltou a crescer. Talvez seja altura de se mudar a forma de tomar decisões no nosso país.
E, enquanto andarmos por essas bandas, perguntar aos franceses do Sul de França se acham mal serem uma região turística. Podíamos mesmo propor-lhes um negócio - nós desenvolvíamos plataformas de contentores de norte a sul do país e eles acolhiam os nossos turistas. Tenho a certeza que aceitariam - constrangidos e contra-vontade, mas lá acabariam por aceitar.
PS - Um pequeno argumento demagógico: a fotografia do Arrastão foi bem escolhida: mostra, sem sombra de dúvida, um porto congestionadíssimo.
PS2 - Devo dizer, e agora sem ironia, que navego muitas vezes ao longo do cais de Alcântara e o vejo muito mais vezes assim (um, dois navios) do que cheio.
PS3 - Encontrei hoje este artigo; dispensa comentários, creio:
"...
A situação tornou-se hilariante quando a conversa foi parar ao polémico negócio feito pelo Estado com a Mota-Engil para o alargamento do terminal de contentores em Alcântara e o prolongamento por mais uns bons aninhos da concessão à Liscont, empresa do grupo Mota-Engil.
O ministro estava a explicar os contornos do negócio aos jornalistas presentes, as várias hipóteses que tinham estado em cima da mesa, defendeu a transparência da negociata, sempre em tom calmo e cordato, atento à polémica que o assunto tem dado, com petições e debates acalorados, quando teve o seguinte desabafo: "Essas contas foram feitas. Agora podemos é discutir se as contas estão bem feitas. Não fui eu que as fiz, foi a secretária de Estado." Silêncio na sala. Mário Lino jamais se emenda."
Plano para a Avenida da Liberdade prevê fim do estacionamento à superfície
in Público