05/02/2008

BELIEVE IT OR NOT - Lx estacionamento I



A propósito dos últimos posts do Mário Miguel e do Miguel Carvalho sobre o uso de pilaretes e da ausência de estacionamento à superfície nos arruamentos dos bairros históricos das cidades europeias desenvolvidas, vamos denunciar aqui exemplos representativos do completo caos que ainda reina em Lisboa. De facto, a crença no "direito inalienável de estacionar à porta" - defendida por muitos lisboetas e até por juntas de freguesias - conseguiu que o mal seja praticado como um bem.

Todos os dias vemos casos que desafiam não só a humanidade que devia existir entre cidadãos como parecem desafiar até as leis da física - basta observar este estacionamento believe it or not na Travessa do Torel, freguesia da Pena:

- O minúsculo passeio, por natureza mal dimensionado para um uso confortável por parte de peões é, mesmo assim, descaradamente invadido por estacionamento (à porta de uma escola! que tipo de pessoas são estas?).

- A poucos metros de distância existe o parque de estacionamento subterrâneo do Campo dos Mártires da Pátria (não é gratuito mas comprar carro não é para todas as bolsas).

- O passeio é tão estreito que seria um absurdo defender a instalação de pilaretes (nenhum peão poderia passar - mas mesmo com carros estacionados, ainda podem circular viaturas no arruamento o que mostra bem as prioridades do planeamento da autarquia de Lisboa).

Imaginem um cidadão invisual, com problemas de mobilidade ou não, neste passeio, enquanto peão.

A Travessa do Torel, assim como a vizinha Rua Júlio de Andrade (que dá acesso ao Jardim do Torel e que viu os seus passeios cortados para permitir mais estacionamento), não deveriam ter qualquer estacionamento à superfície porque já existe um grande parque de estacionamento subterrâneo.

Toda a zona formada pelo Jardim do Torel e Campo dos Mártires da Pátria, de que faz parte a Travessa do Torel e a Rua Júlio de Andrade, encontra-se classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1996. Mas até hoje pouco foi feito pelos executivos camarários para proteger os valores patrimoniais que levaram precisamente à sua classificação.

Por causa do egoísmo, soberba e ignorância de alguns, a segurança dos peões assim como valores patrimoniais com interesse público, numa palavra, o bem comum, é desvalorizado, comprometido, violado.

Se em Lisboa até num passeio que mal dá para servir convenientemente um peão solitário se pode estacionar sem qualquer remorso ou punição, que futuro para a nossa cidade?

19 comentários:

Anónimo disse...

lembra-me o tempo da pide, e mais tarde tambem durante os excessos do prec em que se fotografavam pessoas e anotavam matriculas daqueles que eram apontados como maus exemplos

voltamos a esses tempos?

Anónimo disse...

Ui! Esta foi forte. Um excelente motivo de reflexão.

Diria que, se necessário for, sim! E não tenho dúvidas.

A matrícula tem a função de identificar o automóvel, portanto, o único meio que permite à polícia chegar até ao seu "dono".

Ora, se o automóvel, que está em cima de um passeio (e se este serve um outro fim que não o estacionamento) não está multado, não vejo mal nenhum em ajudarmos as autoridades.

Não sei se o Fernando Jorge chamou a polícia, mas eu chamaria, como no passado já chamei, e, se preciso fosse, está claríssimo que retirava as matrículas para oferecer ao senhores agentes (não fossem estes chegar fora de tempo ao local).

Caça os que utilizam a sua liberdade, sem respeito pela dos outros, não será também mais uma face da semântica inserida na palavra cidadania?
“Caça” é forte?
Um animal acossado tem tendência para se manter escondidinho.
Era uma metáfora, entenda-se, não se tratam aqui de animais.
Os animais normalmente respeitam o espaço uns dos outros, dentro da lei natural das coisas.

Tempos houve em que se furavam pneus e se faziam riscos nas portas desses automóveis estacionados como estes aqui estão. Mas como se sujavam frequentemente as mãos e se partiam as chaves que serviam de ferramenta para a coisa, a malta inventou máquinas fotográficas.

Olha e por acaso, noutro países e em algumas outras cidades, os polícias andam sempre com uma.
(E depois ainda há outras ideias mais radicais http://www.naturalnews.com/021563.html)

E tenho a certeza que se alguns desses polícias passassem nesta rua, mesmo apressados para a janta, tiravam umas quantas fotos para os ajudarem mais tarde a preencher uns papeis.

Mas calma, antes de comprarmos máquinas fotográficas digitais para a polícia, temos de oferecer o uniforme e se calhar trocar as armas que são anteriores ao tempo… da Pide!

Ou será que o valor das multas não daria para umas das coisas? Ou ambas?

No fundo, o que eu verdadeiramente acho é que estamos a perder uma boa oportunidade para modernizar as nossas polícias e angariar umas boas quantias com este tipo de comportamentos..
Pode ser que ainda se vá a tempo de se multar um ou outro antes que o pessoal perceba e se esconda.
Bem-haja!

Anónimo disse...

ja cheira mal a picuinhice de andar sempre atras dos carros que n têm alternativa senão estacionar em cima dos passeios. mas vocês acham que o pessoal estaciona ali porque gosta? as pessoas precisam do carro para trabalhar, e pagar 4-5€ todas as noites simplesmente não dá ao fim do mês. parecem daqueles velhos sedentarios que so sabem olhar para o umbigo. ve-se mesmo que são ppl parado que passa a vida a espreitar para a vida de bairro. vão trabalhar mas é

Anónimo disse...

Só em tom de infromação, na referida zona da cidade o estacionamento para residentes fica a 25 € por mês, e o parque referido tem bastantes ugares vazios, por isso colocar o carro em cima do passeio é gozar com os outors é ser grosseiro e pouco civilizado e infelizmente Lisboa está cheia de gente assim...

Eu sou a Lisboa Antiga.

Anónimo disse...

eu moro numa zona de da cidade onde a impunidade e desplante são a lei neste assunto. (eixo morais soares, paiva couceiro e penha de frança em geral). costumo levantar os para brisas aos carros em cima das passadeiras só para mostrar ao proprietário que nem todos achamos bem o seu 'à vontade'... nunca telefonei para a policia porque os policias passam por ali sem acharem o facto muito estranho, tenho um bocado a sensação que vão engonhar mas por outro lado sei que só com as reclamações é que se começa a ganhar uma consciência social. Para que número se pode ligar? há algum número onde se possa pedir um reboque?

Anónimo disse...

Essa cidade deve ser um PESADELO para deficientes motores e visuais.
Bolas....estamos em 2007!

JA

Anónimo disse...

O ideal seria ligar para a esquadra mais próxima.
Afinal, são eles os responsáveis pela segurança da zona e dos seus cidadãos (e um passeio ocupado por veículos provoca um grave problema de segurança, uma vez que os peões - relembre-se que podem ser idosos, crianças, etc. - têm de ocupar a via de rodagem para circular).

Em alternativa, o telefone 213584600 é da divisão de trânsito.

Outros telefones aqui:

http://www.psp.pt/psp/onde_estamos/lisboa.html

daniel costa-lourenço disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
daniel costa-lourenço disse...

Quem defende o direito absoluto de estacionar á porta é porque deve morar numa casa apenas com um habitante.

Se a rua tiver vários prédios com vários andares, sempre quero ver como é que se defende esse valor absoluto.

E se for uma rua pequena de um só sentido?

E quando não houver espaço para passar uma ambulância ou bombeiros?

E quando nem se puder entrar em casa?

Se calhar os pilaretes já não são uma solução assim tão má....

É só uma questão de razoabilidade.

Gonçalo Cornelio da Silva disse...

Não há bela sem senão!
Se queremos a população de volta à cidade devem se criar condições para que tal aconteça.

É obvio que não se pode concordar com este tipo de situações, são consequências dos disparates realizados a montante.
A unica forma de resolução destes problemas passa por várias situações, como novos regulamentos, pdm's, etc:
1º- A nova lei das acessibilidades é um autentico desastre pois transforma todos os pequenos predios em apartamentos T0 e T1-desertificação
2º- Lei das rendas. Incentivar a deslocação das empresas. A mudança de uso em vez de só habitação ou Usos-mistos.
3º- Melhoria dos serviços de transportes publicos, interconexão das várais redes com pequenos e frequentes autocarros...
4º- Transformar predios em silos auto sem descaracterizar os edificios ou o conjunto onde se inserem.
5º- Zonas de vizinhança dotadas de todos os serviços, necessários a comunidade.
6º- Deslocação de concentração unidades de comercio (supermercados, centros comerciais) para fora de Lisboa

Estas situaçoes são uma consequência serão alteradas, bem sei que levam algum tempo devido às mentalidades de alguns.
Agora, está fora de questão sermos transformados em BUFOS! Ou desenvolvermos uma atitude mesquinha e invejosa!

Anónimo disse...

A liberdade de uns acaba quando começa a liberdade de outros. Neste caso a liberdade de estacionar em cima do passeio acaba com a liberdade dos restantes em utilizar os passeios construidos para este efeito, dos invisuais se moverem em segurança, das crianças se defenderem do trânsito automovel.
Existem regras de transito. E estas servem para que todos possam conviver em harmonia. É dever de todos os nós cumpri-las, e das forças de autoridade em fazê-las cumprir. Não vejo qual é o problema de qualquer de nós exercer o nosso direito de defesa quando as nossas liberdades são atacadas por quem se acha no direito de as privar.

Anónimo disse...

Esta teoria da libertação só é boa para os ricos, que têm dinheiro para comprar apartamentos de luxo com lugares de garagem ou em condomínios privados. Os pobres, que moram em casas mais modestas, não têm o direito de ter automóvel, porque quando os ricos querem passar no bairro dos pobres ficam muito chocados com o mau estacionamento.

Anónimo disse...

Sabias que os regulamentos obrigam a que estacionamentos dos especuladores imobiliarios tenham entrada para dois carros, ou que o novo regulamento das acessibilidades transforma os predios antigos em pequenos apartamentos que só servem familias de um só elemento (só considerado após census de 1991).
Enquanto as regras não forem alteradas esta cidade vai ter pilaretes em vez de arvores.

Anónimo disse...

Bufos?

Caro Gonçalo, é óbvio que a luta deve ser feita sobretudo ao nível das instituições e utilizando os actos como exemplos e as palavras como armas.
Mas essa mentalidade de achar que se existe polícia, deve ser ela a policiar, é a mesma que pensa que o estado deve fazer tudo por nós. Presumo, portanto, que o Gonçalo, quando vê alguém a roubar uma habitação, um carro, uma pessoa, anota num livro para depois discutir o problema na assembleia trimestral da junta. O mesmo aplica-se quando vê um cão e ser pontapeado por alguém, um marido a bater na mulher ou a mulher a esmurrar um filho, etc, etc, etc, certo?

Pensaria diferente se algum relativo seu fosse atropelado por ter sido obrigado a deslocar-se do passeio para a via de rodagem?
Só acontece aos outros. E por isso, não vale a pena reagir.

Anónimo disse...

Os direitos dos peões são invioláveis. Os direitos das crianças, idosos e deficientes, são ainda mais invioláveis. E esta malta que ocupa os passeios, tem que levar com o martelo na cabeça, custe o que custar, e com os métodos que forem necessários. Ou seja: Get the fuck out of my... ....passeio !!!!!!

JA

FJorge disse...

O primeiro comentário, anónimo diz: "lembra-me o tempo da pide, e mais tarde tambem durante os excessos do prec em que se fotografavam pessoas e anotavam matriculas daqueles que eram apontados como maus exemplos"

Um anónimo a escrever assim é que deve querer voltar aos tempos da PIDE. Denunciar atentados à DEMOCRACIA, como por exemplo privar os peões do direito a circularem em segurança, é concerteza não querer voltar aos tempos da DITADURA.

Anónimo disse...

O aumento da qualidade de vida em Lisboa passa pela redução do número de automóveis e pelo aumento da capacidade cerebral dos seus donos. Enquanto se insistir em ir de carro até nas deslocações mais curtas e se quiser continuar a crescer a pança de não andar a pé e estacionar á porta vamos continuar todos na m****. Mudem-se as mentalidades, façam uma vida de vizinhança e proximidade em favor da vossa qualidade de vida e bolso também, ou então quando o petróleo chegar aos 150 dolares o barril vendam a casa e vão morar para o carro para o poder sustentar!!!

Anónimo disse...

Por lapso, ou por falta de razão, o primeiro comentador não apresentou argumentos.

Mantorras Rei do Futebol disse...

o parque de estacionamento da referida zona custa um mínimo de 75€ por mês para moradores.
ao contrario do que dizem muitos hipócritas, ter carro não é "para ricos", porque ainda há quem precise dele para trabalhar.
se for um bmw o carro da empresa, vão protestar para a porta da empresa, mas não significa que todos tenham 75€ por mes para estacionar o carro no parque.
que tal se os vereadores se mexessem para não permitir este abuso de preço pela Emparque?