Em Setembro de 2002, uma das equipas envolvidas no projecto europeu SUIT (Sustainable Development of Urban Historical Areas through an active Integration within Towns) produziu um relatório sobre os riscos que pairam sobre as áreas urbanas historicamente consolidadas. Entre eles figurava, desde logo, a “perda de coesão e de qualidade”, por via de “operações especulativas, numa óptica de interesse imediato, [que] ameaçam a substância e a identidade das cidades europeias ao tentar tirar partido da sua carga histórica [para a explorar] como mero cenário”.
“O volume de imóveis legalmente protegidos”, lembrava a equipa de relatores, “corresponde a 1 a 2% de todo o património [urbano]”, número baixíssimo e desligado da realidade, tanto mais que “a nossa percepção do ambiente urbano é determinada pelo todo” e não apenas pelas peças de excepção.
Em matéria de intervenção, a forma como os poderes públicos respondiam deixava, também, bastante a desejar: “As reduzidas margens do [seu] orçamento são compensadas por parcerias público-privadas: o resultado é negativo para o património construído - a perspectiva de longo prazo (e responsabilidade) do serviço público desaparece progressivamente. Os procedimentos tradicionais de planeamento são abandonados a favor de mecanismos de curto prazo, ad hoc, com reduzido controlo público”.
A equipa não estudou especificamente a realidade portuguesa, mas, se o tivesse feito, ficaria certamente arrepiada com o que lhe seria dado ver: mais do que qualquer outro, este é um retrato de Lisboa, no meio da voragem.
O documento em apreço pode ser consultado directamente aqui. Ou aqui, a partir do site do projecto SUIT.
09/02/2008
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1 comentário:
Excelente estudo.
A reflectir.
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